A forma mais eficiente de proteção contra as doenças que o mosquito Aedes Aegypti transmite continua sendo aquela recomendada pelo Ministério da Saúde, ou seja, evitar água parada, dizem especialistas.
Com o intuito de esclarecer uma fake news recorrente no Brasil que recomenda plantar Crotalaria para combater Dengue, Chikungunya e Zika, pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação, do ICB, da Universidade Federal do Pará (UFPA) escreveram um artigo para esclarecer que esta relação não é comprovada cientificamente e a forma mais eficiente de proteção contra as doenças que o mosquito Aedes Aegypti transmite continua sendo aquela recomendada pelo Ministério da Saúde, ou seja, evitar água parada.
De acordo com os pesquisadores, em razão de a Região Norte sofrer com o intenso volume de chuvas no inverno amazônico, é importante levar a informação correta para que a população evite a propagação da doença e direcione os esforços a executar medidas efetivas no combate da proliferação do Aedes Aegypti.
“Queremos ajudar a evitar a propagação de fake news. Sabemos que todos agem com as melhores intenções, mas torcemos para que a população não acredite em receitas miraculosas para a dengue e zika. Nosso objetivo também é orientar para que os governos e as lideranças locais não gastem o dinheiro público com algo que não trará retorno ou mesmo benefícios à sociedade e ao meio ambiente”, afirma os pesquisadores.
A ideia surgiu após os autores do artigo – Jóas Brito, Nayara Louback, Cristian Mendoza, Leandro Juen, Flávia Monato e Thaisa Michelan -, durante um trabalho de campo no município de Paragominas, serem surpreendidos por um senhor que tem uma grande área com o plantio da crotalária, o qual informou que vendia as sementes para combater a dengue no estado do Pará. Segundo ele, “a crotalária atrai a libélula, que é um potencial predador do mosquito, e, com isso, ajuda a diminuir os casos da doença”. Porém esta prática não tem eficácia comprovada cientificamente e ainda pode causar sérios problemas ambientais, uma vez que a Crotalária é uma planta invasora no Brasil.
Medidas de prevenção
Segundo o Ministério da Saúde, baseado em pesquisas científicas, deve-se evitar locais com água parada que ajudem no desenvolvimento do mosquito, como vasos de planta, caixa d’água sem tampa, comedouros de animais domésticos que fiquem no quintal, lixo jogado em terrenos.
O recomendável é sempre trocar água em vasos de plantas, colocar terra ou areia que absorva a água que fique nos vasos e limpar caixas d’aguas com auxílio de cloro ou gotas de água sanitária. O mais importante é não deixar água parada e, assim, evitar criar locais para a proliferação do mosquito.
“O artigo relembra a maneira correta de agir para combater o mosquito e como os cuidados devem ser redobrados com a questão da água parada em alguns locais, como pneus, vasos de plantas, caixa d’água etc. Além disso, mostrar os resultados de trabalhos científicos às comunidades é importante para revelar o caráter e a relevância da pesquisa para as pessoas e o trabalho da Universidade para melhorar a sociedade, principalmente no momento atual, em que os dados científicos são desacreditados por meio de fake news”, completa os autores.
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