Retração da construção civil gera queda na demanda de insumos

A retração na demanda da construção civil gerou menor extração dos minérios utilizados no processo de edificação, no último ano. Os Indicadores de Desempenho da Suframa mostram que no período de janeiro a novembro de 2016 o subsetor do Polo Industrial de Manaus (PIM) classificado como mineral não-metálico registrou queda de 55,54% no faturamento em comparação a igual período de 2015.

Conforme o Departamento Nacional de Produção Mineral no Amazonas (DNPM-AM), a exploração mineral do Estado, no caso dos não-metálicos, está paralelamente condicionada ao desenvolvimento dos setores imobiliário e de engenharia civil, onde os recursos minerais são empregados.

De janeiro a novembro de 2016 o setor registrou faturamento de R$64,7 milhões, resultado 55,54% menor que o registrado no ano anterior quando o saldo chegou a R$145,5 milhões.

De acordo com o geólogo do DNPM, Gert Rodolfo Woeltje, os minerais não-metálicos (que não contêm propriedades de metal em sua composição) são empregados na construção civil. Fazem parte desse segmento os seguintes minérios: granito, seixo, areia, calcário, ferro, argila, gipsita e água mineral. Dentre todos os minerais, o geólogo destaca apenas a água mineral como o recurso diferenciado dentre os demais por ter uso direcionado ao consumo humano. 

Foto: Reprodução/Shutterstock
Woeltje explica que devido à crise econômica, a indústria da construção civil assim como as imobiliárias enfrenta um desaquecimento. Os problemas econômicos, segundo ele, justificam a menor extração e faturamento do setor mineral. “Vemos noticiários diários que mostram o menor poder aquisitivo do brasileiro decorrente do desemprego.

No caso do Amazonas, a economia está diretamente ligada ao PIM, à produção industrial. Se não há demanda para novas obras, seja como reparo de vias, obras públicas ou construção imobiliária, consequentemente não haverá extração dos recursos minerais utilizados no processo”, explica.

Segundo o geólogo, os principais locais onde ocorrem as extrações dos minérios são: granito – na região do alto Rio Negro em Novo Airão, Barcelos e Presidente Figueiredo; seixo – leitos de rios como Uatumã, nas cabeceiras do Rio Branco e em Novo Aripuanã; areia – extraída na BR 174, na AM-010 e AM-70; calcário, gipsita e ferro – explorados em Uatumã e em Urucará, usados na fabricação do cimento; argila – extraída nos municípios de Iranduba e Manacapuru. “A água mineral, o calcário, a gipsita e o ferro compõem o setor dos minerais não metálicos de uso industrial”, informa o geólogo.

Na avaliação do presidente da  Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), Romero Reis, o mercado imobiliário por meio das incorporadoras, em 2016, privilegiaram as vendas dos imóveis que estavam em estoque, consequentemente o nível de lançamentos diminuiu.

“Com certeza, se não houve lançamentos, logo não houve extração dos insumos necessários à construção. Tivemos uma queda de 80% nos lançamentos em relação a 2015”, informou o presidente.

Reis acredita que neste ano a situação será diferente, com melhores índices produtivos para a construção civil e o segmento imobiliário. “Em 2017 o mercado deverá voltar com uma nova tônica devido aos ajustes econômicos. Certamente os lançamentos vão acontecer e superar o ano anterior. A economia voltou a ter viés de estabilidade e acredito que a partir do segundo semestre tenhamos melhores resultados”, comentou.

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