Manaquiri: Vitoriosos em meio a tanta dificuldades

Com planejamento da Educação voltado para dois calendários escolares: da várzea e de terra firma, o município de Manaquiri alcançou 4,0 pontos no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), em 2015. Hoje, o desafio é manter o patamar já conquistado e planejar uma estratégia eficiente para atingir as metas para os próximos anos. Tarefa nada fácil para o município que sofre com as condições climáticas da região; precariedade das escolas e dos repasses federais para atender de forma satisfatória, alunos e educadores que ultrapassam 4 mil pessoas distribuídos em 43 escolas, das quais, 4 estão na sede do município, 39 na zona rural sendo 15 indígenas.

De acordo com o secretário Municipal de Educação, Anedy Araújo Damasceno, o resultado está dentro das expectativas, mas pode melhorar com a reforma da educação no país. “Foi um resultado satisfatório, num ano em que nós realmente trabalhamos voltados para a educação, para que as coisas acontecessem. Nós temos dois calendários: de várzea e de terra firme e como as aulas foram reiniciadas em fevereiro, isso nos ajudou bastante”, comemorou.

Para a gestora do Ceti (Centro de Ensino de Tempo Integral) Domingos Vasques, professora pedagoga Gleicimeire Freire, a qualidade geral do sistema educacional brasileiro ainda apresenta resultados fracos e preocupantes. “A cada ano nós percebemos que a Educação precisa avançar. Eu vejo ainda com muita falha e tristeza também, porque enquanto nós que estamos envolvidos, vocacionados a querer que a Educação cresça, muitos deixam a desejar. E aí percebemos que o compromisso, praticamente, não é de todos, mas de alguns. Por isso vemos o Ideb muito baixo”, lamenta.

Segundo Gleicimeire, a falta de um Plano de Educação eficaz vem desmotivando os educadores que passaram a reivindicar melhores salários, deixando o ensino nas salas de aula em segundo plano. “Quando se exerce uma profissão que é mais uma para se ter um ganho é diferente de quando se exerce por amor, por vocação.

É assim que enfrentamos todas as dificuldades”, disse. A falta de valorização da própria profissão, também reflete no aprendizado e consequentemente no desempenho dos alunos. “É lógico que há uma necessidade de se ganhar bem, mas também temos que trabalhar muito por isso”, completou.

Aluno destaque

O aluno do Ceti Domingos Vasques, Júlio César Silva de Oliveira Filho, foi classificado para seletiva regional da Olimpíada da Língua Portuguesa, edição 2016, na categoria Crônicas, com o tema “O lugar onde eu vivo”. Sua maior dificuldade foi produzir o texto. “No começo foi um pouco difícil, mas nós temos a expectativa de sempre melhorar e progredir na vida. Foi um orgulho ter participado dessa prova. Nunca pensei que um dia seria selecionado”, revelou.

Júlio César tem como orientadora desse processo seletivo, a professora de Língua Portuguesa, Maria Celestina que acreditou no seu potencial. “Esse é um grande desafio para mim e para todos os alunos que participaram dessa prova”, disse. Para o aluno esta é uma oportunidade de ganhar novos conhecimentos e de trocar experiências com alunos de outras localidades.

“Eu sou um aluno que gosto de procurar melhorar. Muitos colegas achavam que era impossível de conseguir, mas para mim não. Foi bem interessante participar, concorrendo na final ou não, eu achei muito legal”, afirmou Júlio César. De forma geral, no país há poucos leitores, pois a grande maioria prefere ouvir os outros falarem, contarem as histórias e darem as notícias prontas. “O aluno não mediu esforços, foi para a leitura, contextualizou. Foi para a pesquisa e se saiu muito bem na dissertativa”, constatou Gleicimeire Freire.

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