Eu li o seguinte conselho, digamos assim: “A sua primeira tarefa do dia deve ser arrumar a sua cama, porque, se à noite nenhuma das tarefas deu certo, uma, com certeza, Deus permitiu que fosse concluída com sucesso: a da cama arrumada. Não sei porque cargas d’águas, veio na lembrança a primeira cama diferenciada que tive na vida. Explico, morava em um colégio – dos meus pais – e vivia em regime de internato, claro, todas as camas eram exatamente iguais.
Foi quando a minha irmã Emina Mustafa recebeu o seu primeiro salário de professora, ganhou um quarto reservado e podia ter uma cama diferenciada. Como fui criada praticamente por ela, comprou duas camas, marca Patente, igualzinha que a gente via nas revistas de moda, naquela época, um luxo na cidade.
A cama tinha espaldar roliço, contorno abaloado, madeira amarelinha e envernizada. Para completar o presente inesquecível, a querida irmã de coração, comprou, na Casa Colombo, que ficava na Sete de Setembro, lençóis de algodão estampados com flores multicoloridas. Olha, ia muito contente dormir na minha cama nova, parecida com aquelas que a gente via nos filmes americanos com final feliz.
Mas, voltando ao conselho inicial, não era muito afeita a cumprir a tal primeira tarefa do dia, pois não é que tomei gosto? Ao ponto que minha secretária do lar – que não é mais a Nefredite, que virou blogueira, lembra? – perguntou (senti um pouco de malícia na indagação): Mazé (gosto dessa intimidade), tu não tens dormido em casa? A cama está sempre arrumadinha… Pano rapidíssimo. Até.