Conheça os bares tombados como Patrimônio Cultural Imaterial do Amazonas

Na sua maioria situados no centro histórico da capital, esses bares se tornaram ponto de reuniões de amigos para uma boa e gelada cerveja, conversas sérias e fiadas ou ouvir uma boa música.

O centro de Manaus possui mais de 1.600 imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico Municipal. Cuidar destes imóveis é responsabilidade de todos, proprietários e poder público.

Mas vocês sabem que bares são esses?

O projeto de Lei do deputado estadual Bosco Saraiva (PSDB), transformou em Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, cinco dos mais tradicionais bares de Manaus, Bar do Armando, Caldeira, Jangadeiro, Bar do carvalho e Bar do Cipriano. 

Na sua maioria situados no centro histórico da capital, esses bares se tornaram ponto de reuniões de amigos para uma boa e gelada cerveja, conversas sérias e fiadas ou ouvir uma boa música.

Bar Caldeira

Foto: Arquivo/Manauscult

O nome original do estabelecimento na esquina das ruas José Clemente e Lobo D’Almada era Mercearia Nossa Senhora dos Milagres.

Mas, no dia 14 de Janeiro de 1970, a história de Manaus foi registrada por uma grande tragédia. Neste dia, ocorreu a explosão das caldeiras da Santa Casa de Misericórdia, vitimando fatalmente 3 pessoas e deixando outras 15 feridas.

O barulho da explosão foi tão ensurdecedor, que todos os moradores das ruas José Clemente e Lobo D’Amada, correram para as janelas de suas casas, onde viram pedras e destroços voando por todos os lados, os mesmos achavam que se tratava de um terremoto, visto que tal explosão, fez com que tremesse o Tribunal de Justiça, o Quartel do Comando Militar da Amazônia, a Gráfica Rex e dezenas de casas da José Clemente, Lobo D’Almada e Dez de Julho.

Reprodução: Divulgação

A causa da tragédia foi uma super pressão no interior das caldeiras, em decorrência do entupimento da válvula de escape e o excesso de lenhas colocadas pelos foguistas (funcionário incumbido da alimentação, vigilância e manutenção de uma caldeira).

E foi ao meio dessa tragédia no centro de Manaus que o Bar Caldeira, que até então antes chamava-se “Bar Nossa Senhora dos Milagres” mudou o nome, sendo que por um milagre, nenhum boêmio fora atingido pelos destroços da explosão da caldeira do Hospital da Santa Casa de Misericórdia.

Intitulado pelos clientes como Templo Sagrado Caldeirense, o bar exalta todas as expressões artísticas, possui ainda uma galeria de artes, promovendo eventos independentes.  Além de movimentar economicamente e culturalmente o centro de Manaus, o Caldeira é conhecido por  promover a difusão e conexão do público com os artistas amazonenses.

Bar do Armando

O bar do Armando é ponto de encontro dos boêmios da cidade (Foto: Mônica Dias/G1)

Um dos estabelecimentos mais tradicionais de Manaus, conhecido pelo famoso sanduíche de pernil e pelos bolinhos de bacalhau, o antigo ponto de encontro de artistas e políticos da capital virou um ponto turístico popular que encanta pelo ambiente nostálgico de boemia e a bela vista do Teatro Amazonas.

A história do bar iniciou na década de 70, quando seu fundador Armando Dias Soares, chegou de Portugal em Manaus. Desde então há mais de seis décadas, o bar é um ícone da cultura amazonense, sendo espaço para formação da Banda da Bica, que tem seus principais fundadores Armando Soares.

Banda da bica, centro de Manaus — Foto: Ive Rylo/ G1 AM

Fundada em 1987, a Banda Independente Confraria do Armando, ou ‘Banda da Bica’, leva foliões boêmios da capital a invadirem as ruas no carnaval, saindo da Avenida Eduardo Ribeiro em direção à Avenida Getúlio Vargas, com letras que fazem críticas ao cenário político local.

O Bar do Armando, localizado na rua 10 de julho, hoje está nas mãos de Ana Cláudia, filha do fundador.

O Jangadeiro

Reprodução: G1 AM/Foto: Rafael Amorim)

Ambiente simples, com decoração rústica e artigos que lembram Portugal, essas são algumas das características do bar  ‘O Jangadeiro’ , que possui mais de seis décadas de existência. Localizado na Rua Marquês de Santa Cruz, o local é point para os amantes do samba de raiz.

Bar tradicional, o Jangadeiro oferece uma variedade de petiscos, mas o segredo está na pimenta servida. A receita existe há anos na família.

Bar do Carvalho

Foto do fundador do bar fica estampada na parede do local — Foto: Indiara Bessa/G1 AM

Na esquina da rua Ipixuna com a avenida Castelo Branco, bairro da Cachoeirinha, zona sul de Manaus, um bar tímido atrás das copas das árvores esconde histórias para mais de três gerações.

O prédio do Bar do Carvalho tem 104 anos. O primeiro José Carvalho da família era português e chegou em Manaus no início do século XX também com a proposta de montar um mercado, que por sinal, ganhou fama pela cidade. Mas quem deu nome ao bar foi o filho, também José Carvalho, que iniciou a tradição na década de 1950.

 Nas primeiras décadas do século XX funcionava um comércio de estivas no prédio. As portas foram fechadas por alguns anos com a derrocada da era da borracha, e reabertas em 1955 por José Carvalho; que mantém aberto até os dias de hoje.

A esquina onde está localizado o bar, já foi palco de muitos noticiários policiais de antigamente, tudo por causa dos inúmeros acidentes automobilísticos com vitimas fatais que aconteciam por ali, tanto que o local ficou conhecido como “A Curva da Morte”.

Bar do Cipriano

Bar do Cipriano/Foto: Indiara Bessa/G1 AM

O Bar do Cipriano, chamado também como Confraria Bar do Ferrão, localizado na esquina da Avenida Ayrão com a rua Ferreira Pena, foi fundado em 1958, e ficou famoso por receber personalidades do mundo artístico e da comunicação de todo o Brasil. 

Muito frequentado por empresários e boêmios da velha guarda de Manaus, o estabelecimento não perdeu a essência também na aparência física. As portas de madeira, o piso, as árvores na calçada, tudo isso fazem com que mais de meio século de existência justifique a fama do local.

O bar é conhecido pela tradicional Malhação de Judas, costume antigo da Igreja Católica, na Semana Santa.

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