O Propósito Precisa Ser Criado e Cultivado

“Qual a sua causa? Qual o seu propósito? Não o de seu marido, mulher, pai, mãe, professor, pastor, padre ou chefe. Qual o seu?”

Uma amiga me disse há alguns dias: “sabe, com a quarentena tenho pensado mais sobre a minha vida e descobri que eu não tenho um propósito. Percebi que venho fazendo as coisas por obrigação, porque tenho que fazer. Tenho que trabalhar, tenho que cuidar dos filhos, tenho que ser uma boa esposa, tenho que ir à minha igreja, tenho que acompanhar o noticiário e tenho até que me divertir no horário que está programado. Com tanto ‘tem que’, será que tem espaço para um propósito? Será que precisa de tanto que?”, perguntou ela para si mesma.

(Foto:Divulgação)

Creio que esta minha amiga não é a única a se questionar sobre isto. Em tempos normais, vivemos acelerados, desde cedo até a noite, tentando equilibrar os diversos pratos dos papéis que exercemos, sem deixar nenhum cair. Não é uma tarefa fácil. Mesmo o equilibrista profissional do circo tem uma hora que para a brincadeira, interrompendo a demonstração. Não é o nosso caso, pois os dias, semanas, meses e anos vão se sucedendo, interrompidos por raros momentos de reflexão, como estes atuais, provocados por uma força maior, talvez o próprio Deus, que parece ter dito: “pare o mundo” e colocou a maior parte de nós em casa e de frente para nós mesmos.

E aí surgem as questões da minha amiga. Será que precisa de “tanto que” e “será que tem espaço para um propósito?”. Eu teria para as duas perguntas a mesma resposta: depende de nós mesmos.

Até que ponto é mais cômodo seguir o jogo, o ritmo da dança, a multidão? Quem comanda a nossa vida, os nossos valores, os nossos desejos, os nossos sonhos, a maneira como dispendemos o nosso tempo? Temos consciência de que podemos e devemos exercer as nossas escolhas? E que não temos mesmo como fugir delas, pois, isso em si seria uma escolha?

Topamos assumir a direção de nossa própria vida e estabelecermos, nós mesmos, as nossas prioridades, o que é importante para nós? O que toca a nossa alma? O que faz o nosso coração vibrar? Como podemos utilizar de maneira mais plena os nossos dons e talentos? Como cumprir com prazer o que viemos fazer aqui, a nossa missão? Qual a nossa causa?

Onde estão as respostas para estas perguntas? Sabemos que não estão nos livros ou em outra pessoa. Não estão visíveis, mas estão gritando, lá dentro de nós mesmos. Quando paramos com a brincadeira do equilibrar pratos, ouvimos nossa voz interna, quase sufocada, mas resistente. Só precisamos dar a ela uma oportunidade.

Qual a sua causa? Qual o seu propósito? Não o de seu marido, mulher, pai, mãe, professor, pastor, padre ou chefe. Qual o seu? Talvez ele ainda não exista mesmo, pois a partir daquela voz interna, precisará ser construído, regado, alimentado, protegido, reconhecido, comemorado. Ele não agradará a todo mundo. Nem precisa. Provavelmente não será prioridade para ninguém mais. Nem precisa ser. Ele só precisa de você, de mim, ou da minha amiga. Cada um de nós, com o seu próprio propósito, com o que faz sentido para o nosso espírito.

*O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete, necessariamente, a posição do Portal Amazônia.

Julio Sampaio de Andrade é mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute. Diretor da Resultado Consultoria e autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital)

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Amazônia onde a violência campeia sem controle

Conflitos gerados por invasões de terras configuram hoje o principal eixo estruturante da violência na Amazônia Legal, segundo conclui o estudo Cartografia das Violências na Amazônia.

Leia também

Publicidade