Ser romântico em tempos de crise econômica colocou o estudante amazonense Renato Clisthenes dos Santos Miranda em um beco aparentemente sem saída. Com poucos recursos, mas muita vontade de surpreender a esposa, Juliana Maia Carvalho Miranda, no Dia Internacional da Mulher ano passado, Miranda buscou por alternativas e inspirações pela internet. Foi quando encontrou um buquê que ao invés de flores, era recheado com chocolates. O que ele não imaginava era que o presente até então inusitado se transformaria em fonte de renda: o Buquê de Comer.
“A ideia surgiu ano passado porque eu estava em um momento de baixa realmente, a crise pegou de 2015 pra cá e ficou bem difícil. Achei a ideia na internet e em casa comecei a produzir seguindo o passo a passo. Quando fiz e entreguei para a minha esposa, a minha sogra adorou e disse que eu estava perdendo dinheiro”, contou ao Portal Amazônia.
Até então empregado, o estudante de Direito ficou com o comentário da sogra em mente. “Na verdade, era tabu para mim trabalhar com artesanato, mas guardei aquilo”, revelou. Com família em Parintis, município do Amazonas conhecido pelas grandes produções do Festival dos Bois-bumbás, Miranda descobriu outras habilidades artísticas que atribui ao “sangue parintinense”. “Em junho, para o dia dos namorados daquele ano, fiz uma flor pra ela, em papel crepom italiano e vi que tinha habilidades com isso. Minha família toda é de Parintins e minha tia diz que parintinense ja nasce fazendo arte”, comentou.
Miranda contou ainda que um dos tios é envolvido diretamente com o festival e que sempre o ajudou em trabalhos escolares. “Muitas dicas e macetes peguei ali, naquela época”, lembrou.
Fora do mercado há algum tempo e depois de várias tentativas, o casal precisava de algo que desse algum retorno, uma vez que Juliana está grávida. “Como ela está grávida de uma menina, resolvemos fazer o chá de bebê com o tema jardim e produzimos flores gigantes com o papel 180 gramas. Minha esposa, olhando a nossa situação, vendendo refeições sem retorno, lembrou do buquê que eu havia feito e pensou que isso seria uma oportunidade”, contou.
Ajuda das mídias
Para saber se a ideia seria bem aceita, há pouco mais de um mês o casal então produziu uma amostra e criou um perfil no Instagram. “Fizemos um teste e publicamos. Assim que postamos, um cliente pediu já para a manhã seguinte. Foi quando nos olhamos e entendemos que aquela era uma grande oportunidade”, disse. Assim, às 10h do dia 17 de março o primeiro Buquê de Comer foi entregue em Manaus.
Atualmente, a página já conta com mais de 5,5 mil seguidores. “Sempre tivemos algum empreendimento com vendas diretas e a mídia social sempre foi uma boa ferramenta pra gente. Confesso que com esse tipo de negócio foi bem mais aceito pelo público e fazemos um trabalho de marketing ligado a isso, o que ajuda bastante”, explicou.
Segundo o estudante, um pouco mais de um mês, cerca de 25 buquês já foram entregues. “A gente procura atender da melhor maneira. Se querem que a gente entregue pessoalmente, fazemos isso. Brincamos que é o serviço cupido, com a entrega direto para a pessoa amada”, comentou.
Com a prática, Renato Miranda explicou que passou a produzir os buquês com mais rapidez. No início, um buquê era produzido em até três horas. Agora, com a maior organização e preparação antecipada do material necessário, leva no máximo 45 minutos.
Buquê salgado?
Apesar do grande destaque do Buquê de Comer ser o chocolate, o casal também oferece os buquês com salgadinhos como a coxinha, bolinhas de queijo, de carne, etc. “Já era uma ideia, mas a gente precisava do primeiro cliente, que não aparecia. Então fizemos um para marketing mesmo e após a primeira postagem, também surgiram as encomendas”, revelou Miranda. Ele explica ainda que há também a opção de misturar salgado com chocolate em um mesmo buquê.