Espaço aberto para novos negócios em Manaus

 

Mesmo com o inchaço de alguns segmentos de serviços e comércio, muitos desses abertos após demissões ou períodos de crise, o mercado de Manaus ainda está longe das temidas ‘bolhas’. Especialistas e empreendedores afirmam que há espaço para cada vez mais investimentos, seja em serviços domésticos ou nos modernos home offices e startups digitais. Mas para esses trabalhadores autônomos não basta ter apenas vocação. Acompanhamento profissional e um bom marketing garantem a sobrevida de muitas dessas ideias.

Consultoria necessária

Pesquisas indicam que 46% das MPEs no Brasil fecham antes de completar três anos de operação, por isso, procurar um profissional de contabilidade desde o início é uma das sugestões do bacharel em ciências contábeis e proprietário do escritório J.L. Contabilidade & Advocacia, Jonas Barbosa. “É uma premissa para todo negócio. A assessoria de um profissional evita que boas ideias sejam desperdiçadas. Desde o berço até o fechamento, o acompanhamento de um contador pode evitar prejuízos à empresa, não importa o porte do empreendimento”, resume. 

Foto: Reprodução/Shutterstock

Consertos delivery

Contrariando opiniões de amigos que não viam futuro no negócio escolhido, o autônomo Ednilson Pereira Júnior, investiu todas as economias e as indenizações de fim de contratos de trabalho para abrir uma borracharia móvel. “Já havia planejado tudo, mas faltava dinheiro e capacitação. Em 2014, ao ser demitido de um terminal de cargas, tive o dinheiro suficiente para dar o pontapé inicial na borracharia.

O maior incentivo veio de professores e colegas do curso de administração. A princípio tive vergonha, mas todos perceberam a necessidade de um serviço assim em Manaus e levei em frente”, conta. A crise e o cansaço obrigaram Ednilson a deixar o curso. “Não via como continuar e o dinheiro tinha um destino. Antes da borracharia, já havia comprado uma pick-up usada de meu pai e em pouco tempo, trabalhando 24 horas diárias, tinha todo o equipamento necessário.
 
Com os lucros, comprei duas motos e conto com dois colaboradores”, disse o empreendedor formado em mecânica pelo Serviço Nacional da Indústria (Senai). Mesmo com outros investindo no mesmo serviço, Júnior não teme a bolha. “Procuro me diferenciar e até vejo a concorrência como uma coisa boa. Inclusive, quando não tenho como atender a um cliente, chamo um concorrente para isso. Esse é o meu marketing, além do serviço e produtos de qualidade e valores negociáveis. Tem espaço para todos”, conclui.

Roteiros customizados

Após o desligamento de uma multinacional onde trabalhou por 11 anos, e uma perda familiar, a economista por formação Janaína Bessa resolveu investir em vendas de passagens aéreas, já começando por optar em home office como diferencial. “Investi algumas economias na Fly World, primeira microfranquia de turismo no Brasil. Sabia que não teria retorno imediato, mas após um ano (completado em julho passado). Já nos primeiros meses os números foram além das nossas expectativas, mesmo em uma época de incertezas econômicas”, comenta.

A escolha pelo segmento teve algo pessoal, mas Janaína não dispensou capacitação. “Sempre gostei de viajar, mas não conhecia nada sobre o negócio e a área de atuação. Precisei me capacitar e até hoje busco mais aprofundamento. Isso tem me afirmado no mercado e mesmo com mais gente apostando no segmento, ainda consigo me diferenciar”, ressalta Janaína.

Para a franqueada, a customização de roteiros é o principal diferencial. “Adequamos os planos de viagens à realidade e gosto dos clientes, a única preocupação destes é em embarcar. E mais uma vez nos diferenciamos ao oferecer roteiros religiosos e em algumas vezes atendemos em domicílio. São esses cuidados, mais a capacitação que fazem valer a pena investir as economias”, afirma.

Startups longe da bolha

A discussão sobre uma possível bolha no ecossistema de startups (outro segmento muito procurado em Manaus), apesar de preocupante em outros Estados desde 2012, ainda é assunto um pouco distante da realidade amazonense. Apesar dos inúmeros adeptos e da atratividade, a novidade do modelo pede capacitação, o que impede a inserção em massa de gente que vai na ‘onda’. Mesmo com estes, a natureza do negócio acaba servindo como uma seleção natural, onde os mais capacitados e resilientes sobrevivem.

Para o desenvolvedor Marcelino Macedo, ainda estamos longe do fenômeno bolha. “Temos inclusive mais incubadoras que startups. Os incentivos para o modelo agora parecem criar forma e já temos empresas consolidadas, que superaram os dois primeiros anos, considerados mais críticos”, disse. Essa distância da bolha faz de Manaus um atrativo para novos investidores. “Os eventos voltados a investidores se multiplicam e sabemos que o capital para investir existe”, comenta Macedo.

Segundo Macedo, a preocupação em outras cidades é causada pela proporcionalidade. “Cidades como São Paulo, possuem milhões de habitantes a mais que Manaus. Proporcionalmente, mais pessoas se lançam ao mercado. Aí sim vemos o perigo de uma bolha, um mercado que não terá mais para onde crescer, fazendo com que a qualidade caia e não haja mais investimentos na área”, fecha.

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