Um total de 1.112 alunos, quase a metade dos 2.360 alunos da sede de Novo Airão, do ensino fundamental ao EJA, acomodados em 10 salas de aula, perfazendo mais de 30 alunos por sala. Não por acaso a escola Aristóteles Freire Arnoud não se saiu muito bem no Ideb 2015, atingindo o índice de 4,1, bem abaixo da meta que era de 4,6.
“Nosso principal problema é acomodar tantos alunos num espaço físico que não comporta essa quantidade. Este ano recebemos uma grande demanda de alunos do interior e, como somos uma das poucas escolas da cidade, temos que aceitá-los”, falou Auslei Soares de Souza Filho, gestor da Aristóteles.
A escola ainda tem mais de 20 alunos com necessidades especiais, o que faz os professores se desdobrarem para manter o nível educacional do estabelecimento de ensino. Apesar de a escola estar localizada num imenso terreno, este não pode ser usado para qualquer atividade pelos alunos. “Pelo que você pode ver, é um terreno cuja terra é muito fina, quase um pó, então alguns pais denunciaram dizendo que não queriam seus filhos pisando naquela terra, pois podiam adquirir alguma doença de pele, aí o Conselho Tutelar veio aqui e proibiu que atividades fossem realizadas no local. Nem jogos de bola podem acontecer lá”, lamentou o gestor.
A saída, então, foi criar o projeto “Brincando no Pátio” no qual brincadeiras como Amarelinha, foram desenhadas no chão e as crianças podem realizar alguma atividade física. A escola possui Sala de Informática. A Aristóteles Freire Arnoud foi fundada em 2000 e homenageia um ex-prefeito de Novo Airão, que administrou o município entre 1964 e 1968. Desde 2013 seu gestor é Auslei Soares.
Quando Auslei assumiu a direção da escola naquele ano, ela possuía 876 alunos. Hoje, apenas três anos depois, tem 236 alunos a mais nas mesmas dez salas de aula. “A maioria deles com dificuldades sociais, econômicas e familiares, mas nos dedicamos a seguir as palavras de Jacques Delors (economista e político francês), que destacam quatro pilares para a educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser”, explicou.
Auslei detalhou dois dos projetos desenvolvidos na Aristóteles, o “Caminho Rumo à Leitura” e a Feira de Matemática. “No primeiro, um carrinho de supermercado todo ornamentado e cheio de livros é levado às salas de aula. Os alunos podem pegar os livros que quiserem, levar para casa para ler, e depois devolver. Depois precisam apresentar peças de teatro com o conteúdo dos livros. A Feira de Matemática é a conclusão do que foi ensinado ao longo do ano. Os alunos precisam demonstrar na Feira situações ou algo onde possamos encontrar a matemática”, contou.
Pais que não relaxam
Mesmo com as dificuldades apresentadas pela escola Aristóteles, Novo Airão figurou entre os 43 municípios, dos 62 existentes no Amazonas, que conseguiram bater as metas previstas pelo Ideb para os anos iniciais e finais do ensino fundamental.
O município atingiu o índice de 4,7, com 0,1 ponto acima da meta. Entre os anos iniciais (do 1o ao 5o anos), o município ficou em 4o lugar com 6,8 no Ideb. Já nos anos finais (do 6o ao 9o ano), Novo Airão ficou em primeiro, com 5,7 pontos. Para mostrar a solução de omo melhorar no Ideb 2017, Auslei apresentou a pequena Vitória Beatriz Mesquita Nogueira, 10, 4a série, como o exemplo de aluna a ser seguido pelos demais.
O pai de Vitória é o pedreiro Sérgio Veloso, e a mãe a auxiliar de serviços gerais Débora Mesquita de Jesus, que não relaxam com os estudos dos filhos. Vitória tem dois irmãos mais velhos. “Gosto de matemática e de ler e participar das danças de quadrilha e ciranda”, revelou. “Suas notas são sempre altas, entre 9 e 10”, emendou o gestor. “Quando crescer quero ser médica cirurgiã, para tratar das pessoas”, adiantou a pequena.
NOVO AIRÃO