‘Cunhatã’, ‘caboco’ e ‘xibata’: expressões típicas do Amazonas são usadas em questão do Enem

O texto destacava iniciativas que valorizavam as expressões típicas do estado, incluindo o livro "Amazonês", do doutor e professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sérgio Freire.

Doutor em Linguística e professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas, Sérgio Freire. Foto: Divulgação

Assim como em outros estados do Brasil, o Amazonas tem um dialeto próprio, marcado por expressões e gírias regionais, como “cunhatã”, “caboco” e “chibata”. Em referência ao rico vocabulário da região, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano incluiu uma questão sobre a temática na prova de Linguagens.

Leia também: Amazonês: aprenda 30 gírias e expressões que são a cara de Manaus

A questão foi inspirada em uma reportagem de 2021, publicada pelo Grupo Rede Amazônica, intitulada “Expressões e termos utilizados no AM são retratados em livro e camisetas”. O texto destacava iniciativas que valorizavam as expressões típicas do estado, incluindo o livro “Amazonês”, do doutor e professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sérgio Freire.

Ao Grupo Rede Amazônica, o pesquisador explicou que o “amazonês” foi formado a partir de três línguas. São elas: a Língua Geral Amazônica (Nheengatu), o português europeu e o português nordestino.

Sérgio destaca que o chiado no “S” , bem característico na região, surgiu a partir da influência do português europeu. Entretanto, ele esclarece ainda que o dialeto apresenta variações significativas dentro do próprio estado.

Ao ter seu trabalho ganhando reconhecimento nacional, Freire enfatizou a importância de compartilhar a cultura do Amazonas com um público mais amplo, promovendo o conhecimento e a valorização das tradições regionais.

O professor reforçou que esse tipo de inclusão na prova promove a visibilidade da cultura amazonense e contribui para que estudantes de todo o Brasil conheçam a diversidade cultural do país.

“Quando estudantes de todas as partes do país se deparam com essa questão, cria-se uma oportunidade de sensibilização e respeito pela diversidade cultural do Brasil”.

Para quem deseja entender mais sobre as origens do vocabulário amazonense, Freire recomendou o livro Rio Babel, do professor José Ribamar Bessa Freire, que explora as raízes culturais e linguísticas da região.

Gírias amazonenses

Entre as gírias amazonenses mais conhecidas estão: “télezé?”, “maceta”, “chibata”, “brocado” e “leso”. Segundo Sérgio, são palavras de uso bem generalizado dentro do estado.

Já outras expressões podem ser de difícil entendimento para turistas que visitam a região, como: “tchonga”, “arrudiar”, ïlharga”, “lengalenga”, “abacabeiro”.

Confira uma lista com algumas gírias do “amazonês”:

De bubuia – Quando se está descansando, sem fazer nada, diz-se “estou só de bubuia”.

Chibata no balde – Expressão usada para dizer que algo é muito bom.

-Cortar a Curica – Expressão com o mesmo significado de “Cortar o barato”.

Kikão – Maneira de falar “cachorro-quente”, em Manaus. Expressão surgiu após o sucesso de um lanche que tinha um homem chamado de Kiko onde ele vendia cachorro-quentes com este nome.

Leso – Alguém que faz alguma besteira é chamado de “leso”.

Esculhambado – Expressão para indicar algo que está quebrado.

Escangalhado – Expressão para indicar algo que está quebrado.

Só o cuí – Expressão para indicar alguém que é muito magro.

Pai D’égua – A expressão significa algo muito bom.

Carapanã – Nome dado para mosquitos.

Ticar bodó – O bodó é um peixe que não pode ser ‘ticado’ pela escama dura que tem. A expressão tem o mesmo significado de “Está maluco?!”

Comer abiu – Abiu é uma fruta amazônica que cola os lábios de quem a come. Com este intuito, a expressão indica uma pessoa que é calada.

Leseira baré – Quando o amazonense faz uma besteira, nada é mais comum do que classificar como “leseira baré”. A expressão pode indicar ainda lerdeza, dizer que a pessoa é “lesa” ou “abestalhada”.

*Por Sabrina Rocha, da Rede Amazônica AM

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

“É um problema nosso”: especialista em manguezais fala sobre a importância de preservá-los

Mário Soares, professor de Oceanografia Biológica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Núcleo de Estudos em Manguezais (Nema), estuda há mais de 30 anos os manguezais do Brasil.

Leia também

Publicidade