Em que frequência você vive? Que tipo de vizinho você é?

Estudos promovidos pela Universidade de Harvard, mostrou que você tem quatro vezes mais chances de ser bem ou mal-humorado, dependendo do humor crônico de seu vizinho.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Reconheço que nem sempre é fácil manter um alto astral diante de tantas coisas que desejaríamos que fossem diferentes. Não é fácil viver na frequência da gratidão, ao invés da frequência da reclamação.

O exercício da gratidão começa em sermos capazes de agradecer as coisas boas que nos acontecem. Agradecer o que somos, o que temos e o que as outras pessoas nos fazem, que reconhecemos como boas. Pode parecer algo fácil, mas não é tanto assim. É muito comum nos acostumarmos com o que é bom e passarmos a agir como se fosse um direito adquirido, algo que as pessoas ou que a vida nos deve. Quando isto acontece, logicamente, a gratidão diminui e, com isto, o que ela poderia agregar em nossa felicidade. Externamente, não mudou nada, mas nós mesmos diminuímos a nossa felicidade. Algo como dar um tiro no pé. E isto quando está tudo bem.

Aí tem um segundo estágio, quando somos levados, racionalmente, a compreender que algo que não queríamos que ocorresse, acabou sendo bom. Pode ser um efeito colateral positivo, do tipo: “ainda bem que eu não fui admitido naquele emprego, pois acabei conseguindo um melhor”. As vezes a pessoa queria namorar alguém e não deu certo, desejou alugar um imóvel, mas alguém chegou na frente, ia fazer uma viagem para um local que foi vítima de enchentes, e assim por diante. Depois de um tempo, percebemos que foi melhor assim. São inúmeras as situações que ocorrem todos os dias. Nem sempre percebemos.

Me vem à mente o personagem Pateta que, no desenho animado, dirigia agarrado ao volante, fazendo inúmeras barbeiragens, causando vários acidentes e sendo salvo pela “sorte”, sem nem noção do que estava acontecendo. Somos muitas vezes iguais ao Pateta. Nos livramos de perigos e deixamos um rastro, que nem notamos. Ou percebemos muito depois. Ainda haverá tempo para a gratidão, mas ela já é amortecida pelo tempo. Não tiramos o melhor proveito em favor de nossa felicidade.

Num estágio um pouco mais a frente é quando a percepção racional ocorre durante o processo da contrariedade. Ainda estamos vivenciando a perda ou a frustração e conseguimos perceber que aquilo traz junto algo positivo. Racionalmente, valorizamos o aprendizado e percebemos que, conseguiremos tirar algum proveito, por exemplo, de uma dificuldade.

Lembro que ainda era jovem quando um dos negócios que tive não deu certo, me levando a uma situação de dívidas e de desemprego. Era já casado e tinha duas filhas pequenas, e chegamos a passar dificuldades. No entanto, não lembro bem porque, mas tinha o sentimento de que estava vivenciando algo bom, que teria orgulho no futuro, da série: “dei a volta por cima”. Situações assim são bem mais raras, mas quando conseguimos sentir gratidão, mesmo durante as dificuldades, então marcamos um belo gol para a nossa felicidade.

Não sei se é possível chegar ao estágio de agradecer por qualquer coisa, compreendendo que tudo que acontece, ao final, será bom. Mesmo o ciclo da vida, que nos leva da infância à velhice, é muito bom. Já pensou se continuássemos adolescentes por toda a vida? Duvido que alguém desejasse viver isso.

Não é possível mudar muita coisa no mundo longe, mas é possível transformar o nosso mundo interior, vivendo na frequência da gratidão. Também é possível mudar o mundo perto. A irradiação desta frequência muda o planeta. A própria gratidão é um meio de fazer isso. Da mesma maneira que alguém que vive reclamando espalha mau humor e revolta, alguém grato e feliz, é capaz de transformar ambientes. Aliás, isto já foi demonstrado em estudos da psicologia positiva. Um deles, promovido pela Universidade de Harvard, mostrou que você tem quatro vezes mais chances de ser bem ou mal-humorado, dependendo do humor crônico de seu vizinho.

E você, em que frequência você se encontra na maior parte dos seus dias? Que tipo de vizinho você é?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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