De acordo com o agrônomo Rafael Moyses Alves, pesquisador da Embrapa no Pará, a introdução do girassol na região de Paragominas iniciou há mais de 5 anos. Ele afirma que os benefícios do cultivo desse grão são inúmeros, tanto econômicos quanto ambientais. “O girassol é a safrinha do produtor, complementa a renda e traz maior proteção ao solo no período de dezembro a julho na região”, destaca.
A safrinha representa toda e qualquer produção que se faz na entressafra das culturas principais. O girassol, portanto, ocupa as áreas após a colheita da soja até o novo plantio anual. “É a nossa opção de safrinha, que produz óleo e ração animal”, complementa Bazílio Carloto, presidente da Coopernorte, cooperativa agroindustrial que reúne produtores de grãos da região de Paragominas.
Além do óleo, o girassol produz farelo, semente e silagem. “Como a planta tem um alto teor de proteína, a silagem, por exemplo, tem se mostrado bastante eficiente na alimentação do gado na entressafra do pasto”, diz o pesquisador Rafael Moyses Alves.
Resultados positivos atraem agricultores
Na área da Coopernorte, em Paragominas, a Embrapa está realizando experimentos com o cultivo do girassol rotacionado com outros grãos desde 2014. O principal resultado desse trabalho foi a recomendação da BRS 323, uma cultivar de girassol adaptada a diferentes condições climáticas, e entre elas, as do estado do Pará.
Rafael Moysés afirma que essa variedade associa produtividade com precocidade, ou seja, “além de mais produtiva, ela inicia o período do florescimento, na nossa região, antes dos 50 dias, o que é uma vantagem frente às outras regiões quando período varia de 50 a 60 dias”. Essa precocidade é mais uma vantagem para o cultivo desse grão na entressafra.
“Como o girassol é uma cultura que tolera um pouco mais de seca, ela se beneficia do que chamamos de janela de clima, no final do período chuvoso”, ressalta o especialista. Ele explica ainda que a rotação da soja e do milho com o cultivo do girassol “quebra” ciclos de pragas, ou seja, impede que as pragas que atacam as culturas principais permaneçam entre uma safra e outra.
Para Bazilio Carloto, presidente da Coopernorte, os trabalhos da Embrapa na área da cooperativa são fundamentais para gerar informações seguras ao agricultor. “A pesquisa vai na frente e o agricultor atrás. Eu mesmo já tive perdas com experimentos que faço em minha área e a validação da Embrapa é algo necessário ao produtor”.
A cooperativa tem 56 cooperados e três anos de atividade no pólo de grãos de Paragominas, que abrange sete municípios da região Nordeste Paraense. Na última safra, de acordo com Carloto, passaram dois milhões e cem mil sacas de grãos pelos sete armazéns da cooperativa. “Nosso objetivo é verticalizar a produção cada vez mais”, finaliza o agricultor.