Série Glocal Amazônia 2025: “Amazônia é cultura, vida e cura”, afirma Isabelle Nogueira

Isabelle Nogueira foi um dos destaques do painel 'Da Amazônia para o Mundo – Arte e Cultura como Potência Global', na Glocal Amazônia 2025, em que os participantes contaram, sob seu ponto de vista, como a arte pode educar.

Isabelle Adriana Nogueira Dias. Mas para o público: Isabelle Nogueira. Nascida em Manaus, no Amazonas, Isabelle construiu uma trajetória marcada pela dança, pela defesa da cultura amazônica e, mais recentemente, pela responsabilidade de representar o Amazonas no Brasil e no mundo, tonando-se uma das vozes mais potentes da Amazônia atualmente.

Dançarina, empresária, professora, autora de literatura infantojuvenil e influenciadora digital, ela atua desde 2018 como Cunhã-Poranga do Boi-Bumbá Garantido, um dos personagens mais emblemáticos do Festival Folclórico de Parintins. Em 2024, ganhou visibilidade nacional ao participar da vigésima quarta edição do Big Brother Brasil, e, pouco tempo depois, tornou-se oficialmente embaixadora do festival.

Por essa trajetória em que sua voz como amazônida segue em crescente, Isabelle foi uma das convidadas Glocal Amazônia 2025 em Manaus (AM). Pela segunda vez a influenciadora é convidada a participar do evento que busca por soluções para a Amazônia. Dessa vez, Isabelle participou do segundo dia do evento, em 29 de agosto, dia dedicado ao tema “Escolas e Universidades”, reverberando pensamentos sobre como a educação pode ser transformadora.

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Painel ‘Da Amazônia para o Mundo – Arte e Cultura como Potência Global’ foi formado por Adanilo, Isabelle Nogueira, Robério Braga e Jandr Reis. Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia

Neste contexto, o evento buscou reunir especialistas, artistas, lideranças e representantes da sociedade civil para debater sustentabilidade e cultura.

Isabelle foi um dos destaques do painel ‘Da Amazônia para o Mundo – Arte e Cultura como Potência Global’. Sob o ponto de vista de sua arte, ela ressaltou a importância de realizar grandes encontros na Região Norte como forma de ampliar o protagonismo da Amazônia:

“Uma das formas de expandir a Amazônia é trazer grandes eventos para Manaus, para o Amazonas. Aqui a gente tem essa oportunidade de debater assuntos que são extremamente necessários para a nossa terra. Precisamos ter mais encontros como esse, com palestras, oficinas e debates que movimentam o Brasil e o mundo, mas que também têm que acontecer aqui, para que o Amazonas esteja sempre no topo. Além de tudo, isso gera um giro econômico dentro da economia criativa, que é essencial para fortalecer nossa região”, afirmou.

Para Isabelle, eventos como a Glocal funcionam também como preparação para a COP 30, que será realizada em Belém (PA) este ano. Ela considera o encontro um marco histórico, já que trará delegações de todo o mundo para discutir os rumos do planeta em território amazônico.

“A COP 30 é um evento extremamente necessário. É um momento de debate e de tomadas de decisão em prol da humanidade. Ter a COP 30 aqui é mostrar nossa força, nossa cultura e nossas experiências para o mundo. É também lutar pela preservação da fauna, da flora e da nossa identidade cultural e ancestral. Eu acredito que teremos decisões importantes que impactarão de forma positiva não apenas o Brasil, mas o mundo todo”, avaliou.

Cultura, vida e cura

Mais do que um palco de disputas climáticas, Isabelle enxerga a Amazônia como um organismo vivo, repleto de possibilidades e significados. Seu discurso tem sido marcado pela ideia de que a floresta e seu povo não devem ser vistos de forma única ou simplista.

“Eu costumo falar que a Amazônia é cultura, vida e cura. Cura, porque muita gente ainda reduz a Amazônia a uma bandeira única, quando, na verdade, ela é múltipla e multicultural. Ela é vida, com nossa medicina tradicional. Ela é cura, com toda a sabedoria ancestral que carregamos. Tudo é sobre a Amazônia: desde a fibra de um acessório indígena até um biocosmético feito a partir do tucumã, fruto que nós consumimos no dia a dia, mas que hoje já é usado por grandes empresas”, destacou.

Representante do boi-bumbá de Parintins, ela ainda fez questão de lembrar que a Amazônia está presente em diferentes manifestações culturais do Brasil. Isso porque, por exemplo, artistas parintinenses contribuem nos carnavais do Rio de Janeiro e de São Paulo, festa popular considerada a maior do país.

“Quando o mundo assiste ao Carnaval, lá também está a Amazônia, porque nossos artistas estão ali, levando parte da floresta para essa celebração. Por isso, precisamos enxergar a Amazônia como um todo: cultura, gastronomia, turismo, arte, música, moda e saberes tradicionais”.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Identidade

No painel da Glocal, Isabelle também abordou o tema da identidade cultural e o sentimento de pertencimento como elementos fundamentais para fortalecer a Amazônia e gerar transformação social. Segundo ela, reconhecer a ancestralidade e ter orgulho das próprias raízes é o que garante que a cultura local se projete nacional e internacionalmente.

“Eu vejo que pertencimento é sinônimo de orgulho. Primeiro, precisamos de autoconhecimento. Depois, de orgulho do nosso pertencimento. Da nossa ancestralidade, da nossa forma de falar, da nossa gíria, da nossa vestimenta. Quando você se orgulha disso, você leva a cultura do seu povo para o mundo. Foi assim com outras culturas que hoje são conhecidas no Brasil inteiro: seus povos se orgulharam de suas raízes e explanaram sua identidade”, explicou.

Ela contou ainda um episódio que simboliza esse processo de inspiração: “Uma pessoa me disse que, depois de me acompanhar, abriu uma gaveta onde tinha um brinco de pena guardado há anos e voltou a usar. Isso é pertencimento. Quando alguém se identifica no orgulho do outro, passa a assumir sua própria identidade também. E é isso que movimenta a economia criativa, o turismo, a gastronomia. É isso que gera mais visibilidade para a Amazônia”.

Foto: Thay Araújo

A voz da Amazônia

Entre a dança, a representatividade cultural e a presença em grandes debates, Isabelle Nogueira tem se consolidado em um papel de liderança para além dos palcos do Bumbódromo de Parintins.

Seu discurso é, ao mesmo tempo, de afirmação cultural e de esperança para um futuro sustentável. Ao falar da Amazônia, Isabelle lembra que ela não é apenas uma floresta a ser preservada, mas uma fonte inesgotável de cultura, conhecimento e inovação. Ela usa sua voz para educar o mundo sobre o que, de fato, representa a Amazônia para o mundo.

“Hoje, com o espaço que tenho, sei que tenho a missão de levar essa mensagem adiante. Mas não é só sobre mim: é sobre cada amazônida, cada pessoa que carrega essa identidade. A Amazônia é profunda, é múltipla e é essencial para o futuro do planeta. Por isso, digo sempre: ela é cultura, vida e cura”.

Glocal Experience Amazônia 2025

A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.

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