Lembranças de outras vidas

Minhas vidas dizem muito sobre mim, mas não apontam o que ainda virá. Para frente, “é preciso ter fé e seguir o coração”, diria o próprio Jobs.

Talvez seja um efeito da idade, mas têm vindo, com frequência, na minha mente, imagens de outras vidas. Nem sempre elas são claras. Às vezes aparecem detalhes; às vezes, um pouco nubladas. Teria mesmo acontecido? Seria imaginação? Uma mistura de fatos e ficção?

Lembro uma vida em que eu era um garoto gago, inseguro. Não se falava em bullying na época, mas sempre existiu.

Em outra, já era um adolescente confiante que queria empreender e que montou uma empresa de camisas promocionais aos 18 anos.

Numa determinada vida, era propagandista-vendedor da indústria farmacêutica.

Na vida seguinte, combatia os remédios e fiquei décadas sem tomar nenhum.

Numa vida, era um jovem pai com duas filhas e um casamento em crise.

Na outra, era um jovem pai com duas filhas e feliz no casamento, com a mesma mulher da vida anterior.

Numa vida estava desempregado, mas confiante que ia conseguir o emprego que queria.

Numa outra, tinha um bom cargo, ganhava bem, mas faltava algo, queria mudar.

Houve uma vida em que estava bem endividado e andava de ônibus por longas distâncias diariamente.

Em compensação, houve uma vida que tinha dinheiro investido, carro zero e até uma cobertura com piscina.

Imagem: Reprodução/LinkedIn

Numa seguinte, o importante era a simplificação e a praticidade e os recursos pareciam ser na proporção certa, com conforto.

Em uma vida, fui viúvo.

Numa outra vida, estava me casando com uma mulher vestida de vermelho, que trazia muita alegria.

Em algumas vidas, fui um materialista concreto e, em outras, um espiritualista convicto.

Numa vida, era executivo e, na mesma vida, virava consultor, coach e mentor.

Se numa vida fui pai de duas meninas, numa outra fui avô de cinco garotos.

Em uma vida, fui estudante a vida inteira, enquanto fazia outras coisas.

Em várias vidas, tentei ser escritor, não porque tinha talento, mas porque meu anjo da guarda queria escrever.

Lembranças de muitas vidas que foram se alternando, sem que eu me desse conta. Vidas que vieram, que foram e que, às vezes, se sobrepunham. Eu estava em todas elas, mas eu não era o mesmo nelas. Ou será que era eu mesmo?

Mokiti Okada ensina que vivemos num ilimitado e misterioso, mas ordenado Universo, que evolui e reevolui em ciclos. Steve Jobs afirmou que só percebemos as conexões quando olhamos para trás e, Richard Branson, dono do conglomerado Virgin, tem como mantra o que ele chama de A-B-C-D (Always be connecting the dots, ou “sempre esteja ligando os pontos”).

Todos remetem à ideia de um sentido nos ciclos e vidas, que vai se revelando enquanto passamos por eles. Olhando para trás, até onde consigo enxergar, posso perceber importantes conexões. Minhas vidas dizem muito sobre mim, mas não apontam o que ainda virá. Para frente, “é preciso ter fé e seguir o coração”, diria o próprio Jobs.

A questão que se apresenta é: estou preparado para as novas vidas que virão? O certo é que serão diferentes e que estarei lá. Que nas próximas vidas, eu possa seguir com o ideal de construir felicidade, não apenas para mim, mas para todos.

E você? Lembra-se de outras vidas? Está preparado para as novas vidas que virão?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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