Em um longo desabafo em seu perfil no Facebook, o ex-BBB Marcos Harter escreve um carta para Emilly, ex-sister e campeã da edição de 2017, onde fala de amor e mágoa. Na texto, o médico diz que começa o relato chorando e, ao final, muita gente fará o mesmo. A partir de um trecho, o ex-BBB fala diretamente para Emilly. Relembra como iniciou o relacionamento dos dois dentro da casa.
O ex-brother também relata da mudança da relação com Emilly. Isso teria ocorrido quando ele voltou do paredão com Marinalva com 77% de aprovação. “E foi ali que você cometeu um dos seus maiores erros dentro do programa: ao ouvir minha torcida gritar “É campeão!”, passou a me ver como alguém que eu nunca tinha sido para você: um adversário”, revela.
Marcos não fala em agressão e se diz muito magoado com Emilly. O ‘Doc’ também relata o encontro dos dois após ele sair do confessionário no dia da eliminação e termina a carta revelando toda a mágoa que tem da ex-sister.
Indiciado por lesão corporal
Marcos Harter foi indiciado por lesão corporal à participante Emilly, dentro do Big Brother Brasil 17, com base na Lei Maria da Penha. A investigação aponta, após análise das imagens das declarações prestadas e do teor do laudo pericial, que as lesões da vítima se deram em razão das “ações intencionais do autor”.
Na última terça-feira (18), o Tribunal de Justiça divulgou uma nota afirmando que o ex-BBB havia entrado com pedido de habeas corpus para suspender as investigações da Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher (Deam) de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. O pedido, no entanto, partiu do advogado Roberto Flávio Cavalcanti, que não é o representante legal de Marcos. O recurso, diz o médico, foi impetrado em seu nome, mas sem o seu conhecimento. Saiba mais no iBahia.
Leia a carta na íntegra:
“Meu nome é Marcos de Oliveira Harter, gaúcho, nascido em Porto Alegre, médico, cirurgião plástico.
Fui criado com princípios, os quais defendi durante toda a minha participação no BBB17 e defenderei pelo resto da minha vida: a retidão de caráter e o compromisso com a verdade. Juro pelo que tenho de mais importante em minha vida – a minha família – que aquilo que aqui escrevo é a mais pura verdade.
Não há mais como suportar as pessoas sofrendo pelo destino de um relacionamento sem entender de fato o que aconteceu. O Brasil, farto de mentiras em várias esferas, merece saber a verdade, pois, mesmo que doa a curto prazo, será sempre o melhor caminho a longo prazo. Esta é uma carta que eu começo chorando e talvez, ao final, muita gente faça o mesmo.
Inscrevi-me no BBB com o objetivo de passar uma mensagem. Lembro-me de ter chamado muito a atenção da produção do programa na fase de entrevistas. Perguntavam o porquê de alguém querer entrar no programa sem ter o prêmio de um milhão e meio como o seu objetivo principal. Sim, é verdade. O prêmio em dinheiro era, para mim, nada mais do que uma consequência da missão que eu teria lá dentro, tal como eu penso aqui fora: dinheiro é consequência.
Nas primeiras horas dentro da casa conheci Emilly e Mayla, na beira da piscina, atrás da mesma espreguiçadeira na qual Emily estava deitava quando a vi pela última vez, antes de ir embora.
Recordo-me de que, inicialmente, achei elas muito parecidas, mas logo fui me atentando aos detalhes. Apesar de possuírem a mesma carga genética e, fenotipicamente, expressarem-se quase como clones, cada uma tem a sua alma, e aquela que vislumbrei ser a minha gêmea era a que tinha uma mancha na têmpora esquerda.
E logo Emily me contou a sua história.
Emilly…
Você vinha de Eldorado do Sul, cidade próxima a Porto Alegre, onde eu aprendi a dirigir. Lembra? Sua mãe havia falecido há menos de um mês no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Durante minha formação médica, fiz estágio neste mesmo hospital e, por ter tido contato com muitos familiares de pacientes, sabia exatamente o trauma psicológico pelo qual vocês acabavam de passar.
Suas histórias eram tristes e, ao mesmo tempo, engraçadas: Balneário Camboriú com 10 reais no bolso; os 20 reais que você achou no chão, juntou com mais 50 que você tinha e comprou um vestido que queria muito…
Confesso que sentia uma peninha, mas ao mesmo tempo brotava algo que, na minha opinião, é o primeiro passo na construção de um relacionamento: a admiração. E não apenas pela sua beleza, mas pelo seu modo aventureiro de levar a vida. Conheço um cara assim…
Não precisei de muitos dias na casa para entender a minha missão ali. Sensibilizei-me com a sua história e determinei-me a fazer o possível e o impossível para conduzi-la até a grande final. Eu só não contava com uma coisa: existia um espacinho em meu coração que era exatamente do seu tamanho!
E assim a nossa história começou…
No começo você não me dava bola, mas quando o Doc aqui quer, ele vai até o final. É possível “ficar” sem beijar? Sim! Lembra da primeira noite que viramos juntos? Você me contou de uma luz cor de rosa que saía de dentro de você no centro espírita. Ali comecei a acreditar na sua iluminação. Lembra do café da manhã naquele dia? O único ovo que tínhamos estava podre e você acabou fazendo arroz pra gente comer às 7h da manhã! Que amor…
Na pobreza já dava para ver a sua parceria, faltava ver na riqueza ou na iminência dela.
Acredito que uma das melhores maneiras de trazer uma pessoa para perto de si é dando carinho, e assim eu fiz com você. Dei-lhe flores todos os dias, até que a produção pediu para eu não arrancar mais as flores do jardim. Nas férias eu sempre era acordado por minha mãe com caldinho de feijão na cama. Entende agora a forma de carinho que eu queria transmitir a você?
Daí veio a primeira massagem… Hummm… Beijos no pezinho… E como era gostoso ouvir aquele uivo do lobisomem durante aquela prova do anjo… Não via a hora de dormir juntinho de você! Nem que fosse em camas separadas, mas de mãos dadas e com o meu braço apoiado na gaveta aberta do criado mudo… kkk Que cena!
Com o tempo, notei que você, quando cansada, dormia facilmente deitada em mim. Era como se eu fosse a tua concha, e isso é muito bonito porque significa: “eu me sinto seguro com você”. E como era bom dormir abraçadinho!
E na hora de acordar? Para mim já era automático, tapava seus olhos e seus ouvidos, porque princesas jamais devem acordar daquela maneira.
O clima era tenso tanto para mim quanto para você. Você cuidava de mim e eu de você. À medida que o tempo passava eu conhecia você, curtia você e cada vez mais eu me apaixonava por você. Ao ponto, inclusive, de não a ver mais como adversária, e você sempre soube disso.
Várias vezes tive vontade de ir embora dali com você. Lembra que cheguei a convidá-la algumas vezes a irmos embora? Sabia que o prêmio era muito importante para você, mas ao mesmo tempo tinha a nítida noção de que o que eu poderia dar a você aqui fora não tinha preço.
Os dias foram passando e eu fui vivendo uma das mais incríveis histórias de amor da minha vida. Cientificamente, a ideia de avaliar o comportamento de seres humanos mediante confinamento sempre me pareceu fantástica. Fazer parte da experiência fazia tudo ser sensacional, pois provaria para mim mesmo e para um país inteiro que o amor verdadeiro pode existir sim, mesmo em condições laboratoriais.
Durante boa parte do programa eu agi com a razão. Fui autêntico o máximo que eu pude. Acertei. Cometi erros. Pedi perdão por eles. Fui solícito com todos. Elogiei atitudes e participantes sem medo de que isso pudesse beneficiar alguém no jogo. Questionei o que achei errado e sempre estendi a mão para quem me pedisse ou para quem eu julgasse que precisava de ajuda. Atuei sempre com honestidade do princípio ao fim. Tive coragem de enfrentar gente muito grande. Defendi com todas as minhas forças a prevalência da verdade e da retidão de caráter.
Mas teve um momento em que passei a agir com o coração, e, inclusive, verbalizei essa minha decisão em um raio-x.
Os problemas que muitos apontavam em você, Emilly, eu também via. Atitudes de egoísmo, soberba, deslumbramento não passavam despercebidas por mim. O carinho que eu sentia por você era verdadeiro e intenso, mas mesmo assim não me tirou a capacidade de discernir entre o certo e o errado.
Quando vi você tomando as mesmas atitudes de pessoas que eu já havia questionado, tive a sensação de ter chegado a uma grande encruzilhada: manter a razão e julgá-la por erros também cometidos pelos outros ou passar a agir pela emoção e defender quem estava dentro do meu coração? Assim eu fiz: desde o primeiro até o último paredão, defendi você com unhas e dentes.
Era tudo muito intenso e muitas vezes me via confuso. Às vezes me sentia seu namorado, outras, seu pai, seu irmão, ou seu amigo… Mas o importante é que nunca me senti seu adversário, pois o meu sentimento por você sempre esteve acima de qualquer atitude pela qual você poderia ser julgada. Essa é uma grande demonstração do quanto eu gostava de você e você não percebia.
Minha decepção começou a se instalar quando vi que as amizades que eu achava que estava construindo ali, me pareciam não tão sólidas como eu pensava.
Perder o Ilmar como aliado no jogo me deixou bastante abalado. Nossa ideia de irmos nós 3 até a grande final e deixar o público decidir parecia perfeita, mas o tempo me mostrou que esse pensamento não era compartilhado por nós três.
Na reta final, nos vimos novamente sob a ameaça de sermos emparedados. Não nos “acadelamos” e lutamos feito guerreiros para que isso não ocorresse. Ao ser desclassificado da última prova de resistência, sentei no gramado e ali fiquei por 12 horas. Meus gritos e assovios ecoaram pelo PROJAC. Sabia que minha voz em seus ouvidos lhe daria garra para vencer aquela prova.
E como fiquei feliz e orgulhoso quando você voltou com a vitória nas mãos. A última chance de sermos emparedados, um contra o outro não existia mais!
Com muita coragem enfrentei e voltei do paredão com Marinalva com 77% de aprovação. Nossa batalha, nossa união, nosso relacionamento, nossas conquistas tornavam-se épicas. Ajoelhei com você diante da bandeira deste país que tanto amo para agradecer os votos da nação.
E foi ali que você cometeu um dos seus maiores erros dentro do programa: ao ouvir minha torcida gritar “É campeão!”, passou a me ver como alguém que eu nunca tinha sido para você: um adversário.
Ahhh… Picinho… São tantas coisas que eu sei e não queria saber… Ou será que você esqueceu que eu “fui programado para desconfiar”?
Sei porque você passou a me olhar de modo diferente a partir do momento em que ouviu minha torcida gritar: “É campeão!” Seu olhar surpreso estava de acordo com as atitudes que viria a tomar nas 24 horas seguintes…
Sei porque você insistia em não me contar porque tanto lhe chamavam no confessionario no decorrer de domingo…
Sei porque na segunda-feira, 10/04, dia de minha eliminação, você estava tão distante de mim…
Sei porque você pediu e foi várias vezes ao confessionário…
Sei porque você me perguntou o que seria considerado como uma agressão física na mesa enquanto eu esculpia o mascote do programa em um bloco de sabão.
Na segunda-feira, dia de minha eliminação, ao sair do confessionário pela última vez, você veio até mim na cozinha e me encontrou lavando a louça. Vestia o roupão laranja e arrumava o microfone no braço direito, pois o tinha retirado para ser examinada pelo médico da produção. Sei porque você não conseguiu falar comigo e saiu chorando para fora da casa dizendo: “Meu Deus… O que eu fiz…”
O peso em sua consciência era tão grande que nem as palavras que hoje sugerem a verdade você conseguiu segurar… Deus viu sim o que você fez, e, aos poucos, as pessoas vão ver também.
Considero essa uma das cenas mais tristes do programa: você acabava de acusar injustamente a pessoa que você dizia que tanto adorava!
Vi você saindo, chorando pelo espelho da cozinha, e lembra do que eu fiz? Saí atrás de você lá fora e lhe ofereci ajuda caso precisasse. Estava lhe oferecendo a minha outra face pra você bater.
Sei por que nesse mesmo dia foi a única vez que você não foi espontaneamente atrás de mim na academia. Lembra que tive de chamar você lá fora para você me ajudar? Sentia que você não estava com muita vontade de ficar perto de mim. Simplesmente não acreditava no que você estava armando contra mim.
Sei por que nosso último beijo na academia foi tão frio…
Sei por que na sequência você também não quis entrar na piscina comigo, dizendo que já havia tomado banho. Toda essa falta de parceria era inédita e você ainda achava que eu nao sabia o porquê.
Sei por que você nao fez cara de duvida quando me chamaram pela última vez no confessionário.
Sei por que você não disse: “Não tá esquecendo de nada?”. Seu último beijo já havia sido dado na academia.
Infelizmente também sei o que você sentiu quando ouviu meus gritos aos prantos na porta do lado de dentro do confessionario pedindo pra você retirar a acusação que havia feito às 20h daquele dia.
Sei por que você chorou sem lágrimas quando Tiago Leifer anunciou minha eliminação.
Sei por que você tapava o rosto com as mãos enquanto “chorava” no colo da Ieda.
Sei por que você demonstrava tanta saudade de mim, cheirando minhas roupas após a minha saída, mas não demonstrou isso na final, ao sair da casa.
Sei, Emilly, por que você não veio me abraçar na final… E foi tão feio… Não jogue a culpa na sua irmã…
Você se enganou sobre qual seria a minha atitude. O tiro de misericórdia que você deu em minha nuca na reta final do programa matou o homem que a adorava lá dentro, mas não o homem que a perdoaria aqui fora.
Confesso que a partir do momento em que entrei no confessionário pela última vez e fiquei sabendo de sua traição, fiquei bastante decepcionado com você.
O meu desejo de ver você campeã era tão grande que neguei o chute que você me deu na volta da piscina após a brincadeira de esconde-esconde e também o fato de você ter jogado a boia da trident propositalmente em meu rosto, dentro da piscina, no entardecer do dia 5/4. Ou você acha que também não me foi oferecido dar queixa de você?
Após sair da casa, em momento nenhum fiz torcida contra você. Entretanto, não consegui conter os votos de minha família e amigos, os quais também foram informados de sua denúncia contra a minha pessoa no dia 10/4 às 20h.
Sei, há algum tempo, que ninguém é de todo bem e nem de todo mal. Às vezes a gente erra e essa foi a sua vez de errar gravemente comigo. Só não imagina a dimensão da sua ganância.
Saber perdoar é para poucos. Diria que você tem sorte em eu ser um deles. Mas você realmente não precisa pedir perdão para mim, mas talvez tenha que pedir a todas as pessoas que acreditaram no amor que você dizia sentir por mim.
Tem outra pessoa, pela qual você tanto chorou durante o programa, que viu tudo que você fez lá do céu, e para essa eu creio que você também deveria pedir perdão.
Tente se lembrar de todos os conselhos que eu dei para você. Demorei anos pra aprender tudo o que te falei, e todos os conselhos foram dados com muita sinceridade e carinho.
Nao deixe de doar uma parte do prêmio, conforme prometido, às pessoas que precisam mais do que você. Você sabe a dor que eles sentem.
E lembra do COSMOS?
Ele existe sim! Respeite-o sempre e esteja preparada para o que ele decidir por você, por mim e por todos que nos rodeiam.
Nossa história de amor terminou no momento em que entrei no confessionário e descobri quem realmente é você. Seu pedido para me retirar do programa me mostrou que o que você sentia por mim tinha um preço. Meu coração se estraçalhou naquele exato momento, pois mesmo sabendo que era capaz de lhe perdoar, entendi que jamais conseguiríamos construir uma relação na qual o dinheiro já havia sido colocado acima do amor uma vez.
Você ainda é jovem. Tem tempo para refletir e mudar. Saiba que pessoas do bem existem e elas vão querer te ajudar de uma forma tão incrível que você pode levar algum tempo para entender.
Siga com Deus, desejo-lhe muita luz interior e que a paz esteja sempre com você e com a sua família.
Sei que você vai negar, gritar, espernear, fazer tudo o que fazia no programa quando as pessoas apontavam uma falha em você. Mas eu espero apenas uma coisa de você: feche os olhos, respire fundo, vá bem lá dentro de você. Procure um lugarzinho onde você está sentindo uma dorzinha.
Aprenda que em toda a história da humanidade, amor e caráter nunca estiveram à venda.
Adeus.
Marcos de Oliveira Harter”