Depois de Manaus e Parintins, Itacoatiara é o terceiro município do Amazonas em população. São quase 100 mil pessoas habitando no município. Por isso sua importância para o Estado e a obrigação em se sair bem no Ideb, com 21 mil alunos distribuídos em 149 escolas municipais. A meta de Itacoatiara para o Ideb 2015 era de 3,9 pontos, mas atingiu 5,0.
O maior exemplo do sucesso educacional de Itacoatiara veio da escola Jamel Amed, com 5,9 pontos no índice, o maior do município. “Um dos motivos dessa conquista foi o reforço na língua portuguesa, além do projeto Sala de Leitura, onde é priorizada a alfabetização. Tínhamos uma grande quantidade de alunos que chegavam ao colégio sem saber ler ou escrever, mas como resultado desse reforço, esse número foi mudando rapidamente”, falou Lázaro Caio Rolim Pena, coordenador pedagógico do Jamel Amed. “As principais responsáveis por essa conquista foram as professoras Jane Cortez e Conceição Lima, há mais de dez anos na escola, e que ensinaram os alunos do 5o ano que atingiram o Ideb de 5,9”, completou.
“Implantamos em todas as escolas o Momento Cívico, quando os alunos cantam o Hino Nacional junto às bandeiras do Brasil, do Amazonas e de Itacoatiara…”, lembrou Ester Figueiredo Araújo, secretária de Educação do município. “… bem como o projeto Árvore dos Valores, com 12 valores do ser humano. Cada mês um desses valores é trabalhado nas salas de aula e, durante o Momento Cívico, os alunos encenam o valor daquele mês”, completou.
O empenho da família é primordial. A escola Jamel Amed foi fundada em 1986 e homenageia o irmão do então prefeito Mamoud Amed, que havia morrido num acidente. Atualmente a Jamel Amed reúne 652 alunos nos turnos da manhã e da tarde. Seu gestor é o professor Márcio Geraldo Lavareda de Oliveira.
A organização do estabelecimento também serve de exemplo. São três pavilhões com 18 salas de aula, mais uma quadra coberta, um laboratório de informática (que está desativado), sala de leitura, auditório e biblioteca da qual os alunos podem emprestar livros para levar para casa, ler e depois devolver. Tudo muito limpo e organizado.
“Também são realizados simulados entre os alunos e isso ajuda bastante, mas devo dizer que o empenho da família em estimular os filhos a vir para a escola e estudar, é primordial”, falou Ester Figueiredo. “Temos alunos aqui tão carentes que sequer têm roupas para vir para a escola, e não estou falando de uniforme. Falo de uma calça comprida, um vestido, uma blusa. Já tive que comprar do meu bolso roupas para uma aluna que queria vir para a aula, mas não tinha roupa adequada”, recordou a secretária.
Bimestralmente são realizados os Jogos Lúdicos, pelo projeto “Quem disse que não se aprende brincando com a matemática”, uma forma de introduzir a matemática na mente das crianças através de jogos.
De canoa, remando
Outro projeto que está sendo desenvolvido no Jamel Amed é o da horta, onde são plantados vários tipos de hortaliças depois servidas como reforço na merenda escolar. “Hoje, pela primeira vez, tiramos um cacho de bananas de uma das bananeiras”, comemorou o gestor.
“Os alunos são livres para ajudar na horta, com o apoio de um técnico do Idam. O espaço ainda não é grande, mas já está repleto de hortaliças e nossa intenção é utilizar a grande área de terra que a escola possui”, adiantou. Márcio Lavareda faz questão de dizer que um dos responsáveis pela horta é o aluno Antonio José Martins Rodrigues. Antonio José tem 19 anos, e cursa o EJA (Educação de Jovens e Adultos) porque nunca teve oportunidade de estudar quando era criança.
Agora que a oportunidade apareceu, ele não perdeu tempo e tal é o seu desejo em aprender, que diariamente rema sua canoa, atravessando o Amazonas, vindo da comunidade Monte Sinai, na Ilha do Cumarú, até a cidade e ainda ajuda na horta com os conhecimentos que adquiriu quando criança.
“O esforço desse aluno é um grande exemplo para os demais”, definiu o gestor.
