Hoje é o seu último dia

“Se você morresse hoje, teria feito tudo o que queria? A pergunta que me veio primeiro não foi esta, mas “teria feito tudo o que deveria?”.

Acordei hoje com esta frase na cabeça, como se alguém estivesse falando comigo. Era por volta das 4h30 da madrugada e não dormi mais. Não é incomum acordar com algum tipo de ideia, intuição ou lembrança de algo de que tenha esquecido. Às vezes, estas intuições me servem para os artigos, ou para reuniões que vou ter naquele dia, ou um novo projeto.

Não sei a explicação. Talvez seja porque durante o sono, relaxado, os pensamentos fluam melhor. Brinco que é o meu anjo de guarda se comunicando. A verdade é que isto me acompanha desde cedo, tendo se intensificado ao longo do tempo. Minha mulher diz que sou movido a intuição. É o que ocorre em uma palestra ou em um trabalho que preparo com antecedência e com muitos detalhes, ou mudo tudo em cima da hora ou não flui tão bem. De fato, quando permito que a intuição e o meu Eu do momento se manifestem, tenho o meu melhor desempenho. Acredito que seja assim com a maior parte das pessoas. Com você acontece isso?

Mas voltando a tal frase de hoje de manhã. Lá pelas cinco, minha mulher se mexeu na cama e perguntou:

– Está acordado? O que houve?
– Acordei com uma frase na minha cabeça, respondi.
– Frase, que frase?
– Hoje é o seu último dia.
– Credo! Exclamou ela.
– Mas é pouco provável que seja verdade.
– Por quê? Para morrer basta estar vivo.
– Obrigado, me sinto melhor agora, disse a ela.

Imagem: Reprodução/LinkedIn

A tal frase não me assustou. Estou escrevendo cerca de duas horas depois desta conversa e ainda acho que é pouco provável que hoje seja o meu último dia por aqui. Parece que os espíritos mais evoluídos conseguem prever a sua partida, mas para a maior parte de nós, pobres mortais, literalmente, ou são preparados por uma doença prolongada ou são pegos de surpresa. Como falou minha esposa: para morrer basta estar vivo.

Se a frase não me assustou, pelo menos, me trouxe duas coisas: reflexão e o tema do artigo da semana. Viu como funciona? O tal pensamento que me acorda de madrugada, mais uma vez, me trouxe o artigo, cujo tema ainda não sabia qual seria.

Na reflexão, fui provocado também pela minha mulher:

– Se você morresse hoje, teria feito tudo o que queria?

A pergunta que me veio primeiro não foi esta, mas “teria feito tudo o que deveria?”. Certamente, para as duas perguntas, a resposta seria não. Ainda assim, seja pelo que gostaria ou pelo que deveria, teria muitas coisas para agradecer e para retornar, seja para onde for, de cabeça erguida.

Eu me lembrei do conceito dos jogos finitos e infinitos que comentei no último artigo e percebi que tenho jogado o jogo infinito em todos os setores de minha vida. Posso dizer que nada está pronto, concluído, mas que tudo está indo em uma direção infinita. Minha família, meus filhos, meus netos, meus amigos, minha igreja, minha empresa de consultoria, a associação que idealizei, cuja causa é a construção consciente de felicidade, meus livros, meus estudos, nada termina no meu último dia por aqui. Talvez uma ou outra coisa menor, mas não o essencial.

No final, a tal frase me fez começar o dia muito bem, feliz. Ela me fez perceber que, seja qual for o último dia, ele não será o último. A vida segue e o jogo é mesmo infinito. 

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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