A campanha foi veiculada nos canais do Grupo Rede Amazônica, que dedicaram parte de sua programação para a promoção e valorização do Jazz
Se tivéssemos que atribuir uma única característica ao projeto Cidade do Jazz, em sua edição de 2022, encerrada no último dia 21 de julho; essa característica seria “superação”. Ainda que inspirada na edição inaugural, realizada em 2020, a segunda edição veio com uma proposta muito mais audaciosa que sua antecessora, não só na diversidade de ações, mas também na abrangência e acesso da população às atividades. Nada mais justo, considerando que a edição realizada em 2020 foi interrompida com o início da pandemia de Covid-19. A nova etapa veio com um propósito: resgatar a alegria e o sorriso de muitos amazonenses.
E nisso, o projeto teve sucesso. Onde as atividades do Jazz passavam, o público recebia a equipe de braços abertos, com alegria e muita disposição e interesse em saber mais sobre o tema. Não foi raro perceber que em vários desses casos, era a primeira vez que a pessoa tinha contato com esse tipo de expressão.
“Nunca tinha ouvido esse tipo de música e achei bem interessante, as atividades foram dinâmicas, teve dança, ações de educação, saí dessa atividade com vontade de conhecer mais sobre o Jazz”, disse a estudante Vitória Silveira, aluna do 1º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Alice Salerno (Parque Dez), que classificou o estilo como animado e ao mesmo tempo intimista.
Ao se lançar nesse empreendimento de disseminar o Jazz enquanto forma importante e válida de expressão artística e cultural, o projeto abre portas para que novas pessoas tenham acesso e possam se interessar por essa vertente. Ainda que seja nascido nos Estados Unidos, o Jazz há muito tempo desembarcou por aqui, se integrando à cultura nacional e evoluindo junto com ela, de forma mais marcante na Bossa Nova, mas com uma influência bem mais abrangente, emprestando técnicas e elementos até para o Beiradão, ritmo que encontrou sucesso em alguns cenários boêmios de Manaus e do interior do Estado.
Impulsionado pela campanha ‘Cultura Transforma’, o Jazz foi apenas um representante dessa grande iniciativa da fundação de estimular a transformação pessoal, cultural e social através do incentivo à cultura, com a possibilidade ainda de gerar novos talentos e profissionais dedicados a propagar a arte e a cultura.
A campanha foi veiculada nos canais do Grupo Rede Amazônica, que dedicaram parte de sua programação para a promoção e valorização do Jazz, por meio de vídeos educativos, campanhas de divulgação e reportagens jornalísticas.
“A experiência anterior nos deu a capacidade de fazer algo muito mais interessante, que foi transformar o projeto em uma ação itinerante, que passou por vários bairros e pode levar o Jazz para perto da população naquele momento em que todos estavam vivendo o isolamento. Por onde o Caminhão do Jazz passou, era visível o brilho nos olhos de quem acompanhava. Conseguimos reforçar a importância da música e da arte na vida das pessoas, resgatando alegria e identidade”, explica Marcya.
Alcance digital
Sem qualquer dúvida, a edição 2022 do projeto teve um alcance superior à primeira, de 2020. Muito disso se deve à fase virtual do projeto, onde artistas inspirados pelo Jazz apresentaram obras visuais, publicadas no Instagram. O número de alcance das obras dos artistas superou 20 mil visualizações.
Os organizadores do evento também estimam que mais de 5.000 pessoas foram envolvidas direta e indiretamente nas atividades presenciais e itinerantes do projeto, entre os estudantes que participaram das intervenções do Caminhão do Jazz nas escolas de Manaus, em junho, e visitantes da exposição e dos shows promovidos no Amazonas Shopping, no período de 1º e 21 de julho.
Incentivo à arte local
Um dos objetivos que o projeto contempla desde a sua concepção é fomentar a cadeia artística local, com o envolvimento e contratação de artistas da região, que assumiram um papel de protagonista nas atividades realizadas. As ações envolveram e incentivaram mais de 80 trabalhadoras e trabalhadores da cultura. A classe, de acordo com os coordenadores do projeto, foi uma das mais prejudicadas no período pandêmico, uma vez que grande parte das atividades culturais envolve a presença e a interação entre as pessoas. Muitos artistas tiveram que recorrer, inclusive, a campanhas de doação de cestas básicas para se manter e, mesmo com a redução dos números de casos agora em 2022, depois de três ‘ondas’, ainda encontram dificuldades em retomar a dinâmica anterior, agravada pela crise econômica.
“Acredito que nunca tivemos um momento tão particular e drástico como foi esse período. Muitos artistas perderam suas fontes de renda e a pequena parcela que teve a oportunidade de trabalhar teve que redobrar os cuidados, com muito zelo e organização, para evitar a contaminação do vírus da Covid-19” afirma o bailarino Branco Souza, que fez parte da equipe de quatro profissionais da dança responsáveis por animar e envolver os estudantes nas ações do Caminhão do Jazz.
De acordo com o bailarino Branco Souza, o projeto superou as expectativas. “Conseguimos captar muitas pessoas que aderiram à proposta musical rítmica, inclusive de dança, onde muitos participaram, se divertiram e aprenderam um estilo e uma linguagem que está inserida indiretamente no meio delas, porém com artistas e referências do jazz que poucos são lembrados ou escutados durante o dia a dia e vivência de cada pessoa”, afirmou.
Na etapa do Jazz Virtual, quem assumiu protagonismo foram cinco artistas visuais da cidade, convidados a criar obras a partir da inspiração do Jazz em suas vidas e trajetórias artísticas. As obras foram divulgadas entre junho e julho – e ainda estão disponíveis – no Instagram da Fundação Rede Amazônica. Cada artista recebeu um cachê para participar do projeto.
Encerrando com chave de ouro, o projeto convocou, novamente, alguns músicos da cidade para reacender a banda ‘Cidade do Jazz’. Os shows foram realizados durante a última fase do projeto, uma exposição realizada no Amazonas Shopping. Também foram convidadas três cantoras locais para fazer parte da ação.
“O projeto gerou benefícios não apenas aos artistas convidados, mas também foi um incentivo e reconhecimento a diversos profissionais de diferentes áreas envolvidas na produção cultural, que atuaram direta e indiretamente para fazer o projeto virar realidade e alcançar a projeção que teve”, explica a equipe organizadora.