A iniciativa abrange diversas frentes de trabalho, como a requalificação da infraestrutura do Museu e a recuperação dos equipamentos originários
Nesta terça-feira (08), a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) publicou no Diário Oficial do Estado (DOE) a lista final com os 10 selecionados no edital do Curso de Qualificação Técnica do Museu do Marajó. Hoje, também, técnicos do Sistema Integrado de Museu e Memoriais (SIMM) estiveram em Cachoeira do Arari para a assinatura de contratos das bolsas. A iniciativa é mais um passo importante para materializar um sonho do padre italiano Giovanni Gallo (1927-2003), fundador do Museu inaugurado no ano de 1987, em Cachoeira.
Entre os 10 selecionados, cinco ganharão bolsas de R$ 750, ao longo de seis meses, e os demais serão suplentes, com acesso garantido ao conteúdo do curso. As aulas ministradas em formato híbrido serão ofertadas por meio de uma plataforma online, com agendas presenciais mensais, iniciando na segunda quinzena de junho.
“A implementação do Museu do Marajó abrange diversas frentes de trabalho, como a requalificação da infraestrutura, a recuperação de equipamentos originais, tratamento do acervo, projeto tipográfico e a preparação de técnicos locais para que eles possam atuar nos setores de documentação museológica, conservação preventiva e gestão de programas educacionais. Esse programa vai oportunizar aos bolsistas contratados uma vivência nos museus do Sistema Integrado e um estágio prático no último módulo com a participação desse grupo no trabalho de montagem do acervo nas dependências do próprio museu. A nossa expectativa é de que essas pessoas sejam incluídas na gestão desse espaço singular, que tem uma importância muito grande no desenvolvimento social e econômico daquela região”, destacou Armando Sobral, diretor do SIMM.
O curso de seis meses abrangerá tópicos como a identificação e catalogação de acervos, fundamentos de conservação e restauro, visitas presenciais aos museus do SIMM, teoria e conceito sobre patrimônio e educação museal, além de atividades de campo que compreendem o acompanhamento da montagem do Museu do Marajó.
“O programa de qualificação é o começo de um trabalho bem mais amplo, que vai se consolidar ao longo dos próximos anos e se aprofundar no ano que vem. É importante porque, com a entrega desse espaço em condições de infraestrutura adequadas, o Museu do Marajó pode se integrar às redes de intercâmbio a diversos museus, tanto do Brasil como do exterior também. E hoje este equipamento tem conectividade por meio do site da Secult. Isso é muito importante para a consolidação desse projeto, como também a representatividade que ele tem nesse universo cultural marajoara, que poderá ser conhecido muito além das suas fronteiras locais. O museu fundado pelo Padre Gallo já inicia uma nova configuração de relação mais globalizada com a informação”, considera Armando.
Processo de seleção
Três técnicos do SIMM estiveram em Cachoeira para fazer a seleção, que ocorreu durante dois dias, na Câmara Municipal da cidade: Emanoel Oliveira Jr, coordenador de Documentação e Pesquisa; Cássia da Rosa, diretora do Museu do Estado do Pará (MEP); e Anselmo Paes, diretor do Museu do Círio.
O certame recebeu 75 inscrições e foi dividido em duas fases. A primeira se concentrou na análise curricular dos candidatos. Foram 63 classificados para a segunda fase, onde foram observadas características mais subjetivas como a proatividade diante de situações específicas e o nível de envolvimento com o equipamento cultural.
“Nesse item, fomos bem surpreendidos, pois alguns candidatos já tinham pensado na implementação de possíveis projetos para o museu. Isso denota que essas pessoas não são agentes passivos esperando para receber determinado conteúdo, até porque elas já têm formações específicas. Foi uma experiência muito importante, pois tivemos a oportunidade de conhecer um pouquinho a realidade de Cachoeira do Arari, contada por seus moradores. A experiência da entrevista vai além do resultado final da seleção, foi uma oportunidade para que nós, enquanto técnicos que atuam na área dos museus, pudéssemos refletir melhor sobre esses espaços e as realidades dos locais onde eles estão inseridos”, pontuou Emanoel Oliveira Jr.
“Esta ação formativa é mais um pilar de nossas estratégias de fortalecimento da cultura, da memória e da qualificação profissional dos agentes culturais do Pará. Cachoeira do Arari é uma terra de tradições muito enraizadas no cenário do patrimônio imaterial do estado. São manifestações ligadas às crenças religiosas, ao artesanato, à cultura alimentar, aos folguedos e brinquedos populares. O Museu do Marajó, equipamento inventivo e inovador na forma e no conteúdo, se insere nesse riquíssimo amálgama de fazeres culturais”, a afirma a Secretaria Ursula Vidal.