Desde essa quinta (16) até amanhã, sábado (18), o Careiro da Várzea estará em festa, pelo menos os moradores do entorno do Lago do Rei e mais as comunidades próximas do Marimba, Cambixe e Terra Nova. É que terminou o período do defeso do aruanã, matrinxã, sardinha, pirapitinga, pacu e em especial do mapará, iniciado no dia 15 de novembro do ano passado e encerrado no último dia 15. Com isso, as famílias que vivem da pesca no lago poderão voltar a praticar a atividade. Cerca de 400 pescadores deverão atirar suas redes de pesca nas águas do lago nesses três dias.
O mapará terá destaque na pesca, “porque é a espécie mais abundante nesse período e, também, a de maior valor comercial, pois tem mercado certo no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, além da Colômbia e outros países fronteiriços”, explicou Osmir Medeiros, assessor de comunicação da Prefeitura do Careiro da Várzea.
A pesca é feita com rede e consiste em cercar um cardume com uma grande rede que vai sendo fechada em círculo deixando o cardume preso em seu interior.
O município, banhado pelo rio Solimões, fica acima de Manaus (observando-se o norte magnético), na altura do encontro das águas. Segundo o censo do IBGE, possuía 28.592 habitantes até o ano passado. É um dos municípios que compõem a Região Metropolitana de Manaus.
Foto: Reprodução/Jornal do Commercio
O gigantesco Lago do Rei é um dos maiores mananciais piscosos da região, por isso a euforia dos pescadores. Além do mapará e das outras espécies protegidas pelo defeso, o lago é rico em piranhas, jaraquis e diversas outras menos apreciadas para consumo. Conta a história que o lago tem esse nome porque na época do império a Coroa Portuguesa mandava buscar nele os quelônios, considerados excelentes, para serem consumidos na Corte.
Neste ano, através de uma articulação entre a Prefeitura do Careiro da Várzea, via secretarias da Pesca e Aquicultura, Meio Ambiente, Turismo e de Obras, em conjunto com associação, colônia e sindicato dos pescadores e das próprias comunidades, além do legislativo municipal por meio dos vereadores ligados a esse segmento, firmou-se um acordo inédito que prevê, entre outras coisas, a proibição da entrada de pescadores de outros municípios e Estados no Lago do Rei, assim como a garantia de compra de tudo o que for pescado nos três dias, além do mapará, por um único comprador, no caso, o Frigopesca, que montou uma grande estrutura de atendimento aos pescadores dentro do lago, com seis barcos frigorificados, e que pagará à vista, R$ 2,50 o quilo, do que for pescado.
“A expectativa é que nesses três dias se consiga pescar em torno de 200 toneladas de mapará, sem falar das outras espécies que vierem na rede. Com isso a previsão é que, com esse evento, sejam injetados nada menos que R$ 500 mil na economia do município, diretamente nas mãos dos pescadores”, calculou Osmir.
Como visitar o município
Quem quiser conhecer o Careiro da Várzea, o acesso é por via fluvial. Em balsas, o tempo médio de viagem é de 1h20, com aporte no km 13 da rodovia BR-319, conhecido como Distrito da Gutierrez. Em lanchas rápidas (voadeiras), o tempo médio de viagem é de 25 minutos até o Distrito da Gutierrez e, de lá, cerca de 10 minutos até a cidade do Careiro da Várzea, que é a sede do município.
Na cidade, para informações, o visitante pode ir direto à prefeitura. O município de Careiro da Várzea foi criado em 30 de dezembro de 1987. São feriados municipais o Dia da Padroeira N. Sra. do Perpétuo Socorro (27 de junho) e Aniversário do Município (30 de dezembro).
Mapará é um peixe saboroso possuindo 20% de gordura
O Mapará (Hypophthalmus edentatus) também conhecido como mapurá, peixe gato, mapará de Cametá ou oleiro, possui carne saborosa e alcança até 3 kg de peso, com um rendimento de filé superior a 60%.
A distribuição do mapará é ampla na América do Sul, incluindo a Bacia Amazônica, a Bacia do Prata, do Orinoco e águas costeiras do Pará (foz do Amazonas) até o Suriname. Na Amazônia Central, além da ocorrência do H. edentatus, são encontradas outras duas espécies do gênero H. marginatus e H. fimbriatus.
“O mapará possui 20% de gordura, enquanto o jaraqui tem cerca de 2%, sendo tido como um peixe semigordo. Contudo, isso não quer dizer que o filé do mapará não seja nutritivo e que ele não possa suprir todas as necessidades nutricionais de um ser humano”, explicou Rogério Souza de Jesus, pesquisador do Inpa.
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O mapará foi durante muito tempo um dos peixes mais abundantes nos rios do Pará, Amazonas e principalmente no Tocantins. É um peixe muito saboroso. Seu sabor assemelha-se ao da pescada branca, porém ele é um pouco mais calórico do que este tendo cerca de 115 calorias a cada 100g.
Fica excelente em preparos com molhos, a milanesa, de forno, moquecas, sendo um peixe muito versátil. Não tendo sabor muito acentuado, combina em diversos preparos. Seu custo é relativamente baixo tornando possível sua compra e seu consumo com frequência.
Na ilha de Saracá, rio Tocantins, Pará, todos os anos, no último dia de fevereiro, os moradores se reúnem para organizar a pesca, que ocorre no dia seguinte. Os pescadores da ilha fazem o bloqueio do mapará umas duas ou três vezes por mês. O trabalho é realizado sempre fora do período do defeso e com redes autorizadas por lei, evitando, por exemplo, o uso de malha fina para não pegar peixe pequeno. O mapará costuma ser vendido numa faixa de R$ 7 a R$ 10 o quilo.
Conhecido por diversos nomes, o Cacicus cela chama atenção por suas características físicas, por ser um "artesão de mão cheia" e também por conseguir imitar o som de outros animais.