Cine ODS transforma realidade em cinema na Zona Norte de Manaus

Primeira oficina do projeto Cine ODS forma novos realizadores com filmes sobre meio ambiente, lixo e futuro distópico.

Grupo trabalha com ODS em curtas-metragens. Foto: Divulgação

Na comunidade São Paulo Apóstolo, localizada no bairro Monte das Oliveiras, Zona Norte de Manaus (AM), mulheres, jovens e idosos se reuniram entre os dias 14 e 19 de julho para transformar histórias da própria realidade em curtas-metragens com forte apelo social e ambiental. Foi a primeira oficina do Projeto Cine ODS, idealizado e coordenado pelo cineasta Anderson Mendes, que promove oficinas práticas de audiovisual com uso de celular, articulando a linguagem cinematográfica aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Durante 20 horas de atividades, os alunos — muitos deles estreantes no universo do cinema — participaram de aulas sobre roteiro, produção, arte, figurino, técnicas de teatro, gravação, operação de câmera e edição. O resultado desse processo foram quatro curtas-metragens inéditos, todos produzidos de forma coletiva e com base em temáticas vividas pela própria comunidade:

  • 🎬 “O Suspiro”,
  • 🎬 “ConscientizAÇÃO”,
  • 🎬 “Quando o Igarapé Chora”
  • 🎬 e “Salve o Lago”.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

A mostra de encerramento aconteceu no dia 19 de julho e reuniu moradores, familiares, alunos e cineastas convidados, como Jorgemar Monteiro e o diretor de fotografia Alexandre Pinheiro, que assistiram e avaliaram os filmes. “Fiquei muito impressionado com ‘Quando o Igarapé Chora’. É um filme que emociona porque fala com verdade. E quando a verdade vem da experiência vivida, é impossível não se conectar”, afirmou o cineasta Jorgemar Monteiro.

Já para Alexandre Pinheiro, o destaque foi o filme “O Suspiro”: “A proposta estética do curta, com um tom distópico, é muito ousada. Para um trabalho feito em oficina, com celular, e com tão pouco tempo de preparação, é surpreendente o nível de entrega”.

Uma das alunas que emocionou o público foi Ioná de Souza Lima, de 62 anos, roteirista, produtora e atriz do filme “Quando o Igarapé Chora”. “Nunca pensei que faria um filme e ainda atuaria! Estou muito orgulhosa. Contar a história do lixo no igarapé do Passarinho é importante porque isso já aconteceu comigo, já vi a rua alagar por causa de lixo. A gente vive isso aqui”.

A jovem Brenda Cristyne, que escreveu e dirigiu “O Suspiro”, também falou sobre a experiência: “Foi incrível poder escrever e dirigir um filme sobre um futuro distópico. Eu nunca tinha dirigido antes e agora já quero fazer mais”.

Sua colega de equipe, Letícia Silva de Sousa, que produziu e atuou no filme, completou: “Fiquei muito feliz com meu papel. Foi uma experiência nova, e mesmo com dificuldades, conseguimos criar algo lindo”.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que significa ESG?

Ao final da mostra, todos os participantes receberam seus certificados em uma celebração marcada por emoção e reconhecimento. “O Cine ODS tem como missão democratizar o acesso à produção cultural e ao mesmo tempo promover uma educação ambiental transformadora. A escolha de trabalhar com os ODS e usar o celular como ferramenta principal é estratégica: aproxima, empodera e engaja a juventude e a comunidade”, destacou o coordenador Anderson Mendes.

A equipe de educadores foi formada por profissionais com décadas de experiência no audiovisual e nas artes. A psicóloga e atriz Keylla Gomes, atuante há mais de 25 anos, celebrou a potência da turma: “Foi emocionante ver como cada um encontrou sua voz criativa. Trabalhar com essa turma me lembrou do porquê escolhi ser arte educadora”.

A historiadora e produtora cultural Francy Junior, com 30 anos de trajetória, reforçou: “Eles não apenas aprenderam técnicas, mas contaram suas verdades. Isso é cinema de raiz”.

O jornalista e radialista Adailton Santos, também parte da equipe, complementou: “Essa oficina foi um sopro de esperança. A periferia tem potência criativa e precisa de oportunidades como essa”.

Agora, o Cine ODS segue sua jornada. A segunda oficina já tem data marcada e acontecerá entre os dias 21 e 26 de julho, desta vez na Paróquia da Igreja de Santo Antônio, no bairro de Santo Antônio, zona oeste da cidade. A oficina será realizada de forma presencial e online, ampliando ainda mais o acesso à formação audiovisual na capital amazonense.

Os filmes produzidos durante a primeira oficina já estão disponíveis no YouTube e podem
ser assistidos no link:

CINE ODS é um projeto contemplado através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, por meio do Conselho Municipal de Cultura – CONCULTURA, Manauscult, Prefeitura de Manaus, Ministério da Cultura e Governo Federal. Tem o apoio institucional da comunidade São Paulo Apóstolo, Paróquia Santo Antônio Arquidiocese, Fundação Rede Amazônica, Movimento das Mulheres Negras da Floresta – Dandara, Ykamiabas Produções, Mk Produções, Branca3 Filmes e Feitoza Mídias.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade