Amazônia vizinha: brasileiros relatam experiência de morar na Guiana

Apesar de compartilhar o clima tropical e a Floresta Amazônica, há muitas diferenças entre o Brasil e a Guiana.

A Guiana é vizinha do Brasil, mas pouco conhecida por aqui. Apesar de compartilhar o clima tropical e a Floresta Amazônica, e por isso fazer parte da Amazônia Internacional, há muitas diferenças entre os dois países. Muitos brasileiros decidiram se mudar para o país vizinho em busca de novas oportunidades e, claro, visando o melhor para o futuro. 

A descoberta de petróleo em águas profundas foi o que deu à Guiana um novo fôlego para o futuro. Após a exploração começar, o Produto Interno Bruto (PIB) do País subiu 43,5%, em 2020 – um dos maiores crescimentos do mundo, segundo os dados do Banco Mundial.

Georgetown, a capital da Guiana. Foto: Reprodução/Agência Brasil

O brasileiro Alex Matte, engenheiro de petróleo, mudou-se para o país em 2018, no início das perfurações e, desde então, viu as mudanças acontecerem. “Para você ter uma ideia, a Guiana é o maior projeto de perfuração de petróleo em todo mundo, os investimentos nesse país são gigantescos”, afirma.

A chegada de estrangeiros no país por causa do petróleo também movimenta outros setores da economia. Na capital, Georgetown, o empresário brasileiro Lucas Matos abriu a segunda unidade de sua academia. “Agora, é o momento de se investir, para pegar esse embalo do petróleo”, explica. A melhoria de vida dos guianenses e também a presença de mais estrangeiros no país aumentaram a demanda pelo mercado fitness.

No futebol, um outro brasileiro também fez da Guiana seu lar. Wilson Toledo é diretor de Instrução de Treinadores da Federação de Futebol do país. Ele conta que ali, o esporte ainda engatinha, mas muito trabalho tem sido feito para mudar esse cenário. 

A União das Federações Europeias de Futebol (UEFA) tem sido uma parceira para a Guiana. “Eles vão ajudar em todos os setores e eu acredito que esse desenvolvimento pode demorar um tempo, mas vai acontecer”, diz esperançoso.

A chegada de estrangeiros no país por causa do petróleo movimentou a economia do país. Foto: Reprodução/Agência Brasil

Para quem chegou há mais tempo, como o joalheiro brasileiro, Ismael Sanchez de Lima, que mora na Guiana há 21 anos, as mudanças no país são visíveis. Entretanto, há áreas em que ele considera que é preciso melhorar muito. “Médico, dentista, aqui é muito difícil, se há algum investidor nessa área, há oportunidade, a saúde aqui é um tanto quanto precária”, revela.

O casal Nice Santos e Valdinei Magalhães chegou há 20 anos no país e construiu uma vida melhor do que antes. Foram para trabalhar em um restaurante e hoje são donos de um. “Eu via muita impossibilidade no meu país, mas hoje até meus filhos tiveram muitas oportunidades de trabalho aqui, o que eu não tinha lá”, analisa Nice. 

O negócio dos dois tem dado certo e Valdinei expandiu: comprou um sítio e começou a criar tambaqui, uma espécie de peixe pouco conhecida na Guiana. Já vende cerca de 4 mil quilos por mês.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Segundo estimativa do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, há 15.800 brasileiros vivendo na Guiana, o que representa 2% da população do país, que é de 786.559 habitantes. A curiosidade sobre o vizinho desperta o interesse em aprender o português, em um local em que a língua oficial é o inglês.

No Centro Cultural Brasil-Guiana, em Georgetown, oficinas, eventos e cursos são realizados para mostrar o Brasil. Teresinha Marques, diretora do Centro, afirma que muita gente procura o lugar para conhecer um pouco mais sobre nós. “São alunos que trabalham ou universitários que têm interesses em aprender o português como ferramenta de trabalho”, explica.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Leia também

Publicidade