A construção começa no invisível

Se pretendemos escolher a semente que brotará no futuro, precisamos incialmente sonhar e nos permitir, ainda no plano invisível, vivenciar a realidade que um dia queremos ver materializada.

No momento, escrevo do meu escritório, em um prédio comercial de vinte e cinco andares. No térreo, há uma galeria de lojas de diversos segmentos, e o conjunto ocupa um bom pedaço de um quarteirão central da cidade. Um dia este espaço foi um terreno vazio e o edifício começou a surgir na cabeça de alguém, talvez, na mente de um de seus proprietários. Imagino que o projeto tenha se desenvolvido, então, na cabeça de um ou mais arquitetos, ganhou forma digital, depois impressa, até que se materializou na construção da estrutura, edificação e acabamento. Hoje, estou aqui em algo bem concreto, que me sustenta do alto do décimo sexto andar. É interessante pensar que tudo começou na cabeça de alguém, no plano invisível. Mas não será assim com todas as coisas?

Será que isto também vale para a nossa carreira profissional, para a família que construímos ou vamos ainda formar? Para as viagens das férias? Para o negócio que vamos empreender? Será que vale para as nossas finanças pessoais? Neste último, que é o tema de nossa conversa atual, como seria esta construção?

Penso que, aplicado ao campo do nosso dinheiro, este processo é determinante. E ter esta percepção faz toda a diferença. Da mesma maneira que, no caso de uma construção de uma obra qualquer, nossa realidade financeira começará a ser construída no invisível. É de lá que surgirá a primeira semente, tenhamos ou não consciência disso. Podemos, no entanto, deixá-la ao acaso, permitir que outros o façam por nós, nos incutindo falsas necessidades, desejos ou crenças, ou podemos ainda, escolher que sementes desejamos cultivar. O que queremos?

Se pretendemos escolher a semente que brotará no futuro, precisamos incialmente sonhar e nos permitir, ainda no plano invisível, vivenciar a realidade que um dia queremos ver materializada. Não é o único, mas é o primeiro passo, aquele que sempre será necessário, qualquer que seja o destino.

Em artigos anteriores, conversarmos sobre a importância de ter um orçamento escrito e de nos livrar das dívidas, com a execução de um bom plano de ação. Tudo isso exige esforço, determinação e até sacrifícios iniciais. Para ultrapassar esta fase, precisamos ter mais do que o sentimento da sobrevivência e do olhar a curto prazo. Precisamos acreditar que, um dia chegaremos ao Oásis, ao podium, a uma chegada triunfante, quando tudo que enfrentamos até agora terá valido a pena. Precisamos de um cenário de sonho.

Com este sentido, costumo sugerir que, no estágio inicial, façamos três cenários de orçamento (por escrito). O primeiro, básico, quando destinamos parte do que ganhamos para liquidar dívidas e nos livrarmos do rush que elas nos impõem. Já neste momento, sugiro incluir o aspecto doação, de tempo e de dinheiro, para causas com que nos identificamos e que servirão de grande impulso para atingirmos os demais cenários.

Um segundo, já sem estas dívidas, projetando o que seria o nosso orçamento, com os mesmos ganhos, porém sem dívidas e prestações. É uma situação muito mais confortável e prazerosa, que já representará uma importante conquista.

E finalmente, o cenário dos nossos sonhos. Como queremos estar um dia, destinando uma significativa parte do que recebemos para a nossa própria realização, desenvolvimento e desfrute, sem culpas e sem cobranças, com a sensação de quem mereceu chegar lá. É um cenário existente, por enquanto, apenas no invisível. É também uma pequena semente, pois é lá, nesta dimensão, que tudo começa a ser construído.

Como fazer esta semente crescer e se materializar é assunto para o próximo artigo. Até lá!

Julio Sampaio de Andrade é mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute. Diretor da Resultado Consultoria e autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital)

*O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete, necessariamente, a posição do Portal Amazônia.

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