Foto: Rebeca Almeida/Portal Amazônia
O primeiro painel do Palco Glocal no segundo dia da Glocal Amazônia 2025, nesta sexta-feira (29) em Manaus (AM), contou com a participação de artistas amazônidas que ressaltaram a importância de reafirmar a identidade e reverberar a voz da Amazônia para o mundo.
O painel contou com a presença de Isabelle Nogueira, cunhã-poranga do Boi Garantido e influenciadora; Adanilo, ator e escritor amazonense; Robério Braga, ex-secretário de Cultura; e Jandr Reis, artista plástico. O grupo escolhido para o painel ‘Da Amazônia para o mundo: arte e cultura e potência global’ ressaltou a importância da valorização, do pertencimento e do protagonismo da Amazônia.
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Isabelle Nogueira ressaltou como a Amazônia é “extremamente cultural” e como o Festival da Cunhã, criado por ela, por exemplo, resgata a cultura amazonense e ajuda comunidades ribeirinhas que enfrentam dificuldades com as mudanças climáticas.
“Então eu pensei, nesse momento, como a gente vive de fato aqui as mudanças climáticas. Eu pego os alimentos que são doados [durante o Festival da Cunhã] e com uma parceira encontramos uma logística de distribuir os alimentos para várias comunidades. Além disso, só o fato de trazer as pessoas pelo tráfego aéreo gera muito carbono, então, como eu quero zerar o carbono, plantamos aqui na Amazônia 758 árvores, impactando de forma positiva, pensando na sustentabilidade”, contou.
De acordo com Isabelle, é “muito importante que a ancestralidade amazônica seja fortalecida desde a infância para que as crianças tenham orgulho da raiz amazônica e se sintam pertencentes”.

O ator Adanilo ressaltou o pertencimento da Amazônia em grandes produções, reforçando que quem deve estar na linha de frente são os próprios amazônidas.
“Quando comecei a falar de Amazônia ganhei grande destaque, pois nunca se teve um indígena amazônida ocupando um lugar de maior prestígio. O que fez grande diferença para mim foi esse pertencimento, me afirmar assim como pessoa indígena, de Manaus, já que parece que a gente tem que estar sempre se reafirmando muito fortemente para as pessoas entenderem que a gente é isso e que a gente representa isso”, declarou.
O artista Jandr Reis destacou como colocar a Amazônia, os talentos de seus pais (um pescador e uma artesã) e os acessórios ribeirinhos em suas artes fez toda a diferença na carreira. Além de ressaltar a importância das suas obras como ferramenta de preservação da Amazônia.
“Eu sempre estou na luta, eu sempre estou em busca de algo, em mostrar a Amazônia, mostrar o belo para que a gente tenha muita representatividade. Como eu digo sempre, a Amazônia é meu quintal”, afirmou.
Durante todo o painel, a reafirmação da identidade e a preservação da Amazônia foram os destaques. Robério Braga destacou que a união de todos que trabalham com a arte deve ser pensada em benefício de levar a Amazônia para o mundo.
“A arte fica. O artista é transitório, mas a arte fica, o produto da inteligência dele, o trabalho dele é permanente”, assegurou.
Educação Ambiental na Amazônia também é estimulada pela Glocal
O segundo painel do dia, ‘Educação Ambiental: A Base para as Escolas’, reuniu especialistas para ressaltar a importância de integrar os desafios ambientais globais com as soluções e saberes das comunidades locais.
A mesa de discussões contou com Évila Mayra, da Fundação Malaquias; Vanessa Apurinã, da COIAB; Mailson Rafael dos Santos Ferreira, da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC); e a professora doutora Rosiane Ferreira Gonçalves, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O consenso entre os participantes foi a necessidade urgente de uma educação que não apenas informe, mas engaje e capacite a população para ser protagonista na preservação da floresta.
A representante da COIAB, Vanessa Apurinã, trouxe uma perspectiva fundamental para o debate, sublinhando que a educação ambiental não é uma novidade para os povos originários:
“Nossas comunidades já aplicam a sustentabilidade como um modo de vida. A escola, ao integrar os saberes tradicionais, tem a chance de se reconectar com a floresta e com a sua própria história. O conhecimento indígena, que valoriza a conexão com a natureza, é a base para um novo modelo de ensino na Amazônia”.
Mailson Rafael dos Santos Ferreira, da SEDUC, abordou os desafios práticos da educação na região. A infraestrutura escolar, que muitas vezes depende da dinâmica dos rios, foi um dos pontos cruciais que ele destacou.

“Em um ambiente como o nosso, onde a logística é totalmente influenciada pelos ciclos de cheia e seca dos rios, é fundamental pensar em soluções adaptadas. É um desafio diário garantir que a sala de aula chegue até o aluno e que a merenda escolar seja transportada de maneira segura, especialmente durante a seca, quando o acesso é limitado e a navegabilidade é comprometida”.
A professora Rosiane Ferreira Gonçalves, da UFPA, complementou o debate ao destacar o papel da academia. Segundo ela, a universidade deve ser uma parceira ativa na capacitação de professores e no desenvolvimento de pesquisas que ofereçam soluções práticas para as escolas e comunidades. Por sua vez, Évila Mayra, da Fundação Malaquias, reforçou o papel da sociedade civil e das parcerias no processo de levar a educação ambiental para áreas mais vulneráveis.
O painel concluiu que a educação ambiental é a chave para uma transformação duradoura na Amazônia. Ela não se limita a aulas de biologia, mas se torna um motor para o desenvolvimento de uma cultura de respeito à floresta e de valorização das comunidades que a habitam.
Glocal Experience Amazônia 2025
A Glocal Experience Amazônia 2025 é idealizada e operada por DreamFactory, com realização da Fundação Rede Amazônica e tem o apoio de Bono Conta, Clube POP, Amazônica Net, Águas de Manaus, Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Governo do Amazonas.
