A busca por novas tecnologias, novos produtos e novos processos, é constante para os profissionais da área de engenharia e arquitetura. O desafio começa na elaboração do projeto. Hoje a tecnologia Building Information Modeling (BIM – Modelagem de Informações da Construção) é a maior ferramenta em desenvolvimento e que já está sendo utilizada por vários profissionais do setor da Construção Civil, visando evitar o retrabalho das tarefas.
De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Amazonas (Sinduscon-AM) alguns países, mais desenvolvidos, adotaram essa ferramenta como condição essencial de trabalho. E por falar em novidades, o que vem por aí está deixando ansioso o mercado ‘ecologicamente correto’ com a possibilidade de poder escolher um cimento sem água, mais barato e que emite menos CO², ou ainda, uma telha sustentável feita com fibras da Amazônia. E, quem diria, prédios antiterremoto baseados na estrutura natural do coco.
Essa tecnologia BIM faz todos os cruzamentos, todas as avaliações e interferências de projetos de forma a obter orçamentos mais precisos, sem a necessidade de refazer tarefas. “A busca é constante em relação a novos processos, novas tecnologias e novos produtos de forma que as tarefas de construção sejam mais rápidas e com melhor qualidade. Hoje está muito bem direcionada pelo projeto digital, criado através do BIM”, garante do Carmo. Brasil e Reino Unido, no dia 7 de dezembro, assinaram um termo de cooperação para o uso da metodologia BIM em obras públicas brasileiras.
O papel do Sinduscon-AM além de promover Segurança e Tecnologia & Inovação, também fomenta a disseminação das novidades do mercado da Construção Civil. “E nós, como entidade, temos trabalhado neste item Inovação através de cursos específicos voltados para Tecnologia de Concreto e tudo que é feito através de equipamentos novos, tanto na área de orçamento como na área de tecnologia e, ainda, disseminar essas informações”, reiterou o presidente.
O que vem por aí
Cimento carbonatado é um produto que não requer água, é mais barato e emite menos CO2. Desenvolvido na Universidade Estadual de Oregon, nos EUA, pelo professor Jason Weiss, o novo material foi batizado de Carbonated Calcium Silicate-based Cement (CCSC – cimento de silicato de cálcio carbonatado). “À primeira vista este novo produto se parece com o concreto convencional, mas ele tem propriedades que devem fazê-lo durar mais tempo em algumas aplicações. Além disso, seu uso poderia reduzir as emissões de dióxido de carbono, que é um objetivo importante da indústria do cimento”, explicou.
De acordo com Weiss, o novo cimento está pronto para ser usado em produtos de concreto pré-moldados, que podem ser criados em uma fábrica e transportados para o local onde serão utilizados. “Um uso mais generalizado poderá demorar mais tempo, já que a carbonatação exige um aparato mais complicado do que uma mangueira jorrando água sobre a massa, como botijões com CO2 sob pressão”, informou.
Segundo Weiss, se for amplamente adotada, uma nova abordagem para a fabricação de cimento poderá reduzir, significativamente, as emissões de gases de efeito estufa, diminuir o consumo de água e ajudar a lidar com o aquecimento global, além de produzir um concreto mais durável e de custo mais baixo. “Os pedreiros vão estranhar bastante, porque o novo tipo de cimento ganha resistência através da carbonatação, e não da sua mistura com água”, disse.
Ecotelha
A ecotelha é uma telha sustentável feita com fibras da Amazônia. Está sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), mas ainda depende de financiamento para a produção em larga escala. O protótipo da telha ondulada será concluído em um ano. Fruto de mais de uma década de pesquisas, a telha ecológica é um produto com a marca da sustentabilidade. Na composição, aparecem fibras amazônicas, como a malva e a juta, associadas a resíduos cerâmicos e pequena quantidade de cimento.
A inovação está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências (PPGEC) da Ufam. O trabalho envolve quatro estudantes do mestrado em engenharia civil e um graduando em administração. O coordenador da equipe, professor João de Almeida, destaca a função da Universidade como local para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras: “A Ufam é um grande centro de pesquisa na Amazônia Ocidental. Há diversos pesquisadores que trabalham com afinco, e a relevância está em mostrar ao mundo que aqui se faz pesquisa com muita seriedade e dedicação”, disse.
A ecotelha tem uma composição, que segundo o pesquisador, dá mais resistência ao material e pode melhorar a sensação térmica nas residências localizadas nas regiões mais quentes do país. “Além de ter menos cimento em sua constituição, ela tem também areia, que se torna um material mais barato, além das fibras naturais. A matriz que utiliza o cimento é muito frágil e as fibras naturais é que vão dar a verdadeira resistência a esse material”, afirma Almeida.
Atualmente o projeto recebe o apoio apenas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que concede R$ 50 mil para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Prédios antiterremoto Engenheiros e cientistas da Universidade de Freiburg, na Alemanha, juntaram-se para explorar a estrutura natural do coco em benefício da arquitetura e da construção civil.
Coqueiros podem ter 30 metros de altura, o que significa que, quando os cocos maduros caem no chão, suas paredes têm de suportar o impacto para que eles não rachem. De acordo com o pesquisador Stefanie Schmier, para proteger a semente, dentro do coco tem uma estrutura complexa formada por três camadas principais: a casca externa que lembra a estrutura do couro, um mesocarpo fibroso e um resistente endocarpo interno em torno da polpa que contém a plântula em desenvolvimento.
“Analisando o comportamento de fratura das amostras e combinando isso com o conhecimento sobre a anatomia da casca obtida por microscopia e tomografia computadorizada, estamos identificando as estruturas mecanicamente relevantes para absorção de energia,” explicou o membro da equipe alemã.
Essa estrutura do tipo “duro na queda” promete suportar terremotos de alta magnitude, mas ainda está em fase experimental. O homem do século 21 voltou a buscar na natureza, inspiração para solucionar problemas causados por catástrofes naturais. Vamos aguardar os resultados.