O que queremos, afinal, para as nossas vidas, para os nossos relacionamentos, para as nossas empresas, para o nosso trabalho, para o nosso desenvolvimento?
Larissa decidiu que vai sair da empresa onde está a mais de 10 anos. Sempre se sentiu comprometida, mas houve mudanças no comando e no rumo da companhia. Durante dois anos, Larissa tentou se adaptar, porém, foi inútil. Perdeu a alegria de ir trabalhar, o que afetou a sua felicidade, já que esta é uma parte importante de sua vida. Ainda assim, a decisão de sair não foi rápida e nem fácil. Foi um processo lento e sofrido, com idas e vindas internas, até que Larissa decidiu que iria mudar. E agora tem pressa.
Inicialmente, pensou em comunicar a sua decisão ao seu chefe, mas foi desaconselhada pela própria consciência. Larissa não é nenhuma criança, tem responsabilidades com a família e não pode jogar tudo para o alto, sem considerar as consequências. A maturidade a fez pensar de uma outra maneira. Aprofundou nas perguntas: “o que eu quero? onde quero estar?”.
As questões a levaram a pesquisar um grupo de empresas e a selecionar algumas delas, com quem se identifica. É para onde ela quer ir. Para isso, traçou estratégias de aproximação e está em fase de implementação. Isto lhe devolveu a energia e a alegria que a caracterizam. Larissa sabe o que quer e, a partir daí, não foi difícil saber por onde ir.
Somos serem complexos. Queremos e não queremos algo. Às vezes, temos medo do que queremos. Às vezes, sabotamos a nós mesmos, fazendo escolhas que nos distanciam do que dizemos que queremos. Outras vezes, insistimos em coisas que nem queremos mais e que, um dia, foram importantes. Já mudamos, as coisas mudaram, mas mantivemos o rumo, como se aquilo continuasse a ter o valor de antes.
Por outro lado, algumas pessoas mudam o que querem todos os dias, trocando algumas coisas por outras, sem se fixar a nada. Como traçar um plano de ação se nem sabemos aonde queremos chegar. Que metas poderiam ser traçadas? E se atingidas, elas nos atenderiam em o quê?
Boa parte dos programas de coaching e, acredito, também de terapias, podem ter melhor resultado em um menor espaço de tempo, se nos ajudarem a ter isto mais claro. O que queremos, afinal, para as nossas vidas, para os nossos relacionamentos, para as nossas empresas, para o nosso trabalho, para o nosso desenvolvimento?
A velocidade com que cumprimos rituais nos faz, muitas vezes, ir em frente sem saber por que ou para onde. Os hábitos nos economizam energia, automatizando comportamentos e poupando o cérebro de precisar ser acionado a cada pequeno movimento que fazemos. Como efeito colateral, no entanto, são incluídas no pacote do automático, questões que precisariam ser tratadas de forma diferente. Sem aprofundar, somos levados a correr, correr, correr, até que um dia, nos deparamos com a tal pergunta inconveniente. O que queremos afinal?
Não sei você, mas para mim nem sempre é uma resposta tão fácil.
Neste momento da vida, tenho consciência da minha missão e estou permanentemente renovando o meu propósito. Isto já é mais da metade do caminho. Mas, tendo isso como a estrada a ser percorrida, em que ponto dela quero chegar em cada setor de minha vida? O que quero e que tipos de metas traduziriam o que quero?
Saber o que se quer pode parecer óbvio, mas está longe de ser. Além disso, há apenas um lugar em que poderemos buscar a resposta: dentro de nós mesmos.
Assim, antes que nos apressemos a definir nossas metas para 2024, que tal nos determos nesta questão: o que, afinal, eu quero?. Difícil não é escolher o caminho. Difícil é saber o que se quer.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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