DanDan é um super-herói. Com 8 anos, ele parece ter vindo com uma missão também especial. Transmite um tipo de inocência sábia. É alegre e torna os ambientes alegres. Ensina amor aos adultos.
“Pai, o DanDan está com covid e com meningite. Ele está sendo entubado. Preciso que você reze por ele. Estou pegando o avião e indo para lá.”
Subitamente sou despertado do meu mundo e experimento uma sensação de que estou sendo necessário. Mais do que isso, por um tempo, sinto-me responsável pelo próprio destino de DanDan. Isto sempre acontece quando as minhas filhas pedem que eu reze por elas ou por alguém. Racionalmente, sei que a minha oração vale tanto quanto a de qualquer pessoa, nem tanto, quanto o das pessoas mais próximas. Mas é inevitável. Puxo para mim a questão e me sintonizo com toda a intensidade, como se estivesse ao meu alcance interferir a favor de alguém, fazendo uso de algum crédito que, porventura, tenha.
No caso do menino DanDan, a mãe é amiga de minha filha, quase irmãs, desde quando ainda eram adolescentes, o que me torna um tipo de tio. Aliás, é como ela me chama até hoje. Com o DanDan, não estive muitas vezes, o suficiente para saber o quanto é uma criança especial, em vários sentidos. DanDan é um super-herói. Com 8 anos, ele parece ter vindo com uma missão também especial. Transmite um tipo de inocência sábia. É alegre e torna os ambientes alegres. Ensina amor aos adultos.
As horas seguintes são de grande tensão. Parece que a sua pressão está elevada e fora do controle. Talvez seja preciso uma cirurgia. O edema precisa ser reduzido. Ele corre risco. Os pais não acreditam estar vivendo isso. Levaram o filho ao hospital para o que parecia ser um resfriado e, em poucas horas, a situação está fugindo do controle. Os médicos buscam por um e por outro caminho, mas o prognóstico é incerto.
Também estou de plantão. Não me afasto de meu papel e sigo atendendo ao pedido de minha filha: “Pai, reza para o DanDan, reza para o DanDan. Ele está precisando”. Por troca de mensagens, vou tentando estar presente, me somando aos familiares e à equipe médica.
“A cirurgia está demorando”. “Correu tudo bem. Agora é aguardar para ver como o Dan reage”. “A atividade cardíaca está baixa”. “A pressão intracraniana está alta”…”Dan não resistiu…” Alguns minutos depois: “Dan voltou. Os médicos estão tentando tudo”. Mais alguns minutos se passam: “Dan se foi mesmo”.
Há um silêncio.
Há um vazio.
Há uma tristeza profunda.
Há choro.
É impossível imaginar a dor dos pais.
É impossível compreender os desígnios divinos.
O que DanDan diria para quem fica?
O que DanDan veio fazer?
Sou invadido por uma certeza: a de que ele cumpriu a sua missão e parte bem. DanDan, o nosso super-herói. DanDan deixa o amor que veio ensinar.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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