Formamos egrégoras na família, nas empresas, no país e no conjunto deles. Há as egrégoras positivas e negativas e, quando as criamos conscientemente, estamos colocando nela um sentido, que vai contribuir para os nossos objetivos maiores.
O conceito de egrégora vem da Grécia antiga e, dito de maneira simplificada, é a energia que se cria quando duas ou mais pessoas se reúnem em uma conexão, sendo o todo maior que o que somatório das partes. Também povos nativos se reúnem em círculo para festejar ou se comunicar com os deuses, tendo por detrás o mesmo princípio. Pode ser que alguns de nós resistam à ideia, uma vez que se trata de algo invisível. A natureza da energia é mesmo invisível, mas ninguém questiona a energia elétrica, por exemplo, ou o pensamento, o sentimento e os desejos, todos invisíveis, mas de grande impacto nas nossas vidas. A egrégora é uma destas energias, que causam mais influência do que pode supor a “nossa vã filosofia”. Ela está diretamente relacionada à felicidade que construímos, ou não.
No MCI (Mentoring Coaching Institute), e em alguns clientes, temos o hábito de iniciarmos as reuniões criando conscientemente uma egrégora positiva. A palavra conscientemente, às vezes, passa batida, mas é de suma importância. A egrégora seria criada de qualquer maneira, porém que egrégora? Há as egrégoras positivas e negativas e, quando as criamos conscientemente, estamos colocando nela um sentido. Pode ser o desejo de que a reunião seja harmoniosa, produtiva e útil para todos, por exemplo. Funciona como se fosse uma espécie de oração, ou para quem preferir, uma mentalização. Pode ser apenas um alinhamento de objetivos maiores para os participantes. Vale para os encontros presenciais ou remotos.
Num atendimento individual de mentoring ou de coaching, a formação de uma egrégora consciente reforça competências importantes do profissional e compromissos do cliente. Manter a presença, ouvir verdadeiramente, criar um ambiente de confiança e de segurança, dentre outras. Uma delas eu destacaria ainda, que é evocar a consciência. A criação de uma egrégora consciente e positiva favorece a intuição, a percepção e a conscientização, que vêm de dentro ou de algum outro lugar que não sabemos.
As empresas também possuem a sua egrégora. Como consultor, já vi atmosferas de vários tipos. A posição de quem não está totalmente dentro favorece observar a desarmonia, a competição pequena, o jogo de culpas e a falta de confiança entre colegas, departamentos, entre as lideranças e na relação chefe-subordinado. Neste caso, a egrégora é negativa e consome energia positiva de todos. A equipe torna-se improdutiva, cumpre apenas tabela e as pessoas não são felizes.
No clássico livro ZAPP, o Poder da energização de William C. Byham, é descrita a invenção de uma máquina que permitia ver a dimensão invisível em uma determinada empresa. O personagem passeia pelos departamentos em outra dimensão e, em alguns, visualiza múmias se arrastando ou monstros que cospem fogo, os próprios componentes do departamento. Complemento eu, a tal máquina permitia ver a egrégora da empresa Normal (acho que era este o seu nome). Em alguns locais, a energia era positiva, ZAPP; noutros, negativa, que ele chamou de SAPP.
Também nas famílias formamos egrégoras positivas e negativas. O que será que predomina em uma família que marido e mulher se tratam mal, xingam-se com palavrões, não há respeito dos filhos com os pais e todos reclamam de tudo e de todos? Criar na família um ambiente seguro, de apoio mútuo é algo tão importante, que nunca deveria ser entregue ao acaso. Conheci um casal que não brigava em casa para não macular a atmosfera do local. Quando precisavam discutir a relação, iam para um restaurante ou um parque aberto.
Não é preciso falar que um país também possui a sua egrégora. Se o que predomina é a radicalização, a ausência de diálogo e, até a violência, que egrégora está sendo criada neste país? Eventos como a copa do mundo podem ser boas oportunidades da criação de uma egrégora de união de uma nação. E no conjunto dos países que formam o mundo? Estamos construindo a egrégora em que queremos viver?
Para finalizar, vale a reflexão para mim, para você, caro leitor, e para todos nós. Como anda a qualidade de nossas egrégoras?
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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