A ideia proposta pelo estudante é utilizar bancos de dados para prever a demanda e oferta de produtos em comércios de locais onde há fome. Assim, será possível mapear os alimentos que podem vencer sem serem comprados e eles serão doados a pessoas que têm fome antes que percam o prazo de validade. “Temos que tentar abordagens novas para velhos problemas”, defende Matheus Souza.
O estudante deve participar em setembro do Beyond Food Bootcamp em Taiwan, na Ásia. O programa dura uma semana e nele acadêmicos do mundo inteiro ficam ‘imersos’ na procura de soluções para problemas globais relacionados à alimentação. “É como se fosse um treinamento para jovens líderes focarem nesses projetos que tratam sobre o desenvolvimento de comida, aplicações tecnológicas na comida, como aumentar a durabilidade, a saúde e a eficácia dos alimentos”, explicou Souza.
No MIT será desenvolvida a parte final do projeto que pretende tornar as pessoas que recebem os alimentos em ‘agentes contra a fome e a pobreza’, além de criar um plano para que essas doações sejam lucrativas para as empresas que decidirem participar do projeto. Outros três brasileiros foram aceitos na mesma seleção.
Surpresa
Souza contou que a aprovação no programa foi uma surpresa: “Eu nunca pensei que seria aprovado pelo MIT porque nunca vi alguém de uma universidade tão pequena conseguir”.
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que selecionou Matheus Souza, foi considerado nos últimos cinco anos a melhor universidade do mundo, de acordo com o ranking da QS World University Ranking.
Os registros do programa comprovam que Matheus é o primeiro estudante de uma universidade do Norte do Brasil a ser convocado pelo MIT.
Em Taiwan ele deve passar uma semana ‘imerso’ no programa, das 8h às 22h, recebendo orientações de professores do MIT, empresários, cientistas e pesquisadores. No último dia, os projetos são apresentados para futuros investidores.
O projeto
O trabalho de Matheus busca uma solução para a fome e é dividido em três partes. A primeira consiste na identificação dos focos de fome. A segunda etapa quer estabelecer parcerias público-privadas para tentar angariar alimentos e fazer a redistribuição. A ideia é usar dados para prever o histórico de vendas em mercados e formar uma parceria para que os alimentos que não serão vendidos sejam doados antes do vencimento.
A etapa final, que será desenvolvida no bootcamp, é descobrir como tornar as doações interessantes monetariamente para os mercados. Além disso o estudante deverá desenvolver uma forma para que as pessoas que hoje sofrem com a fome se tornem agentes contra ela e contra a pobreza. “Esse é o desafio que o MIT topou desenvolver comigo. Por isso ireia passar uma semana lá desenvolvendo a terceira parte desse projeto. Ao meu ver é a mais importante”, afirmou.
Campanha para arrecadação de fundos
Para conseguir o dinheiro necessário para a viagem, o jovem faz campanha de arrecadação na internet. Pelos cálculos do estudante é preciso arrecadar R$ 35 mil. “Se não conseguir o dinheiro, não tenho como ir”, afirmou. Na página montada por ele é possível conhecer detalhes sobre o custo do programa e informações sobre as doações. Interessados em ajudar podem doar a partir de R$ 10.