Educadores desenvolvem material didático sobre ‘como abordar temas indígenas na escola’

As apostilas e guias do projeto Kurumi, já beneficiaram mais de 150 educadores e 4.500 alunos indiretamente.

O Brasil é Terra indígena’. Essa tem sido a frase latente dos especialistas, indigenistas e indígenas que lutam por respeito a sua terra, cultura e povo. Mas como tornar esse assunto comentado e respeitado pelas próximas gerações? 

A história do Brasil propagada nas escolas pouco conta sobre os povos indígenas que viveram no país antes do período colonial e que resistem. Pensando nessa grande lacuna literária e em como a imagem dos povos indígenas no ensino sofre com estereótipos, o projeto ‘Kurumi’ nasceu. 

Kurumi é um coletivo de arte-educadoras em retomada de raízes indígenas que surgiu após interações da arte-educadora Aiyra Laura Tomé na aldeia do povo Xukuru Kariri, em Palmeira dos Índios, no Estado de Alagoas, enquanto compartilhava histórias com as crianças do coletivo Wetçamy.

Em 2022, em parceria com o historiador e descendente do povo Xukuru-Ororubá, Leonardo Alves, Aiyra lançou a primeira edição da apostila ‘Como abordar temas indígenas na escola’, um guia destinado a auxiliar os professores na implementação de atividades, que abordem a rica diversidade cultural indígena do Brasil.

Hoje, a equipe do projeto é formada por mais dois membros: a educadora Natalia Vieira, o ilustrador e quadrinista Kuriporã e o paraense Victor Laurindo.

Foto: Projeto Kurumi/Cedida

Objetivo na educação 

O principal objetivo é ampliar os horizontes sobre a questão indígena para crianças, promovendo uma educação sensível e inclusiva. O projeto oferece recursos educacionais como livros, guias e apostilas. A ideia é ser uma ponte entre os educadores e as culturas indígenas.

Segundo a equipe, o Kurumi pretende ser referência em didática com ênfase no respeito cultural e produção de conteúdos que desconstruam estereótipos e ampliem a representação nas mídias.

Foto: Projeto Kurumi/Cedida

Kurumi na Amazônia

Na região amazônica, o projeto tem ajudado vários educadores e alunos. A equipe informou que o Pará lidera aquisições dos materiais didáticos especiais, registrando 5,26% das vendas, seguido do Amazonas com 4,74%, Amapá com 3,16%, Roraima com 1,58% e Rondônia com 0,53%.

Grande parte foi adquiridas por professores indígenas e escolas localizadas em contextos aldeados. Isso porque elementos como o mapa criado pelo projeto, que mostra a distribuição dos povos indígenas no Brasil, tem chamado atenção da população.

Dentre os desafios enfrentados, a equipe destaca os obstáculos financeiros e resistência por parte de alguns educadores que se mostram relutantes em alterar suas percepções sobre os povos indígenas. Além da dificuldade em encontrar material indígena como referência para a produção do material didático.

Foto: Projeto Kurumi/Cedida

Para conhecer mais sobre o projeto Kurumi acesse o site oficial: www.projetokurumi.com.

*Por Karleandria Araújo, sob supervisão de Clarissa Bacellar

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