As conclusões resultam de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, que participaram voluntariamente do estudo.
Lançado na quinta-feira, 8, em Genebra, o 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, ediçãoespecial sobre mudança climática e terra, aponta para a importância de combater o desmatamento, promover recuperação florestal, mudar práticas agrícolas e frear a degradação das terras no mundo inteiro como medidas capazes tanto de combater a mudança do clima quanto de promover a adaptação da sociedade a elas.
As conclusões resultam de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, que participaram voluntariamente do estudo. Segundo o relatório divulgado pelo IPCC, a redução do desmatamento e da degradação tem o potencial de mitigar até 5,8 bilhões de toneladas de CO2 por ano no mundo. O Brasil, que tem a maior floresta tropical do planeta, pode responder por parte importante da redução.
De acordo com diversos analistas comprometidos com o crescimento econômico e social, o Brasil também tem vantagens competitivas e pode se tornar um líder global em produção com redução de emissões, como o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono recomenda.O Plano ABC deve ser entendido como o instrumento de integração das ações dos governos (federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil, para a redução das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes de atividades agrícolas e pecuária.
O IPCC faz um alerta: a demora do mundo em atacar decididamente a crise do clima pode fazer com que as soluções baseadas no uso da terra fiquem menos eficientes, já que o aquecimento da Terra induz à degradação dos ecossistemas e à perda de produtividade agropecuária. O documento destaca como, em uma espécie de círculo vicioso, solos e florestas doentes agravam as mudanças climáticas, que, por sua vez, causam impactos negativos na saúde das florestas e do solo.
O Relatório, em tom apocalíptico, aponta que, “se o aquecimento global ultrapassar o limite de 2º Celsius estabelecido no Acordo de Paris, provavelmente as terras férteis se transformarão em desertos. As infraestruturas vão se desmoronar com o degelo do “permafrost” – tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados -, e a seca e os fenômenos meteorológicos extremos colocarão em risco o sistema alimentar”.