Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia
No primeiro painel da terceira edição da Glocal Amazônia em Manaus (AM), nesta quinta-feira (28), abordou um dos temas mais discutidos na atualidade: ‘Tecnologia verde: IA, Big data e inovação para a floresta’. Os especialistas discutiram como tecnologias podem servir para a proteção, monitoramento e conservação da floresta amazônica.
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O debate reuniu especialistas de diversos setores que ressaltaram como os saberes tradicionais e a inovação podem ser integrados a soluções tecnológicas que podem ajudar e contribuir para a a proteção e a conservação da floresta.
O painel contou com a presença de Paulo Guilherme Molin, coordenador do Centro de Pesquisa e Extensão em Geotecnologias (CePE-Geo) e do Laboratório de Geotecnologias, ambos na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (ESALQ); Carlos Souza Junior, coordenador técnico-científico do SAD Earth Engine e do Projeto MapBiomas, co-fundador da Eco-Lógica Consultoria Socioambiental e da startup Terras App; Justino Rezende Tuyuka, indígena do povo Utãpinopona-Tuyuka, antropólogo, pesquisador e pós-doutorando no ‘Projeto Patrimônio e Territorialidade: percepções passadas, presentes e futuras entre os Tacana, Tsimane e Waiwai’; e Allan Gomes, coordenador do Centro Popular de Comunicação e Audiovisual (CPA). O painel foi mediado pela superintendente adjunta geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Valcléia Lima.

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De acordo com Allan Gomes, a inovação só é de fato verde se ela for comunitária, ou seja, feita coletivamente em conjunto com o interesse público, principalmente na Amazônia que possui “uma dimensão continental e variedade sociocultural”. Para ele, a Amazônia precisa de tecnologias, mas também de decisões sobre o uso dessas tecnologias.
“É interessante os espaços como a Glocal porque a gente consegue articular vozes plurais de comunidades tradicionais, de cientistas e de organizações do terceiro setor que discutem questões de produção da florestas, que discutem soluções e também apresentam críticas a modelos que estão aí, as vezes aparecendo só para reforçar exclusões”, afirmou.
Valcléia Lima, da FAS, ressaltou a importância de conectar a tecnologia com os saberes tradicionais e a necessidade de considerar tanto soluções quanto preocupações ao implementar novas tecnologias.
“Levar a tecnologia para dentro das comunidades é importante, sem deixar de conectar com os saberes ancestrais, já que as vezes a gente acha que levar uma inovação a gente vai mudar a realidade, quando de fato a gente pode até levar algumas preocupações para esse território. A Glocal é isso, é a gente pensar que existem soluções para uma série de questões. O importante é criar soluções para coisas que muitas vezes são simples de resolver, mas acaba não sendo priorizado”, declarou.

De acordo com Justino Tuyuka, as tecnologias verdes podem ajudar e contribuir, mas não vão solucionar os problemas do mundo, como os conhecimentos tradicionais não são soluções para os problemas do mundo atual, mas as duas, ou inúmeras ciências, podem se complementar e buscar soluções mais adequadas para o mundo de hoje.
“Aposto na questão da interdisciplinaridade que nos ajuda a ampliar nossos conhecimentos e outras possibilidades na questão da ancestralidade. A ancestralidade se refere ao nosso passado e como diziam os indígenas: ‘só o passado que ensina, o futuro não ensina porque não existe’. Então é importante não esquecer a ancestralidade e como o conhecimento era transmitido”, afirmou.
Além disso, os participantes do primeiro painel do evento também exploraram os desafios éticos e técnicos na Big Data e como a coleta de dados precisa trabalhar em larga escala para fazer disso benéfico para todos, os principais objetivos no desenvolvimento de ferramentas de monitoramento remoto dos territórios e como tirar as comunidades da invisibilidade para atender as necessidades e garantir o acesso a programas sociais.
Sustentabilidade pode ser corporativa?
O segundo painel do primeiro dia tratou sobre a ‘Sustentabilidade corporativa: como empresas podem impulsionar o desenvolvimento sustentável e valor de mercado na Amazônia’. O objetivo dos participantes foi pontuar a importância de conectar o conhecimento local com as inovações globais.
Participaram do painel a jornalista Daniela Assayag; a superintendente adjunta geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Valcléia Lima; a CEO da Bee2Be, Simone Ponce; a empresária Priscila Almeida; e o CEO do Grupo Rede Amazônica, Phelippe Daou Júnior.

“Ao promover a transformação social, geramos o cuidado com a região, a valorização de suas riquezas e a otimização do seu aproveitamento. Isso, por sua vez, cria um ambiente propício para o desenvolvimento das pessoas e das empresas”, destacou Simone Ponce sobre os modelos de empreendedorismo amazônicos.
Já Phelippe Daou Júnior enfatizou que a missão dos ambientes corporativos também tem que envolver a valorização dos recursos locais: “Nós promovemos a troca de conhecimento. Valorizamos o que você já tem, e então nós alavancamos e mostramos para o mundo. Não foi uma transformação, não foi uma criação. Foi uma valorização de tudo que é produzido na terra pelas mãos das pessoas que cuidam dessas terras, com os seus conhecimentos milenares, respeitando as relações ecossistêmicas para alimentar o mundo”.
“Nosso objetivo é o desenvolvimento sustentável, sem jamais esquecer que as pessoas que vivem na região são o nosso maior patrimônio. Elas merecem respeito, cidadania e acesso aos seus direitos em todo o mundo”, afirmou.
O evento acontece no Centro de Manaus, entre o Centro Cultural Palácio da Justiça e o Largo de São Sebastião, até o dia 30 de agosto. Confira a programação completa AQUI.
Glocal Experience Amazônia 2025
A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.
