Felicidade: o que a educação tem a ver com isso?

São mais felizes pessoas que exercem a gratidão, a resiliência, o desapego, o plantio de felicidade para outras pessoas, o belo e arte no dia a dia. Será que isso tem a ver com a educação? Será que tudo isso podemos aprender também na escola? Por que não?

Recebi um generoso convite da plataforma Educação do Futuro para ser um dos palestrantes de evento especial na semana do professor. Mesmo me sentindo honrado, pensei em declinar do convite, especialmente por não me sentir à altura para falar de educação. Outros palestrantes, muito mais preparados, estudam o assunto há muito tempo e, mesmo entre eles, não há tantos consensos. De minha parte, atuo em algumas frentes relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento de pessoas e de empresas, mas não exatamente à educação. A minha grande causa é a felicidade, ou melhor, a construção consciente da felicidade. E o que isto tem a ver com a educação? Ao pensar sobre isso, aceitei o convite entusiasmado.

Aristóteles já dizia, há mais de dois mil anos, que por de trás de toda a aspiração humana está a felicidade. Por de trás de cada sonho desejo e esforço que fazemos, está o objetivo de sermos felizes. O líder oriental Mokiti Okada associa a felicidade ao desenvolvimento espiritual e ao pragmatismo, apresentado pelo filósofo americano Willian James. 

Reprodução: Divulgação

Presente na filosofia e nas religiões desde sempre, apenas nas últimas décadas, a felicidade ganhou força na ciência, sendo hoje tema em alguns dos maiores centros de estudos do mundo. Em Harvard, por exemplo, é o curso de maior procura de sua história. Vasta atualmente também é a bibliografia do assunto Felicidade, impulsionada a partir da criação da Psicologia Positiva, pelo americano Martin Seligman e pelo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi. A proposta dos dois cientistas era fazer com que a psicologia, até então, focada principalmente na cura de doenças, se direcionasse também para outras duas importantes missões: o desenvolvimento do talento das pessoas e a felicidade.

Vários estudos demonstram que, ao contrário do que a cultura do ter incutiu em nossos valores como sociedade, a felicidade depende muito menos de fatores externos e muito mais de nossas emoções e ações positivas. Que, após fatores hereditários, são as intervenções positivas, que estão sob a nossa gestão, os fatores mais determinantes da felicidade de qualquer pessoa. Ou seja, a felicidade pode e deve ser construída. Isto traz para nós a responsabilidade e o domínio daquilo que mais almejamos, ser felizes.

Mas, o que nos fará felizes? Neste aspecto, as respostas serão diferentes. Que tipo de felicidade almejamos? Momentos prazerosos, estados plenos de fruição (flow) ou uma vida de propósito? Queremos, talvez tudo isso, mas em que proporção e intensidade? Quais são os nossos dons e talentos? Os nossos valores, crenças e sonhos? O que entendemos ser a nossa missão e o que pode ser um propósito para este momento de nossa vida? O quanto conhecemos sobre nós mesmos? Será que a escola pode nos ajudar nisso?

Se o objetivo maior do ser humano é ser feliz, não deveria ser este também o grande alvo da educação? Ao invés de ter como principal meta preparar nossas crianças para o mercado de trabalho e para serem bons empregados de carteira assinada, nossas escolas deveriam estar incentivando-as a explorar os seus maiores potenciais, com autonomia, consciência e responsabilidade pelas suas escolhas. A começar pelo autoconhecimento, que é como uma alfabetização sobre si mesmo.

A compreensão de que a felicidade não cai do céu, mas que deve ser construída, é revolucionária e nos coloca na direção de nossas vidas. Conscientemente, podemos desenvolver emoções e ações positivas. Algumas delas emergem dos principais estudos científicos e parecem bem familiares para a maior parte de nós. 

São mais felizes pessoas que exercem a gratidão, a resiliência, o desapego, o plantio de felicidade para outras pessoas, o belo e arte no dia a dia. Será que isso tem a ver com a educação? Será que tudo isso podemos aprender também na escola? Por que não?



Julio Sampaio (PCC, ICF)

Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching

Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros

Texto publicado no Portal Amazôna e no https://mcinstitute.com.br/blog/

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