Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br
Ouvi de um empresário recentemente: “Eu não sou bom com este negócio de felicidade. Aqui a gente leva o trabalho muito a sério”.
Pedi que me explicasse melhor o que ele queria dizer com isso.
“Aqui na empresa, trabalhamos muito e somos exigentes com os nossos colaboradores quanto à qualidade de nossos serviços; temos também metas ousadas e um orçamento que nos obriga a sermos disciplinados. Estamos sempre buscando ser melhores do que somos, o que nos mantém focados. Não há espaço, no dia a dia, para nos preocuparmos em criar um ambiente mais festivo, onde as pessoas estejam alegres, sentindo muito prazer com o trabalho. Queremos sim, que os nossos clientes estejam felizes”.
Pedi que falasse um pouco mais de sua empresa e dos resultados que vem obtendo. Da conversa concluí que: a empresa dele tem um propósito inspirador; vem superando as suas metas que, mesmo ele, considera ousadas; ele percebe que a equipe atua realmente focada no trabalho e engajada em atender aos clientes; as condições de trabalho são consideradas boas, assim como as remunerações justas; as lideranças são bem-preparadas para obter o melhor dos colaboradores; a equipe demonstra ser fiel e a grande maioria deseja continuar na empresa. E, por último, os clientes estão aumentando e sinalizam estar satisfeitos.
A conversa se estendeu e ele sustentou algumas destas informações com índices, dados e fatos para comprovar o que estava dizendo, com entusiasmo. Perguntei então como ele se sentia diante de tudo isso. “Feliz”, respondeu ele. E a sua empresa? “Pensando bem, feliz também”. No que você não é bom, mesmo? Brinquei.
Há uma confusão de termos quando tratamos de felicidade. Felicidade não é prazer, alegria ou bem-estar, embora possa abranger todos estes momentos. Felicidade é algo mais duradouro do que momentos pontuais, e inclui uma maneira de ser e não de estar. Há várias dimensões de felicidade, como demonstram estudos da psicologia positiva, da neurociência e da filosofia. Escrevi sobre elas em outros artigos.
Dois exemplos mostram o quanto o prazer e a alegria podem estar dissociados da felicidade e serem até contrários a ela. Se é um prazer que nos torna dependentes, ele não contribuirá para a nossa felicidade. Se é uma alegria provocada pela desgraça de alguém, mesmo que seja a de um concorrente, ela não nos fará mais felizes. Outros exemplos poderiam ser dados.
Da mesma maneira que prazer não é felicidade, o sofrimento também não é sinônimo de infelicidade. A dor e as perdas nos causam sofrimento, mas não precisam nos tornar infelizes. A maneira como lidaremos com acontecimentos indesejados será muito mais determinante. Reforçando, a felicidade é uma maneira de ser, de nos tornarmos. A felicidade não cai do céu e deve ser construída.
Como pessoas, para sermos mais felizes, precisamos nos tornar melhores pessoas. Para empresas, não é diferente. Não sei se você se lembra de um frase do empresário acima: “Estamos sempre buscando ser melhores do que somos”. É por isto que o tema Felicidade estará na pauta da próxima reunião de conselho desta empresa. Sempre poderemos ser melhores e mais felizes.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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