Festival Amazonas de Ópera: conheça o trabalho dos cenógrafos do espetáculo

Por trás do brilho do palco existe um trabalho minucioso e artesanal. Conheça o trabalho dos cenógrafos do Festival Amazonas de Ópera

Festival Amazonas de Ópera. Foto: Michael Dantas/SEC AM

Quem assiste ao Festival Amazonas de Ópera se encanta com as vozes poderosas, os figurinos deslumbrantes e a grandiosidade da música. Mas por trás do brilho do palco existe um trabalho minucioso, artesanal e intenso: a cenografia.

É nesse cenário — literalmente — que atua a cenógrafa Georgia Massetani, que há 15 anos contribui com o Festival Amazonas de Ópera (FAO), em Manaus (AM).

“Quem vê de fora não imagina o trabalho que dá. Não é só o talento dos cantores que faz o espetáculo acontecer, tudo compõe a experiência, inclusive o cenário”, revelou Georgia. Como cenógrafa residente, ela participa desde a concepção até os acabamentos dos cenários. Em algumas produções, também assina o projeto cenográfico completo.

Festival Amazonas de Ópera
Cenografia é uma parte importante no Festival Amazonas de Ópera. Foto: Marcio James/SEC AM

Neste ano, Georgia está à frente de dois cenários principais, além de ter contribuído com a direção de arte de alguns concertos. “Mesmo em apresentações menores é importante que os objetos de cena estejam presentes. Isso ajuda o público a perceber como eles se relacionam com a movimentação cênica”, destaca.

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Da pesquisa ao palco

O processo criativo começa meses antes da estreia. “Nosso trabalho começa com uma pesquisa junto à diretora cênica, neste caso a Juliana Santos. Estudamos o libreto, buscamos imagens, textos, referências literárias e visuais. A ideia é entender o que a diretora quer comunicar através daquele cenário”, conta Georgia.

Ela mistura pesquisas acadêmicas e visuais, com especial apreço por livros e bibliotecas. “Gosto de equilibrar o digital com o físico. Livros me dão uma profundidade que às vezes não encontro na internet”, explicou a cenógrafa.

Festival Amazonas de Ópera
O cenário dá uma vida diferente para o Festival Amazonas de Ópera. Foto: Esley Cavalcante/FAO

Com as referências em mãos, começa o esboço pictórico. Para Georgia, a imagem ilustrativa é essencial. “Como já trabalhei com ilustração, preciso visualizar bem o que quero comunicar. Essa imagem me ajuda a pensar na temperatura da cena, nas intenções cênicas”, disse.

Depois dessa fase, entra o trabalho técnico, feito com o auxílio de assistentes. “Eu foco mais na parte artística e deixo a parte mais técnica — como vistas, cortes, plantas — com meus assistentes”, afirmou.

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Um exército nos bastidores

A criação de um cenário de ópera envolve uma equipe extensa e diversa. “Acredito que envolvemos cerca de 60 pessoas, ou até mais. Temos pintores, escultores, aderecistas, tapeceiros, costureiros, marceneiros, serralheiros… Todos eles são fundamentais para dar vida ao cenário”, disse.

Festival Amazonas de Ópera
Georgia Massetani, cenógrafa do Festival Amazonas de Ópera. Foto: Diego Andreoletti/Amazon Sat

A cenógrafa destaca o crescimento profissional que o festival proporcionou para a equipe local ao longo dos anos. “Em 25 anos de festival, muitos profissionais foram se formando aqui mesmo, desenvolvendo um conhecimento técnico muito potente”, contou.

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Desafios

Como em qualquer produção de grande porte, os desafios são muitos — e variam a cada edição. Georgia afirma que a máquina operística nunca é fácil.

“Sempre há algo novo, mas isso também nos amadurece. Trabalhar com pessoas tão diferentes exige delicadeza, paciência e empatia. No final, a magia do teatro quase sempre vence”, afirmou.

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Festival Amazonas de Ópera
Foto: Marcio James/SEC AM

Uma das dificuldades recorrentes é a obtenção de materiais. Mas Georgia vê isso como uma oportunidade de inovação: a cenógrafa afirma que sempre conseguem encontrar os materiais em Manaus ou pensam em alternativas. Para ela, isso alimenta a criatividade. Quando algo falta, sempre encontram uma solução.

E quanto aos imprevistos? Ela diz que sempre acontecem, embora não se lembre de um específico, mas uma lenda urbana chama a sua atenção. “Ah, dizem que tem fantasminhas no teatro! Quando trabalhamos à noite para dar retoques, até brincamos com isso”, comentou, rindo.

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A beleza que o público não vê

Enquanto os aplausos ecoam pelo Teatro Amazonas, Georgia e sua equipe seguem nos bastidores, dando forma aos sonhos encenados no palco. São essas mãos invisíveis que constroem os mundos fantásticos onde a música ganha corpo e cor.

“É um trabalho coletivo, sensível, de muito empenho. E é uma alegria poder contribuir para essa experiência tão intensa que é a ópera”.

Ópera em Rede

O Ópera em Rede é um projeto que tem como objetivos democratizar o acesso à música lírica e a valorização da cultura amazônica, realizado pela Fundação Rede Amazônica (FRAM), com o apoio de: Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM), Governo do Amazonas e Amazônica Net.

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