Felicidade, além do bem-estar

Ao contrário de Seligman, prefiro o termo felicidade ao de bem-estar, quando o objetivo é falar de algo que não se limita a uma sensação.

Há duas semanas, convivo com uma tosse chata que interrompe meu sono (e o da minha esposa), várias vezes, durante a noite. Também surge durante as reuniões, presenciais ou on-line, algumas vezes, seguido de um catarro esverdeado escorrendo pelo nariz, que me deixa constrangido, sem saber o que fazer. Durante o dia, sinto o corpo dolorido e tive que suspender o exercício da corrida, substituindo-o por uma caminhada, que nem posso chamar de acelerada. Mesmo no pilates, a tosse me pegou no meio de uma sessão e posso imaginar o incômodo para os demais praticantes do horário. Pedi desculpas, mas não havia muito a fazer. Tento levar a vida o mais normal possível, mas o desempenho não é o mesmo. A cabeça pesa e o raciocínio não flui da mesma maneira. Tenho andado mais irritadiço também, o que me faz ficar atento para não descontar nos mais próximos. Decididamente, a sensação predominante nestas duas semanas, não tem sido de bem-estar.

Será que posso dizer que, nestas duas semanas, não sou uma pessoa feliz?

Martin Seligman é um dos pais da psicologia positiva e é o criador da Teoria da Felicidade Autêntica, título de um de seus livros. Dez anos depois, ele mesmo criticou a teoria e propôs a Teoria do Bem-Estar, acrescentando outras dimensões à psicologia positiva e fazendo uso de um novo termo, florescimento.

Seligman se disse incomodado com o termo felicidade que, segundo ele, tem a conotação popular de estar amarrada a um estado de boa disposição, alegria. O florescimento estaria relacionado à expansão das potencialidades da pessoa, por meio de emoções positivas e da melhor utilização das condições do momento, internas e externas.

Seligman apontou estudos que mostravam que o estado de ânimo de uma pessoa determina mais de 70% da satisfação da vida que ela declara ter. Ou seja, se a felicidade se limitasse ao estado de ânimo, ela estaria dependente do estado emocional do momento. Seria superficial e inteiramente flutuante.
Estariam condenadas a não ser felizes mais do que 50% das pessoas, que possuem uma natureza de baixo estado de ânimo positivo. Na média, estas pessoas são mais engajadas e muitas delas possuem um sentido, dedicando-se ao cumprimento do que entendem ser a sua missão, na realização de seu propósito ou na construção do que querem deixar como legado. Elas se sentem bem sendo assim e fazendo o que fazem. Podem não ser divertidas ou bem-humoradas, mas podem ser felizes, se considerarmos outras dimensões da felicidade.

Ao contrário de Seligman, prefiro o termo felicidade ao de bem-estar, quando o objetivo é falar de algo que não se limita a uma sensação. Estudiosos se dividem sobre ao termo mais adequado, cada um com os seus argumentos. Contra a expressão felicidade, pesa o senso comum de limitá-la à alegria, humor, prazer e suas variáveis. Florescimento tem muito a ver com a ideia de construção consciente da felicidade. Gosto do florescer, mas a coloco do lado da palavra felicidade.

Como temos visto, ao longo de nossas conversas, há diversas dimensões de felicidade e há modelos mentais que nos aproximam ou nos distanciam da felicidade. Eles podem ser aprendidos e colocados em prática, sendo isto o que se propõe o Método MCI de Felicidade.

Respondendo à questão acima: “será que posso dizer que, nestas duas semanas, não sou uma pessoa feliz?” Minha sensação predominante não tem sido de bem-estar, mas eu não sou uma pessoa menos feliz por isso.

E você, como anda o seu bem-estar? E a sua felicidade?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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