UFPA aprova edital que oferta 374 vagas para alunos estrangeiros em condições de vulnerabilidade

Em 2020, a Universidade Federal do Pará (UFPA) pode receber até 374 calouros especiais. É que, pela primeira vez, a Instituição terá uma seleção específica para estudantes estrangeiros em condições de vulnerabilidade. O concurso foi batizado de PSE MIGRE.

Foto:Divulgação/UFPA

O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Instituição acaba de aprovar o edital de seleção para o Processo Seletivo Especial para Imigrantes, Refugiados, Asilados, Apátridas e Vítimas de Tráfico de Pessoas em Situação de Vulnerabilidade Socioeconômica. São 374 vagas, ou seja, duas em cada um dos 187 cursos ofertados pelo concurso em todos os campi da UFPA.

Os candidatos precisarão comprovar fazer parte do grupo beneficiado pela seleção especial e o concurso não terá exame específico. A seleção funcionará com base na análise documental realizada por uma comissão especial nomeada pela Universidade, ou seja, não haverá prova. Quem concluiu o ensino médio ou cursou o ensino superior no Brasil, porém, não poderá se candidatar às vagas.

Para a relatora que analisou e emitiu o parecer técnico sobre esse primeiro edital do concurso, a antropóloga Jane Beltrão, esse ”vestibular”, “além de promover a prática humanitária, traz consigo a tentativa de afastar os receios e o ódio que a xenofobia, o preconceito, a discriminação e o racismo promovem, nestes tempos tão difíceis em que vivemos”.

A antropóloga defende, ainda, que “o mais importante agora é divulgar este processo seletivo, é que as pessoas aprendam o caminho para a UFPA e para a Amazônia, mesmo que o número de inscritos, neste primeiro momento, não seja numeroso”.

Pedido e pesquisa até a criação do edital – A iniciativa da seleção especial é da Reitoria da UFPA em conjunto com a Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (ADIS), órgão que acompanhará as etapas do concurso.

A pesquisadora Zélia Amador, que também é gestora da ADIS, reforça a importância deste novo sistema de ingresso que a UFPA criou e acredita que, com mais esta decisão, a Universidade se torna mais humana.

“A gente continua na luta pela inclusão porque a sociedade precisa disso e ainda temos muito o que avançar em relação à própria concepção de inclusão. Não é suficiente trazer as pessoas para dentro da Universidade, é preciso trazer também os saberes delas, ou seja, trazê-las em sua plenitude. Não apenas aceitá-las e desejar que elas assimilem o que nós sabemos, é preciso que nós assimilemos o que elas sabem e conhecem”.

Foto:Divulgação/UFPA

O presidente em exercício do Consepe, Gilmar Silva, ressaltou que “para que o pedido de criação dessas vagas se tornasse um processo seletivo foi preciso muito trabalho, especialmente das pesquisadoras Zélia Amador e Jane Beltrão. Mas chegamos aqui e este é um marco de inclusão social e de direitos humanos para toda a UFPA”.

Israel Hounsou, presidente da Associação de Estudantes Estrangeiros da UFPA, acredita que o novo concurso “traz muita esperança” porque “sabemos que esses imigrantes vêm por vários motivos, por causa de conflitos políticos, guerras, terremotos e que essa oportunidade é muito bem-vinda para que eles e elas possam se formar na maior instituição do Norte. Sem contar os inúmeros benefícios que essa seleção e vinda deles trarão para a UFPA e para a sociedade”.

Edital

O próximo passo da seleção é encaminhar o edital para publicação no Centro de Processos Seletivos da UFPA, que vai criar um cronograma para inscrição e entrega de documentos. Com o lançamento deste concurso, chega a oito o número de processos seletivos para ingresso em 2020 na UFPA, em andamento na Instituição.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Maurício Ye’kwana é primeiro indígena a assumir chefia da Saúde Yanomami

Nomeação de Maurício foi publicada no Diário Oficial da União e é assinada pela ministra da Saúde Nísia Trindade. Com formação técnica em gestão territorial, ele é diretor-financeiro da Hutukara Associação Yanomami.

Leia também

Publicidade