Há pessoas que possuem na sua balança muito propósito e pouco prazer e outras, ao contrário, muito prazer e pouco propósito. Você já pensou como anda a sua balança?
Adoro domingos de sol. Faço minha corrida, pego um bom livro, tomo minha cerveja e desfruto da companhia da minha mulher, da família e dos amigos. Tenho na vida a lembrança de domingos perfeitos, verdadeiros momentos mágicos e prêmios da vida. Mas a felicidade não é constituída apenas por momentos. No artigo da semana passada, abordei a questão da seriedade, como parte da felicidade, que não se limita à alegria. Ela possui outras importantes dimensões. Sigo agora trazendo novos ingredientes para o nosso chope, ou café, se você preferir.
Como seres humanos, precisamos de vivências prazerosas, necessitamos sorrir, desfrutar. Não faz parte da nossa natureza a busca da dor ou do vazio do sabor. Não nos conforta a ideia de que a felicidade virá depois da vida, como quiseram que acreditássemos. Queremos prazer e muito mais do que isso, queremos ser felizes. Para isso, precisamos de um sentido. A ausência dele está diretamente relacionada a doenças como a depressão e a outros tipos de sofrimentos
Palavras como missão, propósito e legado não necessariamente geram prazer, mas compõem uma dimensão importante da felicidade. Já pensou se todos os dias fossem um domingo de sol? Que graça teriam?
Mantenho há várias décadas uma carga horária diária entre 12 e 16 horas entre trabalho, estudo e dedicação voluntária. Também me divirto bastante enquanto faço isso. Não sei se isto diminui o mérito, mas acho que não.
Paul Dolan no seu livro Felicidade Construída coloca o prazer e o propósito em uma balança. Há pessoas que possuem na sua balança muito propósito e pouco prazer e outras, ao contrário, muito prazer e pouco propósito. Cada um de nós será mais feliz com um determinado tipo de balança. Você já pensou como anda a sua?
Na construção da felicidade consciente, causa que abraçamos no MCI, algumas práticas formam quase que um consenso, seja pela ciência, filosofia ou religião. É o caso do altruísmo, da gratidão, do desapego, do desfrute do belo e da resiliência. Todas correspondem a emoções positivas que fortalecem conexões neurais positivas. Do ponto de vista mental, elas nos aproximam da felicidade. Há, porém, ainda algo maior, se ultrapassarmos a barreira da psicologia e da neurociência. Estas práticas, segundo boa parte de crenças milenares, nos fazem evoluir espiritualmente.
As quatro grandes religiões da história – o hinduísmo, o budismo, o cristianismo e o islamismo – relacionam felicidade e espiritualidade. No hinduísmo original, por exemplo, eram considerados três níveis de felicidade: o material ou sensual, o mental e um terceiro mais profundo, o espiritual. Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial, de origem japonesa, afirma que a evolução espiritual é a única maneira de evoluir a felicidade de cada indivíduo e da própria humanidade. Os trabalhos de Sócrates, Platão e Aristóteles, assim como os estudos da psicologia positiva, parecem convergir na mesma direção, ainda que com nomenclaturas diferentes.
E o dinheiro, onde entra? Há uma relação clara entre o atendimento de necessidades básicas e o incremento da felicidade, como Maslow nos ensina. Dinheiro e condições materiais pesam, porém, até um certa quantidade, não sendo linear a afirmação “mais dinheiro, mais felicidade”. Pesquisas mostram que a partir de determinado volume, o impacto é quase zero, podendo até ter efeito contrário. Consumismo e felicidade não seguem a mesma curva. Na relação dinheiro e felicidade, outros aspectos são mais determinantes, como abordo no livro O Espírito do Dinheiro, dentre eles: como ganhamos o dinheiro, nossa relação com o dinheiro e a maneira como fazemos uso do dinheiro.
Para a felicidade, outras dimensões podem ser acrescentadas, como a qualidade de nossas relações, a superação de metas e a capacidade de vivenciarmos plenamente o nosso momento presente. Assim, felicidade é algo muito além do prazer e de um domingo de sol, incluindo também as dificuldades, a tristeza e as segundas-feiras cinzentas. Mas isto é assunto para o artigo da próxima semana.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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