Com 2,1 milhões de habitantes, Manaus é a sétima cidade mais populosa do país e figura entre as capitais brasileiras com o maior custo de vida. Itens como alimentação e bebida, moradia e transporte costumam abocanhar boa parte da renda do manauara. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-Am), Francisco Mourão Júnior, distante de grandes centros urbanos, Manaus desembolsa um frete alto para receber produtos que não são fabricados na região.
“Nessa questão temos a produção de alimentos, que não supre a nossa demanda sendo necessário a vinda de produtos de fora e esse processo é encarecido devido a dificuldade logística do Amazonas”, afirma Mourão Júnior.
Segundo o último levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (DIEESE), o consumidor amazonense gastou cerca de R$ 1.042,41 com alimentos que compõem a cesta básica durante dezembro de 2017. Esse valor equivale a aproximadamente 1,11 vezes o salário mínimo bruto, na ocasião fixado pelo governo federal em R$ 937.
Outra explicação, segundo ele, são serviços de transportes e a cobrança desigual do valor de combustíveis em comparação a outras regiões do país. “Se tivéssemos a combinação de metrô e ônibus como em outros Estados brasileiros, poderia se pagar bem menos. Também pesa o fato da Petrobras igualar os preços dos combustíveis a nível mundial, o que aumenta os nossos custos, onde o interior é mais penalizado”, disse o economista.
“Além disso, não temos políticas públicas para desenvolver economicamente a parte regional, o que nos dá a sensação de termos um dos maiores custos de vida do país”, acrescenta.
O especialista defende ainda a abertura da BR-319 como possível alternativa para a região, uma vez que segundo ele, permitiria escoar produção local e receber insumos via rodovia, além de conectar o Amazonas ao restante do Brasil. “Estamos isolados, seria um impacto muito forte e acredito que reduziria em até 40% o custo de vida local, sem contar que traria maior desenvolvimento regional”, frisou.
Em relação a capital amazonense está entre os municípios com maior geração de riquezas no país em 2015, ao atingir R$ 67,1 bilhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mourão Júnior explica que, a maior parte desse recurso não ficou em Manaus.
“Essa riqueza é gerada pelas empresas do Distrito Industrial, que enviam a maior parte dos lucros para suas matrizes no exterior, enquanto, aqui ficam apenas os impostos e a mão de obra”, conclui o presidente do Corecon-Am. A cidade também figura entre os 100 municípios brasileiros com os maiores PIB (Produto Interno Bruto).
Manaus x Belém
Com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) embora o acesso de Manaus seja mais difícil, pois leva em consideração o transporte hidroviário e aéreo em alguns casos, o custo de vida dos moradores locais está bem relacionado com as pessoas que moram na capital paraense, informou o IBGE.
“Os custos de alguns itens são bem parecidos. Alimentação que é um dos maiores pesos no custo de vida, flexionou bem acentuadamente durante o ano de 2017(-4,2%), principalmente a comida feita e consumida em casa. Isso reflete muito porque todas as pessoas, independente de sua condição financeira, fazem uso de alimentação”, ressaltou o supervisor de informações do IBGE-AM, Adjalma Jacques.
Segundo os dados, houve grupos de produtos e serviços que contribuíram para o aumento de inflação como: habitação (6,3%), transporte (5,4%) e educação (6,3%). Mas, no índice geral o indicador de 1,14% em Belém, ficou bem abaixo da média nacional de 2,95%. “Quando acompanhamos na mídia outros indicadores de custo de vida em Manaus, principalmente na questão da alimentação, percebemos que os resultados estão bem próximos de capital paraense”, finaliza. No ano, alimentação e artigos de residência foram os únicos itens que caíram (1,87%) e (1,48%), respectivamente.
Custo de vida é maior nas grandes metrópoles
Numa pesquisa feita pela consultoria Mercer que analisou o quanto um morador desembolsa para viver em algumas capitais brasileiras, Manaus ocupou a segunda colocação no ranking. Na ocasião do levantamento, na capital do Amazonas, o salário médio do trabalhador era de R$ 1.658.
Em relação a comida, o desembolso chegou a 5% superior em São Paulo, que foi considerada a capital mais cara do país pelo estudo. Além da questão geográfica, a diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), foi apontados como fatores que encareceram o custo de vida regional.