Embora com algumas diferenças, na outorga de grau a distância praticamente todos os ritos de uma solenidade presencial são mantidos.
Inédito e histórico. Pela primeira vez na sua história, a Universidade Federal do Amazonas realiza, por meio de videoconferência, uma solenidade de outorga de grau a distância para alunos de graduação.
A colação também gerou tramitação de documentos 100% digitais, já que a ata da cerimônia, o certificado e o histórico do curso dos agora profissionais de Fisioterapia, encontram-se online para conferência, assinatura e emissão.
A novidade da colação de grau não presencial e em tempos de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, baseia-se na Medida Provisória 934 do Ministério da Educação (MEC), de 1º de abril de 2020, que estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e superior, decorrentes das ações de enfrentamento à situação de emergência de saúde pública.
Ela também está amparada na portaria 383, de 09 de abril de 2020 do MEC, que justificaram a decisão pela elaboração do ad referendum nº 04/2020, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), autorizando a antecipação da colação de grau de discentes dos cursos da área da saúde da Ufam.
Embora com algumas diferenças, na outorga de grau a distância praticamente todos os ritos de uma solenidade presencial são mantidos. Houve composição de mesa virtual, da qual participaram o pró-reitor de Ensino de Graduação (Proeg), professor David Lopes Neto, o diretor da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (Feff), professor João Libardoni, a paraninfa do curso de Fisioterapia, professora Ayrles Silva Gonçalves Barbosa Mendonça e o coordenador acadêmico da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, professor Tiotréfis Gomes Fernandes.
Além deles, acompanharam a transmissão, a coordenadora administrativa da Feff, Tatiana Moraes Cruz, a patronesse do curso de Fisioterapia, professora Lilian Regiani Merini, que se encontrava em Portugal, e o coordenador do curso de Fisioterapia, professor Esmeraldino Monteiro Figueiredo. Os formandos, Stephanny Mayara de Souza Batista e Wendell Mattheus Amancio da Silva participaram da cerimônia de suas casas.
Eles acompanharam a execução do Hino Nacional e fizeram o juramento da profissão, até o momento mais esperado: quando o reitor, o professor Sylvio Puga, procedeu à leitura do termo de outorga de grau. Desta vez, cada um de um lado da tela, porém não menos emocionados.
O reitor parabenizou os professores e os formandos.
“Vocês, novos profissionais e seus professores passam a fazer parte da história da Universidade de maneira mais contundente. São os primeiros formados a distância pela Ufam, num momento doloroso, é fato e do qual não gostaríamos de que estivesse acontecendo, mas que traz consigo a oportunidade para que ajudem na luta pela manutenção da vida”, salientou.
Para o mais novo fisioterapeuta formado pela Ufam, a colação de grau em meio ao cenário de pandemia é um marco. “Esse é sem dúvida o dia com que mais sonhei. Embora não tenha sido da forma como eu quis, tendo meus amigos e familiares presentes e reunidos, cheguei até aqui e isso significa muito. Essa colação numa modalidade especial nos permitirá ir à frente dessa batalha e me possibilitar honrar com meu juramento, que é o de ser útil à sociedade como profissional”, avaliou Wendell Mattheus.
Também fisioterapeuta formada Stephanny Mayara ratificou o pensamento do colega. “Quero poder cumprir meu papel, garantindo que tudo o que aprendi poderá ser aplicado em prol do bem estar daqueles que precisarem. Que todas as ferramentas possíveis e nosso conhecimento científico sejam postos em prática e a favor de salvar vidas. Vou para o mercado de trabalho com o propósito de fazer nossa função ser reconhecida e valorizada”, afirmou.
Ao longo de duas semanas, toda estrutura para a realização da colação de grau por videoconferência foi montada. Os trâmites administrativos também se seguiram de forma que os documentos (ata digital, assinatura eletrônica, certificado digital e histórico escolar digital) pudessem estar disponíveis para acesso online, como explicou o pró-reitor de Ensino de Graduação, professor David Lopes Neto.
“Esse é um momento que pode ser traduzido pelas palavras ‘felicidade e emoção’, que vão ao encontro do desejo de dois alunos de Fisioterapia que buscam ser ativos e responsáveis com sua missão diante de um cenário de saúde tão delicado quanto o que se impõe em nosso Estado, em nosso País. Aproveito para agradecer às diretorias da Proeg que trabalharam para dar conta de atender a essas novas demandas. A parceria de setores como o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (Ctic) também foi primordial para que pudéssemos ser assertivos nesse momento”, disse.
O diretor da Feff, João Libardoni, salientou a relevância de os alunos estarem se colocando à disposição do setor de saúde mesmo quando a decisão é facultativa. “Que esse momento os mantenha firmes e com consciência na importância de estarem sempre preparados para os desafios. Agora vocês são graduados, egressos, mas peço que continuem fortalecendo e dignificando a história da Fisioterapia já que agora fazem parte do legado da Feff”, ressaltou.
A paraninfa da turma, professora Ayrles Silva Gonçalves Barbosa Mendonça, falou que a nova dinâmica de colação de grau proporciona a adoção de uma nova forma de se fazer presente.
“Ela nos permite enxergar outros potenciais para realizar tarefas. Permite que nos vejamos adaptáveis, mutáveis e resilientes. Esse é um momento em que percebemos quem são os verdadeiros heróis e quais tomadas de decisão fazem realmente diferença num momento de crise. Acredito que vocês possuam todo o potencial necessário para dar assistência nos cuidados ao ser humano. Comemorem quando puderem, porque toda conquista em tempos difíceis precisa ser muito festejada”, frisou.
Para encerrar a solenidade, o reitor manteve o rito de se colocar de pé e usar a borla para proferir o discurso final.
“Todos nós que participamos desse ato de outorga de grau fazemos parte de uma história, a que será contada hoje, em virtude de uma excepcionalidade, que está aí, posta. Mas a realidade nos exige coragem, a mesma que nos fez, no dia 13 de março, parar e priorizar a saúde de nossa comunidade e daqueles que convivem com pessoas que integram a nossa comunidade. Gostaria de reiterar que a decisão por colar grau antecipadamente é uma decisão individual, voluntária dos alunos, já que a legislação permite para fins de que exercem sua profissão e ajudem a enfrentar o novo coronavírus”, disse.