Conheça os enredos das escolas de samba do grupo especial do Carnaval no Amapá em 2025

Confira detalhes sobre as escolas e aprenda as letras para cantar junto.

Desfile das escolas de samba do Amapá em 2024. Foto: Albenir Sousa/GEA

Vai curtir os desfiles das escolas de samba de Macapá este ano? Que tal conhecer os temas dos sambas-enredos deste ano e as letras das escolas de samba que disputam no grupo especial?

Confira detalhes sobre as escolas e aprenda as letras para cantar junto:

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Império da Zona Norte

A Escola de Samba Mocidade Independente Império da Zona Norte foi fundada em 2 de julho em 1987. Suas cores são amarelo, azul e branco, e o símbolo que lhe representa é a Águia Imperial. Com 1.500 brincantes, o enredo de 2025 é ‘Isaac e sua Alegria: um conto de amor na passarela da folia’. Tem como presidente Imperador Willian Mattos, vice-presidente Michelle Carvalho e carnavalesco Adlan Bismark.

O enredo é uma homenagem à Isaac Menahem Alcolumbre e Alegria Gabbay Peres, pioneiros no desenvolvimento econômico e social do Amapá.

Segundo Adlan Bismark, a proposta artística é apostar “na riqueza dos detalhes, na força da comunidade e na excelência técnica para levar à avenida um espetáculo que conecte tradição e inovação”.

“Com alegorias impactantes, figurinos que traduzem a essência do enredo e uma bateria que promete arrepiar, queremos emocionar e envolver o público do começo ao fim”, destacou o carnavalesco.

Letra do samba enredo

‘Isaac e sua Alegria: um conto de amor na passarela da folia’
Composição: Adlan do Laguinho, Aureliano Neck, Davison Jaime e Tiago Lobato.

É, que maravilha voltar…
E contar uma história de amor.
Eternizar a saga de coragem…
Nos olhos da Alegria refletem Isaac.

No meio do mundo acende a chama…
Na cidade de Macapá.
Sangue marroquino conduz esperança…
Dos sonhos de quem não deixou de lutar.
Encontro emocionante numa noite enluarada…
Um jovem corteja a dama e com ela se casa.

Nessa noite de magia, minha águia Imperial…
Vai brilhar na avenida num retorno triunfal.
E mostrar pra essa gente o poder que tem a fé…
Deus ajuda quem trabalha e sempre mantém de pé.

Nasceu a mais bela união…
Versada na pura paixão…
E no sonho da prosperidade.
Verdade! Quem acredita sempre alcança…
Na força da perseverança…
Em busca da felicidade.

A Casa cresceu, conquistou o apogeu…
Onze sementes o amor floresceu.
Levando nas veias um grande legado…
Isaac se foi, mas foi eternizado. (Refrão 2X)
É chama que arde no peito…
Serei “Império” na vida e na morte.
Não leve a mal, esse é meu jeito…
Eu tenho orgulho de ser Zona Norte.

Piratas estilizados

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Piratas Estilizados foi fundado em 5 de janeiro de 1974. Sua cor é o laranja. Em 2025 o enredo é ‘Da lenda de Iaça ao sabor açaí que conquistou o mundo’ e conta com 1.500 brincantes. Tem como presidente Rebeca Lima, vice-presidente Flávio Picanço e carnavalesco Jorge Pantoja. A direção de carnaval é de Clóvis Jr.

O enredo 2025 do grêmio conta a origem e trajetória do açaí destacando que o fruto se tornou símbolo da identidade cultural e gastronômica da região.

A presidente da agremiação, Rebeca Lima, fala sobre promover conhecimento através da cultura popular:

“Piratas Estilizados traz para a avenida do samba a exaltação de um dos frutos mais apreciados e rentáveis da nossa Região Amazônica, o açaí. Vamos apresentar desde a origem lendária do nome até sua expansão para outros países, não apenas como alimento, mas também como um produto com grande potencial para o desenvolvimento econômico e sustentável”, explica a presidente.

Letra do samba enredo

‘Da lenda de Iaça ao sabor açaí que conquistou o mundo’
Composição: Davison, Antonio Neto e Ailson Picanço

Com a força de Oxóssi e sangue Tupi
Tem açaí, tem açaí!
“ALARANJADO” é o meu DNA
A orquestra faz o coração pulsar

Ê, de onde vem esse sabor?
Que semeia a esperança, seduz com sua cor
Ê, de onde vem esse sabor?
Vou contar uma história que um caboclo me contou
Em uma Aldeia lá nas terras do Pará
A fome aperreia, tempos ruins
Cabaça seca, o Cacique foi mandar:
Sacrificar as cunhatãs e curumins
Mal sabia que sua filha teria uma menina
Iaça chorou, chorou, na despedida
Olhou pro céu, rogou clemência a Tupã
E do seu pranto nasce a fruta “guardiã”

A fartura que a tribo alimentou
Um “sabor marajoara” na Amazônia se espalhou
O dom de ser muito a quem não tem nada
“A mais querida”, riqueza da mata

Poema nos versos de Nilson e João
A força de um povo no sol da manhã
Subindo a “Rampa” pra ganhar o pão
Cada paneiro leva um afã
Amassadeira, vê do fino ou do grosso de primeira
Sobre a mesa tem farinha e tamuatá
Barriga cheia, uma rede pra deitar… Quem quer provar?
E pelo mundo afora, com banana e granola
A “Super Fruta” é a nova sensação
Era só “nosso”, agora é exportação

Império do Povo

A Associação Recreativa Escola de Samba Império do Povo foi fundada em 3 de fevereiro de 1993. Suas cores são verde e branco. Com 1.300 brincantes, em 2025 traz o enredo ‘Kusiwa: o caminho desenhado sobre a pele’. Tem como presidente Wesley Conceição Braga, vice-presidente Rozeni Santiago Braga e direção de carnaval Rosivaldo Santiago Braga.

Este ano associação destaca o grafismo indígena Wajãpi. “Nós vamos tratar sobre o grafismo indígena Wajãpi, que é um tesouro muito grande para nós, amapaenses. É uma honra falar sobre esse patrimônio, porque somos um povo originário, com raízes muito fortes nos povos indígenas. A Império do Povo está preparando um espetáculo muito superior ao desfile do Carnaval de 2024, e tem muita surpresa vindo por aí, desde alas coreografadas até inovações nas alegorias e fantasias”, disse o presidente da escola Wesley Braga.

Letra do samba enredo

‘Kusiwa – O Caminho Desenhado Sobre a Pele’
Compositores: Luido, Rafael Esteves, André Félix, Tomaz Mocidade, Luiz Neto do Salgueiro e Marcinho do Pandeiro

Ê Kusiwa
Wyrau bradará liberdade
Ê Ê Kusiwa
Império do Povo é Força e Coragem

Janejarâ o criador
Jimi´a puku ecoou… pra trazer a harmonia
O mal que devorava bicho e gente,
Tukã-moj foi vencida, restaurando a sintonia
A existência veio sem cor
Wyrakawa celebrou
Pintando as cores da serpente
Os ancestrais perpetuaram a tradição
O real e o invisível hoje tem a ligação

Vem, chegando os Pajés pelos igarapés
No Oiapoque, Jari e Araguari
Resguardar o equilíbrio
Preservando a terrados Wajãpi

Caminho do risco, pincéis embebidos em tinta,
Marcado no corpo e na alma da gente, contornos, misturas
A escolha reflete as vãs criaturas
Evocação do material, uso espiritual
Poder da sedução, urucum, jenipapo e carvão
Inspiração nos animais,
Jakare, Yo, Panã, Jawi
Esses são trações, matizes, cultura dos Wajãpi

Chama… da resistência ainda emana
Grafado em armas contra os Karaikõs
Sabedoria em forma de expressão, repassando, a tradição
O Império é o pintor desenhando no povo
O desejo de ser campeão de novo. (Ê Ê.)

Boêmios do Laguinho

A Associação Universidade de Samba Boêmios do Laguinho foi fundada em 2 de janeiro de 1954. Suas cores são vermelho e branco. Com 1.450 brincantes, em 2025 trabalha o enredo ‘Elogio da Loucura’. Tem como presidente Daiana Ronieli Ramos dos Santos, vice-presidente Marcos Robson, carnavalesco Fran Sérgio de Oliveira Santos e direção de carnaval Marcelo Zona Sul.

Em 2025, a associação traz um enredo inspirado na obra do filósofo renascentista Erasmo de Roterdã, publicada em 1511.

“A proposta veio para a gente sair um pouco do tradicional, o Boêmios é uma escola tradicionalista com enredos tradicionais […] e reflete muito a loucura de ser boêmio. Em primeiro momento pensamos que não é um enredo fácil, que vai ter muitos proventos envolvidos”, disse Daiana Ronieli Santos, presidente da agremiação.

Letra do samba enredo

‘Elogio da Loucura’
Compositores: Professor Rogério Sena, Luizinho Moura e Silva Júnior

Tá todo mundo louco…
Lá vem boêmios!
Negra nação que me alucina
A força do samba, teu povo te chama
Laguinho és o amor da minha vida.

É loucura!
A musa inspiradora da canção
Remédio pra tristeza, a cura
Deusa que flutua na imaginação
Tá no brilho, que encanta os carnavais
Viaja em mentes geniais
Ninfa que faz gritar … chorar, dançar
Nasce da insensatez dá luz aos devaneios
Tá no canto do meu guará.

Me diz aí quem é “normal”?
É mera fantasia ser imortal
De médico e louco tem-se um pouco
Um desatino natural.

De pura ousadia que desafia… Ela é assim
Vai além, rompe limites
Inflama ideias, é fogo sem fim
Pulsa no coração das artes,
Nos traços do mestre a pintar
Insanamente desvenda segredos
Torna mais bonito o dom de criar
Boêmios, surge uma nova era,
Inunda a passarela,
Transborda de emoção
Numa “Pororoca” de paixão.

Maracatu da Favela

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Maracatu da Favela foi fundado em 15 de dezembro de 1957. Suas cores são verde e rosa. Com o enredo ‘Amazonizar: o olhar do poeta Joãozinho Gomes em verde e rosa’, conta com 1.500 brincantes. Tem como presidente Sandro Macapá, vice-presidente Paulinho Torrinha e carnavalescos Roberta Gomes, Lucas Rodrigues e Alerrandro Monteiro.

O Grêmio homenageia o poeta amapaense Joãozinho Gomes em seu enredo este ano. Sandro Macapá, diretor da escola, afirma que o desfile é baseado na história do “maior poeta da Amazônia”.

“Nós vamos falar do maior poeta da Amazônia, esse que versa muito bem e com propriedade sobre a nossa Amazônia, sobre o nosso jeito de ser, sobre a nossa fé, a nossa cultura […] quando a gente pensou ainda em abril sobre o enredo, nós pensamos em algo regional e foi unânime a gente falar desse poeta. Nosso samba tem uma poesia linda, é para frente. É um samba que diz: “a favela vai favelar”, então ele toca no coração de cada integrante verde e rosa” , disse o diretor.

Letra do samba enredo

‘Amazonizar: O Olhar do Poeta Joãozinho Gomes em Verde e Rosa’
Compositores: Adelson Branco, Darllan Ribeiro, Flavinho Bento, Erick Boaventura e Tayson Tyassu

Brilho…
No coração da Pérola Azulada
O despertar de um novo ser
Pra fazer história no caminho
Um paraoara, fruto de juçaras
Formoso em “seduzência”, essência
Do Brasil original pra descrever
Um mundo sem igual

Flecha que passa, protegendo meu iglu
Futuro do presente no jeito tucuju

Terra minha amada, tom de favela!
Teu verde aflora rosas por dentro
Os poemas sentinelas
Declamo como bom exemplo

Melhor ter mão presa em cumbuca
Que por mal de amor virar estrela
Areia, areia,
“Natalina falou”, “Natalina falou” tem cantador
E encanto de cantadeira
No toque a Maracatu chamou
Mão de couro nagô, pro batuque na senzala
Pra convenção dos aflitos resistir
Roda saia, Madalena se “espáia”

Vem ver poesia no horizonte é pergaminho
Transbordar amor é o destino
Fiel guerreira é nossa paixão
Amazonizaremos sim
Quem avistar essa imensidão

A Favela…Vai Favelar
No olhar Joãozinho Gomes amazonizar
Nesse rio mar de emoção
A maré alta são os versos na canção.

Piratas da Batucada

A Associação Recreativa e Cultural Escola de Samba Piratas da Batucada foi fundada em 31 de março de 1973. Suas cores são amarelo e branco. Em 2025 tem como enredo ‘Enredo: A realeza do sertão: o cordel azul e dourado de quem fez deste torrão o seu reinado’. No total, participam 1.480 brincantes. Tem como presidente Alex Pereira, vice-presidente Ilka Carrera, direção geral Sérgio Lemos (Teco) e carnavalesco Cid Carvalho.

Em 2025, a associação homenageia a cultura e migração dos nordestinos para o Amapá. A ideia é mostrar como “Sertão” [os nordestinos] tornou-se rei ao se adaptar ao “Torrão”, que no imaginário é o Amapá.

Segundo Alex Pereira, diretor da escola, a escolha foi por conta das lembranças que as músicas do nordeste trazem.

“Quando a gente vai para uma festa nordestina relembramos o passado, a nossa infância. Nós percebemos que em qualquer época do ano, quando toca essas músicas, a gente se emocionam então pensamos: ‘vamos fazer essa festa para o povo nordestino, que é animado e que vieram para o Amapá […] o comércio, a política, o esporte, em todas as áreas, têm essa influência’. Então daí veio essa inspiração para o enredo”, detalhou Alex.

Letra do samba enredo

‘A Realeza do Sertão: o cordel azul e dourado de quem fez deste torrão o seu reinado’
Compositores: professor Rogério Sena, Ailson Picanço e Silva Júnior

Oxente chegou o Glorioso Imortal
Da Zona Sul, é o Rei do Carnaval
Puxe o fole sanfoneiro no balancê arretado
Vem brincar no cordel todo azul e dourado

Óh, luar clareia!
Feito fogueira a imaginação
Muito longe do Nordeste
O imperador cabra da peste
Inspirou o meu torrão
Na idade média a lembrança:
Com Doze Pares de França
A luta do bem contra o mal
Olha seu moço!
Foi num mar de poesias
Que aventura e bruxaria
Viraram histórias pra contar
Na terra seca o dragão é carcará

Corre que lá vem ele o Majestoso Piratão
Cangaceiro, valente … forte igual lampião
O violeiro cantou os versos do trovador
E a cavalhada virou festa e tradição

Pelo Brasil, se espalha o causo popular
Nas xilogravuras contos e lendas do lugar
Deságuam memórias dessa lida
No rosto já marcado, um sertão
Vi reis e rainhas de um povo
Gente de fibra mudar o meu chão
No Amapá a esperança
Fez Asa Branca pousar
Se avexe não viu? Se avexe não
Nesse arrasta-pé vai ter samba e baião

Carnaval Amazônico – Amapá

O Carnaval Amazônico é um projeto realizado pela Fundação Rede Amazônica, correalizado pelo Grupo Rede Amazônica, com o apoio do Governo do Amapá, Coca-Cola e Rodrigues Colchões.

O projeto une tradição, cultura e entretenimento, levando a Amazônia para o público de toda a Região Norte. Campanhas educativas e socioambientais também fazem parte do projeto.

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