É possível ser feliz no mundo corporativo?

Por detrás de todo o esforço, aprimoramento e projetos do ser humano, o objetivo é alcançar a felicidade.

Estamos iniciando hoje uma nova série, desta vez sobre a felicidade no mundo corporativo. No início deste ano, tive o privilégio de fazer uma palestra numa grande empresa, vencedora em vários aspectos, e feliz em seu momento atual e também em sua história. Ainda assim, ao provocar o que pensavam alguns de seus dirigentes e conselheiros, percebi um certo ceticismo. Não exatamente uma oposição à ideia, mas um questionamento mesmo. É possível ser feliz no mundo corporativo, ou isto é um fator secundário que pode acontecer como uma consequência casual, mas não um fator essencial? Você é feliz no seu trabalho? O que leva você a trabalhar?


Para algumas pessoas, podem vir à cabeça coisas como pagar as contas, sustentar a família ou a si própria, ou outras derivações destes pensamentos. Não para mim e talvez não para você. Também não para a psicologia moderna que vem produzindo diversos estudos e experiências práticas sobre este tema tão rico, tão simples e ao mesmo tempo tão complexo, como a felicidade, definido pela ciência como estado de bem-estar subjetivo. Importante lembrar que felicidade não significa euforia.

Por detrás de todo o esforço, aprimoramento e projetos do ser humano, o objetivo é alcançar a felicidade. Ela está presente na filosofia, na religião, na ciência e em cada um dos nossos sonhos. Por que deixá-la de fora da atividade que, para boa parte das pessoas, ocupa a maior do tempo de sua vida?

Não apenas é possível ser feliz no trabalho e no mundo corporativo, como ser feliz é mais produtivo e mais lucrativo. É o que nos ensina Shawn Achor no livro O Jeito Harvard de Ser Feliz, professor de uma das mais conceituadas universidades do mundo e que tem na Psicologia Positiva o curso de maior procura em sua história. Outras instituições conceituadas americanas, europeias e mesmo brasileiras se dedicam a este relevante tema.

Um deste estudos, o da Dra Sonja Lyubomirsky e colegas, nos ensina uma coisa muito importante, o de que as circunstâncias momentâneas, estas que nos dedicamos e valorizamos tanto, possuem apenas um pequeno peso na nossa felicidade, cerca de 10%. Há uma forte influência da genética (50%) e que, quatro vezes mais do que os fatores externos (40%), pesam as nossas ações intencionais.

Isto acontece em função do que os pesquisadores chamam de adaptação hedônica. A explicação é de que, depois de um tempo, nosso cérebro se acostuma com as coisas muito boas (como uma nova casa, um novo amor, ou uma promoção) ou coisas que consideramos ruins (como um desastre, a perda de um ente querido ou uma doença crônica), retornando ao estágio de felicidade normal. Sim, cada um de nós possui um estado de felicidade normal, onde tendemos a retornar após o efeito de fortes impactos. Yuval Harari, em seu best seller Sapiens, Uma Breve História da Humanidade, utiliza a metáfora do termostato de um ar-condicionado, o que parece uma imagem perfeita.

Mas o que definiria este estado normal de felicidade, para onde vai o nosso termostato e o que fazer para elevá-la? A genética explica, em parte, o que recebemos, mas não o que deixaremos para os nossos descendentes, o que invoca um tipo especial de responsabilidade em cada um de nós. O que mais? Mokiti Okada, pensador e estudioso do assunto, afirma que cada um possui um nível de felicidade, resultante de nosso grau de evolução espiritual e que é possível elevá-lo, também por ações conscientes.

Neste sentido, há uma convergência de que são as nossas ações intencionais o que mais fortemente definirá o nosso nível de felicidade na vida e, por consequência, também no mundo corporativo. Isso nos coloca exatamente na posição em que precisamos estar, na direção da nossa vida, pessoal e profissional. Que ações intencionais seriam estas? São aquelas que nos conduzem para um tipo de felicidade incremental que eleva gradualmente o nosso termostato, para onde retornamos, após o impacto inicial dos acontecimentos externos. São estas ações que estudaremos nos próximos artigos. Convido você a participar desta importante reflexão.

*O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete, necessariamente, a posição do Portal Amazônia.


Julio Sampaio de Andrade | Mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute | Diretor da Resultado Consultoria | Autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital)

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