Indústria responde pela alta no desemprego em 2015

MANAUS – Em outras palavras, nos últimos 12 meses, o Polo Industrial de Manaus (PIM) foi responsável por 74,7% das demissões que aconteceram em todo o Estado. Os dados são do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (CAGED), divulgados na última quintafeira (21) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).Segundo os números, ao longo de todo o ano passado a Zona Franca de Manaus formalizou 65.467 demissões na indústria, enquanto foram abertas apenas 37.794 novas vagas. Na comparação com acumulado do mesmo período do ano anterior, o nível de empregos no PIM caiu 20,68%. Entre janeiro e dezembro de 2014, o saldo de empregos no PIM foi de -6.103 vagas, com um total de 56.398 admissões e 62.501 demissões.
Somente no último mês de 2015, a indústria de transformação do PIM demitiu 6.767 trabalhadores e abriu somente 864 novas vagas, fechando com um saldo negativo de 5.903 empregos. Para Wilson Périco, presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), o resultado já era esperado e é reflexo da situação econômica do país que traduz uma falta de confiança tanto no mercado interno, com os consumidores, quanto com os investidores.
“Não é novidade. A indústria,em todo o país sofreu muito em2015. A economia do Amazonas está muito calcada na atividade industrial e o sofrimento que temos tido nos últimos dois anos – e se acentuou no anopassado – não é novidade para ninguém”, afirmou. 
O empresário alerta ainda para o fato de que o desemprego galopante alimenta ainda mais o círculo vicioso da crise, afetando negativamente o consumo das famílias, com reflexos diretos na produção industrial e geração de emprego e renda. “A crise afeta não só o faturamento e arrecadação do PIM, mas também a geração de empregos, que é o que mais nos preocupa. A queda no número de empregos afeta tremendamente o consumo. As pessoas que perderam o emprego perderam também o poder de compra. As pessoas que ainda estão empregadas não têm a tranquilidade e a segurança de que continuarão empregadas no curto e médio prazo. As pessoas estão comprando os gêneros de primeira necessidade, que não são os produtosque nós produzimos aqui e o reflexo é este dado do CAGED”, ressaltou.
Demissões devem continuar Wilson Périco afirma ainda que a expectativa para 2016 não é diferente. Segundo ele, a falta de medidas efetivas do Governo contra as dificuldades economias, além dos gastos exagerados, abalam a confiança dos consumidores e dos investidores sobre a capacidade de o país superar a crise – o que poderá causar ainda mais demissões na indústria.“Não há nada que nos permita ter otimismo. Não há uma medida, por parte do governo, neste sentido. O governo gasta muito e gasta mal. Ao invés de anunciar corte de despesas anuncia cortes no orçamento. O governo não dá sinais sobre quais são os rumos que se quer para a economia nacional, então dificilmente o governo vai resgatar a confiança interna e dos investidores para rever este cenário no curto e médio prazo”, finalizou.Outros setoresNo acumulado dos 12 meses de 2015, os setores da construção civil (-8,55%), comércio (-0,83%) e serviços (-3,17%) também registraram quedas no nível de empregos no Amazonas na comparação com 2014. No caso do varejo, nem mesmo as tradicionais contratações temporárias salvaram os empregos, já que em dezembro foram perdidas 144 vagas (com 3.528 admissões e 3.672 demissões formalizadas).Ainda pelos números do CAGED, somente o setor agropecuário gerou empregos em 2015 (+11,01%). No total, foram 2.587 contratações com carteira assinada no segmento rural contra 2.159 desligamentos ao longo de todo o ano, o que deixou um saldo positivo de 428 vagas.No total, o Amazonas formalizou, em 2015, 209.470 demissões contra 172.437 admissões. O saldo do ano para o estado foi de 37.033 vagas formais de trabalho fechadas, número que representa uma queda de 7,89% no nível de emprego na comparação com o ano anterior.
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