Como andam as suas práticas espirituais?

Nossas práticas nos tornam melhores pessoas para os outros e para nós mesmos? Como responder a esta pergunta?

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

A saúde integral nos lembra que ela abrange a totalidade do ser humano e não apenas o seu corpo físico. Há muito se sabe sobre a importância da saúde mental, embora não se fale em prevenção. Costuma-se agir quando já se estabeleceu a doença. É aí que se concentram as ações mais comuns. No caso da saúde espiritual, a atenção é menor ainda, relegando-a muitas vezes ao setor de crenças, quando não das superstições. Saúde Espiritual é um conceito relativamente novo que somente há pouco tempo começou a ser mencionada nas áreas médicas, com o avanço dos estudos da psicologia positiva e da neurociência. Para a plena saúde, assim como para a felicidade, é preciso considerar as dimensões física, mental e espiritual.

Entre as três, há uma forte interligação e é antiga a máxima “Mens sana in corpore sano”, uma mente sã em um corpo são. Mesmo ainda faltando a palavra “spiritus” na frase, era já evidente a percepção de que somos mais do que ossos e músculos.

Como estão as suas atividades físicas? – perguntam os médicos. Como estão as suas práticas intelectuais e cognitivas? – um questionamento mais frequentemente dirigido às pessoas mais velhas. Sabe-se que exercícios físicos e mentais são essenciais para a preservação da saúde, da longevidade e da felicidade. E como andam as práticas espirituais?

Dan Buettner, ganhador de três prêmios Emmy, pelo documentário “Viver até os 100. Segredos das Zonas Azuis” apresenta estatísticas que demonstram como pertencer a uma comunidade religiosa aumenta a expectativa de vida. Em um dos estudos com 263 pessoas que viveram 100 anos ou mais, apenas 5 não estavam ligadas a um grupo religioso. Outra pesquisa aponta que uma prática regular religiosa aumentou em 7 anos a expectativa de vida de americanos e de 14 afro-americanos. São dados que superam até mesmo práticas mais aceitas para favorecimento da longevidade, como o exercício físico ou a dieta alimentar. Pelos estudos, seguir uma fé e adotar práticas religiosas regulares é, pelo menos, tão importante quanto estes cuidados. Mas será que vale qualquer tipo de prática religiosa ou espiritual, incluindo a meditação, um tipo de alimentação natural ou outras?

Matheu Ricard, pesquisador dos efeitos da meditação no cérebro e um dos fundadores do programa Mind and Life Institute, afirma que: “Precisamos nos perguntar lucidamente se a prática espiritual que fazemos nos transforma em pessoas melhores e contribui para a felicidade dos outros”. Ou seja, nossas práticas nos tornam melhores pessoas para os outros e para nós mesmos? Como responder a esta pergunta?

Penso que, apesar da subjetividade do tema, podemos encarar a questão de uma maneira muito prática. Elas estão nos ajudando a ser mais gratos? Elas nos estimulam a sentimentos e ações mais altruístas e menos voltados para nós mesmos? Estamos evoluindo no desapego, seja em relação a bens materiais, a preocupações com o passado ou ao futuro, às pessoas ou aos nossos pontos de vista? Nossas práticas espirituais nos dão força para agir de maneira resiliente diante das adversidades? Elas nos aproximam da arte e da leveza, nos estimulando a desfrutar melhor a vida? Estamos melhorando a nossa comunicação com as pessoas, com mais assertividade e empatia? Avançamos na compreensão que de que estamos aqui para realizar algo construtivo e vivenciando um propósito que dá sentido e sabor aos nossos dias?

Práticas espirituais, religiosas ou não, podem fazer muita diferença na conquista da saúde e da felicidade. É preciso, porém, que elas não caiam no automático ou se limitem a rituais externos. Que estejamos atentos sobre o seu efeito sobre nós mesmos e, consequentemente, com quem convivemos. Estamos dando a devida importância a elas? Como andam as suas práticas espirituais?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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