Foram descritas três novas espécies de aranhas que são encontradas na Amazônia Internacional.
Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas relativamente isolados da América do Sul. Eles vivem nas florestas da região amazônica brasileira e sul da Venezuela. Atualmente possuem uma significativa importância cultural e histórica para o país e sua população total é próxima dos 40 mil indígenas.
Contudo, recentemente, os Yanomami se tornaram fonte de inspiração para nomeação de um novo gênero de aranha, próximo ao das tarântulas, batizado de Yanomamius. As descobertas foram feitas por pesquisadores do Instituto Butantan e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o estudo foi publicado na revista científica Zootaxa.
São elas: Yanomamius raonii, Yanomamius franciscoi e Yanomamius neblina. O Portal Amazônia elenca alguns pontos da descoberta e suas respectivas homenagens. Confira:
A descoberta
Em meados dos anos 2000, um dos autores do artigo, Rogério Betani, recebeu aranhas caranguejeiras enviadas de uma antropóloga venezuelana para identificação. Porém, pelo tamanho destas, percebeu que não se encaixavam em nenhuma espécie até então conhecida, e foram nomeadas como Holothele waikoshiemi, que significa “um tipo de aranha” na língua dos Yanomamis.
Após visitas no Inpa e nos Estados do Amazonas e Roraima, com identificação de machos e fêmeas, foi realizada a descrição do gênero, por meio da taxonomia, ramo da ciência responsável por identificar e dar nome aos seres vivos e suas classificações.
Homenagens
A Yanomamius raonii recebeu o nome do cacique Raoni Metuktire, por sua liderança durante décadas na defesa da Amazônia e na preservação da cultura indígena. Sua trajetória de luta pelo seu e outros povos é antiga: em 1971, liderou a resistência contra a BR-080 (conhecida hoje como a MT-322) e, desde sempre, esteve à frente das lutas pela demarcação da Terra Indígena (TI) Capoto Jarina.
Tornou-se uma espécie de embaixador global da necessidade de preservação do meio ambiente e chegou a conversar com lideranças internacionais como o presidente francês Emanuel Macron.
Já a Yanomamius franciscoi é um reconhecimento ao biólogo que trabalha no Inpa, Francisco Xavier, que colaborou com as coletas.
Por fim, a Yanomamius neblina teve como inspiração o Pico da Neblina, onde foi encontrada uma das espécies.
“Além de ser uma homenagem a uma importante etnia indígena, os primeiros espécimes que conheci foram coletados pelos ianomâmis, que os utilizam como alimento”,
comentou o autor do estudo em entrevista ao Butantan.