A felicidade não cai do céu, que precisa ser batalhada, ou seja, conquistada
Um dos fatores que mais me despertou a vontade de estudar e de escrever sobre a felicidade foi a compreensão de que ela não cai do céu, que precisa ser batalhada, ou seja, conquistada. Isto contraria o senso comum que atribui a felicidade à sorte, ao azar, ao destino, a fatores sobrenaturais e até mesmo a Deus que, nesta hipótese, escolheria alguns de nós para sermos felizes e deixaria uma grande maioria à própria sorte (ou falta dela). Em alguns jogos de futebol, na comemoração de um gol ou de um campeonato, jogadores e torcedores levantam a camisa e mostram uma outra, por baixo, onde se lê: Deus é fiel. Se fosse verdade, seria fiel a um dos times e mais que desequilibraria o jogo, tornando sem graça qualquer disputa, não é mesmo?
A ideia de que a felicidade depende dos céus pode parecer benéfica, mas pode minimizar a nossa responsabilidade com a nossa própria felicidade. Crer ou saber da existência de uma Grande Força do Universo, que muitos de nós reconhecemos como Deus, não significa que não sejamos nós os principais responsáveis pela nossa felicidade.
Não temos a gestão completa sobre os acontecimentos bons ou ruins. Alguns poderão nos fazer muito felizes; outros, muito tristes. Em qualquer das alternativas, eles terão um efeito temporário, pois o nosso cérebro se acostuma a eles, e logo retornamos ao nosso estado normal de felicidade. É o que demonstram diversos estudos científicos, dentre eles, os realizados por Sonja Lyubomirsky, Keno Sheldon e David Schkade. Segundo as pesquisas demonstram, apenas 10% de nossa felicidade dependem de fatores externos, pelo efeito do que a psicologia chama de adaptação hedônica ou esteira hedônica, porque retornamos exatamente para o mesmo lugar que estávamos inicialmente.
Ainda segundo estes estudos, mais importantes do que os acontecimentos externos, num sentido duradouro para a felicidade, pesam os aspectos genéticos (50%) e as nossas intervenções conscientes (pensamentos, sentimentos, palavras e ações), chegando estes a representar 40%, quatro vezes mais do que a situação em si que uma pessoa esteja vivendo, excluindo os momentos de maior impacto.
Resultados semelhantes indicam outros estudos, como as reunidas pelo autor Shaw Achor no livro O jeito Harvard de ser feliz. Eles demonstram o quanto podemos trabalhar a nossa própria felicidade e o quanto ela é capaz de criar um círculo virtuoso de felicidade que gera mais felicidade.
Não sei quanto a você, caro leitor, mas para mim são ótimas notícias. Como dito, não temos gestão completa sobre os acontecimentos, mas podemos ter a melhor atitude possível perante eles. Mais do que isso, podemos ser proativos perante à felicidade: estudar, treinar e praticar pensamentos, sentimentos, palavras e ações capazes de aumentar o nosso nível de felicidade normal.
É bom saber que a felicidade não cai do céu e que ela precisa ser batalhada, conquistada. Como diz a música do Ivan Lins: depende de nós. Saber que estamos nós mesmos na direção de nosso destino me motiva a seguir neste espaço, estudando e compartilhando ideias que possam nos ajudar (a mim, a você e as nossas empresas) a sermos mais felizes. E você, o que pensa?
Julio Sampaio
Mento-Coach e Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria
Autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital), dentre outros
Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/