Mosca da carambola é ameaça a produção de frutas na Região Norte

As frutas são essenciais para uma alimentação saudável e equilibrada. Mais do que isso, a produção e o comércio delas são de grande importância para a economia brasileira e dos estados produtores. De excelente qualidade, produzidas com reduzido teor de defensivos agrícola, já que as áreas de plantio apresentam baixa incidência de praga, as frutas do Pará têm mercado comprador nacional e internacional garantido. Mas uma ameaça pode trazer sérios impactos para esta importante cadeia produtiva: a Bactrocera carambolae (Tephritidae), popularmente conhecida como mosca da carambola.

Mosca da carambola ameaça produção de frutas e comercialização. Foto: Divulgação

A Tephritidae é considerada uma das espécies de moscas-das-frutas de importância econômica prejudicial à fruticultura mundial. Ela ataca várias espécies frutíferas, como carambola, manga, caju, laranja, grape-fruit, tangerina e jambo vermelho, entre outras. Os danos causados podem ser observados diretamente nos frutos, onde os insetos depositam os ovos. As larvas perfuram e destroem a polpa do fruto, tornando-os impróprios para o consumo. Além disso, a praga induz à maturação precoce, queda e apodrecimento do fruto, acarretando grande redução da produção.Os prejuízos podem causar forte impacto socioeconômico, já que a fruticultura nacional tem grande importância para a economia do país, com diversos produtos integrando a pauta de exportação – os países que compram produtos do Brasil não aceitam frutos de regiões onde há a presença da mosca da carambola. Além de problemas na exportação, há ainda o aumento no uso de agrotóxicos, com o consequente alta no custo de produção.LocalizaçãoAtualmente, a mosca da carambola está restrita ao Estado do Amapá, mas por fazer fronteira com o Pará, o risco de contaminação é iminente. Em função disso, diversos estados do Norte e Nordeste, entre eles o Pará, mantêm ações de monitoramento, fiscalização do trânsito de frutos hospedeiros que vem do Amapá, sobretudo nos municípios de Breves e Almeirim, além de educação sanitária. O objetivo é atuar de forma preventiva, para que a praga não entre em território paraense.Em 2016, mais de seis mil ações de monitoramento da mosca da carambola foram realizadas em todo o Pará por fiscais e técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adepará), órgão responsável pelo monitoramento da praga. As ações estão vinculadas ao Programa Nacional de Erradicação da Mosca da Carambola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).As ações foram realizadas, sobretudo, no distrito de Monte Dourado, no município de Almeirim, que faz divisa com Laranjal do Jari, no sul do Amapá. Os dois municípios são divididos apenas por um rio, por onde transitam centenas de pessoas. “O risco é grande exatamente por serem cidades muito próximas. A população atravessa de ‘catraia’, espécie de embarcação pequena, em uma viagem que não dura mais do que cinco minutos entre uma cidade e outra”, explica o diretor de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Ivaldo Santana.Se a mosca sair do Amapá e se espalhar para outros estados, o Brasil e muitos produtores rurais podem ter grandes prejuízos, pois não poderão vender os frutos, gerando desemprego e perda de renda para produtores e comerciantes. Atualmente, é proibido por lei o transporte e o comércio de frutos hospedeiros de regiões infestadas para locais livres da praga. Quem transportar ou vender esses frutos nas regiões com presença da mosca da carambola pode sofrer penalidades.Como a mosca se multiplicaA mosca fêmea cruza com o macho e bota os ovos, muito pequenos, dentro dos frutos. Dos ovos nascem as larvas (bichos-da-fruta) que se alimentam da polpa estragando os frutos. Após a queda do fruto, a larva se enterra no chão, transforma-se em mosca e sai voando em direção aos frutos que ainda estão no pé. Com trinta dias de vida, a fêmea fertilizada começa a colocar seus primeiros ovos nos frutos hospedeiros. Na busca por um local onde depositar seus ovos, a mosca da carambola consegue voar até cinco quilômetros.O que se pode fazer para acabar com a mosca da carambola1. Não transportar frutos de locais infestados para outras áreas. Os frutos podem estar com ovos ou bicho-da-fruta, que vão se reproduzir e infestar outras regiões, causando sérios prejuízos para todos.2. Colher os frutos maduros, recolher os caídos no chão e colocar em sacos plásticos fechados. Deixar por sete dias ao sol e depois enterrar. Somente assim é possível destruir os ovos e larvas que possam estar ali dentro. Os frutos maduros ou caídos no chão devem ser enterrados em covas com pelo menos 20 cm de profundidade.3. Não mexer nas armadilhas colocadas em caramboleiras, mangueiras, jambeiros e goiabeiras, que servem para indicar a existência da mosca em sua cidade. Armadilhas McPhail capturam as fêmeas e armadilhas Jackson capturam os machos.4. Avisar imediatamente as autoridades do município ou do estado se notar ou souber da existência da mosca da carambola na sua comunidade.5. Repassar as informações para outras pessoas, para que elas ajudem a combater a mosca da carambola. Todos precisam colaborar.

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