Segundo um dos pesquisadores, ao estudar a dinâmica fluvial atual do Rio Negro em Anavilhanas é possível se ter a ideia de como a paisagem se originou.
O artigo “Análise de Sedimentos Suspensos no Arquipélago de Anavilhanas, Rio Negro, Bacia Amazônica” elaborado pelo Grupo de Pesquisa H2A da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tem como objetivo analisar a dinâmica espacial e temporal do fluxo d’água e o sedimento suspenso transportado pelo Rio Negro.
O artigo foi publicado no periódico Water, editora MDPI, que está disponível no site: https://www.mdpi.com/2073-4441/12/4/1073/htm.
Dentre os resultados apresentados, o professor do Departamento de Geografia da Ufam, Rogério Ribeiro Marinho, disse que com a realização da pesquisa foi identificado a época do ano e a região do arquipélago de Anavilhanas com maior influência de sedimentos transportados pelo Rio Branco, principal afluente do Rio Negro, e que ocasionam diferenças na composição dos solos, na vegetação e na fauna aquática daquele arquipélago e que indica uma área prioritária para ações de conservação.
Para o pesquisador, ao estudar a dinâmica fluvial atual do Rio Negro em Anavilhanas é possível se ter a ideia de como a paisagem se originou, bem como identificar a vulnerabilidade deste ecossistema frente a eventos climáticos extremos (grandes cheias e secas) e nas mudanças no regime hidrológico devido à construção de usinas hidrelétricas.
A introdução de métodos capazes de conduzir a pesquisa permitiu que o Grupo realizasse coletas de dados hidrológicos (vazão, profundidade, velocidade d’água), da qualidade da água (concentração de sedimentos suspensos) e medições radiométricas (para calibrar imagens de satélites) em treze expedições de campo entre os anos de 2016 e 2019.
“Nossa ideia foi avaliar como o sistema fluvial funciona atualmente e elaborar um balanço do volume d’água e sedimentos do Rio Negro que entra, que fica retido e que sai de Anavilhanas”, completou.
A pesquisa foi realizada na região do baixo curso do Rio Negro, entre os municípios de Novo Airão e Manaus, com coleta de dados antes, no interior, e depois do arquipélago de Anavilhanas.
Segundo ele, além do envolvimento de professores dos cursos de Geografia, Geologia e Química, a pesquisa faz parte de um projeto maior de monitoramento da qualidade ambiental do Rio Negro e conta com o apoio de uma rede de instituições nacionais, como: Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) e agências de fomentos, Capes, CNPq e Fapeam.
Apesar de sua grande dimensão e o gigantesco volume d’água, a bacia do Rio Negro possui poucas estações de monitoramento de seu regime hidrológico e da qualidade d’água, afirmou Marinho que acredita que a lacuna de dados é maior em seu baixo curso devido à presença do Arquipélago de Anavilhanas, com seus múltiplos canais.
“Desde 2013, pesquisadores do Grupo de Pesquisa H2A/UFAM iniciaram diálogos com gestores públicos e membros da sociedade civil organizada do município de Novo Airão, distante a 115 quilômetros de Manaus, que envolveu Conselhos de Unidades de Conservação, escolas públicas e associações de guias de turismo de base comunitária que atuam no baixo Rio Negro”, comentou.
“A pesquisa surgiu para atender a demanda dos gestores do Mosaico de Unidades de Conservação do Baixo Rio Negro, com sede em Novo Airão, para produzir informações sobre a qualidade d’água e do ambiente fluvial de Anavilhanas e que possam subsidiar a tomada de decisão em relação aos diferentes usos dos recursos hídricos superficiais”, completou o pesquisador.
Ele explica que o revista Water é um periódico internacional e interdisciplinar de acesso aberto e revisado por pares. “A iniciativa de publicar os resultados numa revista internacional visou ampliar a visibilidade da pesquisa e aumentar o interesse da comunidade para a importância da conservação dos recursos hídricos superficiais do Rio Negro e seus ecossistemas associados”, finalizou o professor Rogério Marinho.