Projeto Citros Amazonas

A citricultura do Amazonas apresenta diversos gargalos decorrentes, fundamentalmente, da limitada oferta de tecnologias geradas localmente, comprometendo, dessa forma, seu desenvolvimento sustentável.

A citricultura do Amazonas apresenta diversos gargalos decorrentes, fundamentalmente, da limitada oferta de tecnologias geradas localmente, comprometendo, dessa forma, seu desenvolvimento sustentável. Dentre os pontos de fragilidade, destaca-se a falta de variabilidade genética de copas (a parte aérea da planta, composta de folhas, galhos, flores e frutos e que tem a função de realização da fotossíntese por meio de suas folhas, floração e frutificação) e porta-enxertos (a base de sustentação da copa).

Praticamente, toda citricultura amazonense – e em proporção significativa, a brasileira -, é estabelecida com base na combinação copa x porta-enxerto por meio das variedades laranjeira ‘Pera’ x limoeiro ‘Cravo’, clássica na citricultura brasileira. Avanços de estudos da Embrapa e dos centros de pesquisa paulistas demonstram que a associação desses dois cultivares tem levado à vulnerabilidade biótica (comunidades vivas de um ecossistema) dos pomares face à suscetibilidade a pragas ou doenças que inviabilizam a produção, como também a fatores abióticos (os elementos físicos, químicos ou geológicos do ambiente), provocados por mudanças climáticas.  

Foto: Divulgação / Governo do Paraná

A informação foi extraída de um relatório técnico elaborado sob a coordenação dos pesquisadores José Eduardo Borges de Carvalho, especialista em Manejo de Plantas Infestantes e Coberturas Vegetais, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, de Cruz das Almas, Bahia; Marcos Garcia e Terezinha Garcia, da Embrapa Amazônia Ocidental, e do professor José Ferreira da Silva, da Faculdade de Ciências Agrárias (FCO), da Ufam. O documento sintetiza as ações que vêm sendo empreendidas em relação ao projeto CITROS AMAZONAS, em desenvolvimento desde 2010, que conta com o apoio institucional da AMAZONCITRUS – Associação Amazonense de Citricultores, da Sepror/Idam, da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea) e financiamento da Fapeam.

Dentre os gargalos da citricultura do Amazonas, além das carências de informações técnicas do produtor, o documento aponta o uso indiscriminado de herbicida no controle do mato, provocando contaminação ambiental e elevação do custo de produção. Face aos resultados gerados in loco, já foi possível a redução de 50% do número de aplicações e dos custos com o uso de herbicidas entre 30 a 40% ao longo do ano. Alerta ainda o relatório sobre o uso inadequado do manejo do solo com uso exagerado de gradagens e trânsito de máquinas dentro do pomar.

O CITROS AMAZONAS tem permitido avanços de tecnologias ambientalmente corretas em diferentes vertentes que possibilitem a intensificação do manejo ecológico do pomar, preservação da biodiversidade, contribuindo para geração de emprego e renda no campo. São, com efeito, inúmeros os ganhos ambientais com a adoção de um manejo do solo adequado pelo uso de coberturas vegetais, também chamadas de adubos verdes; indutores de uma melhoria da qualidade e saúde do solo, mantendo-o melhor estruturado pela preservação dos seus componentes agregados.

Os ganhos tecnológicos do projeto têm permitido constatar melhorias consideráveis dos atributos físicos, químicos e microbiológicos das plantas; preservação e otimização dos serviços ecossistêmicos, resultantes da redução do uso de fertilizantes químicos e a ciclagem de nutrientes como o nitrogênio, o mais demandado pela planta cítrica; o cálcio e o potássio, incorporados ao solo em boas quantidades por meio de gramíneas, como as braquiárias. O uso dessas coberturas vegetais, por outro lado, informa o documento técnico, permite um melhor manejo de recursos naturais como solo e água, mantendo o solo fértil. Face ao aumento de matéria orgânica no solo ao longo dos anos de adoção do manejo de coberturas vegetais pelo citricultor, ocorrerá, em resultado, maior sequestro do carbono no compartimento solo, reduzindo as emissões de CO2 para a atmosfera, com forte impacto sobre a redução do aquecimento global e, consequentemente, das mudanças climáticas. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

STF exige regulamentação do poder de polícia da Funai até janeiro de 2025

Na decisão, foi ressaltada a importância da regulamentação para a proteção dos territórios indígenas e que a atuação da Funai não exclui a competência de outros órgãos ambientais, como o Ibama.

Leia também

Publicidade