Itapiranga: diamantes em lapidação

A escola Maria Rosalina de Oliveira Pinho, em Itapiranga, é um exemplo de como detalhes podem melhorar, ou piorar uma situação. Até este ano a escola era quase inteiramente pintada de vermelho e a camisa do uniforme dos alunos também é vermelha. Há mais de século estudos indicam que essa cor ativa a energia, a revolta, o barbarismo, a violência, a agressividade, entre outros sentimentos.

Resultado, “a escola tinha má fama, principalmente no quesito violência. Os alunos brigavam tanto fora quanto dentro dos limites da escola”, falou Rebeca Maciel Paes Félix, pedagoga da Maria Rosalina. O vermelho era uma alusão ao piranga (do tupi, vermelho) do nome da cidade.

Com a mudança da pintura vermelha para o azul, e o esforço do gestor Raimundo Orivan Monteiro da Costa e professores, as coisas melhoraram. O azul ativa o afeto, a intelectualidade, a paz, a serenidade, a confiança, a amizade, o amor, a fidelidade. Como a mudança foi posterior à realização do Ideb, a pontuação da Maria Rosalina não foi das melhores, ficando com 3,4 pontos em 2015.

“Fizemos com que os alunos proporcionassem essa mudança, pois eles próprios, apoiados pelos professores, pintaram as paredes da escola. Com isso passaram a respeitar o prédio que eles mesmos ajudaram a melhorar a aparência”, explicou o gestor.

Orgulho da escola

A escola Maria Rosalina de Oliveira Pinho foi inaugurada em 2007, e homenageia a professora homônima. Antes se chamava Antonio de Almeida Santos, que fora prefeito do município. Atualmente reúne 750 alunos entre manhã, tarde e noite.

“Desde que assumi a gestão da escola, comecei um plano de revitalização”, falou o gestor. “Criamos um projeto ambiental.

Em Itapiranga é comum as pessoas queimarem lixo e folhas, nas suas casas, fazendo com que a cidade fique cheia de fumaça. Fizemos passeatas pelas ruas alertando para essa situação e os alunos começaram a instruir as pessoas para não fazer aquilo quando as viam realizando queimadas”, falou.

“Também começamos um projeto de leitura, o ‘aprendendo a ler e ver diferente’. A biblioteca foi revitalizada e os alunos podem emprestar livros, levar para casa e depois devolver. No turno da manhã e da tarde temos o ‘aluno monitor’. Eles são responsáveis em cuidar da biblioteca, arrumar os livros, controlar os empréstimos.

São dois de manhã e dois à tarde, escolhidos entre aqueles que se destacam nos estudos. E eles ganham pontos pela participação”, falou Rebeca. Aliás, um dos monitores, Rodrigo Santos, 13, é o orgulho da escola desde o ano passado.

Rodrigo participou da Obmep 2015 (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e ganhou a medalha de bronze, primeiro em Itapiranga e depois no Amazonas.

“Além da matemática, também precisamos saber português, senão como vamos interpretar as questões?”, ensinou. Filho de Deusdete Costa dos Santos, pedagoga da mesma escola onde estuda, e de Francinei Fonseca Gama, técnico em medicina, Rodrigo tem uma irmã mais velha. “Quando tinha uns 10 anos, notei que tinha facilidade com a matemática, e desde então não parei mais. As provas que fiz em Itapiranga eram apenas para marcar, mas competindo pelo Estado, tinha que resolver vários problemas”, lembrou. 

Itapiranga

Fundação: 1908 (elevada à condição de cidade)
Distância de Manaus: 339 km
População em 2016: 9.040 pessoas (estimada)
Quem nasce lá é: Itapiranguense
Secretário de Educação: José Melquias dos Santos
Escolas: 20 no município
Alunos: 1.908
Ideb 2015: 5,0 (Ideb da escola Maria Rosalina de Oliveira Pinho: 3,4)

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